O poema 37 de "O homem ou é tonto ou é mulher", de Gonçalo M. Tavares, começa assim:
Uma vez abri a Bíblia ao acaso e li:Ficamos a saber que de vez em quando lê a Bíblia.
"É inútil ensinar o imbecil."
Noutro momento, o mesmo escritor disse que:
Abrir um livro é muito semelhante a entrar numa igreja.Mas não esclareceu se entrar numa igreja é muito semelhante a ler um livro. Supomos que se trata mesmo de entrar numa igreja e não entrar para uma Igreja. A quantos livros corresponde entrar para uma Igreja?
Gonçalo M. Tavares diz que a sua religião é o novo. Mas com maiúsculas:
A minha Religião é o Novo.Os pecados da religião dele são o velho, o desoriginal? Qual será o pecado desoriginal? O plágio?
De facto, ele reflete sobres os pecados. Todos os escritores são moralistas. Se não fossem, não escreviam. E ele escreveu no "Público" de 3 de janeiro de 2013:
A moral europeia é, em parte, a moral da máquina. É bom aquilo que funciona. É bom, não apenas em termos de eficácia, mas em termos morais.
A noção de pecado socializou-se e entrou na esfera da tecnologia. Alguém que não saiba calcular ou que não domine a última versão do Windows comete um pecado. O pecado maior é a ineficácia. Alguém que não funcione bem torna-se um pecador. Os pecados capitais são agora oito: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça, vaidade e incompetência. O incompetente não entrará no reino da Terra.
Sem comentários:
Enviar um comentário