Mostrar mensagens com a etiqueta Homem. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Homem. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 4 de março de 2014

sábado, 1 de março de 2014

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Bento Domingues: "Código genético (1)"

Texto de Bento Domingues no "Público" de ontem:


1. Fui interpelado acerca do texto do Domingo passado com duas perguntas pouco inocentes: haverá um baptismo para homens e outro para mulheres e será possível abordar o baptismo cristão sem falar da democracia na Igreja?

As tentativas de “resposta” só podem ser de ordem histórica e teológica. Na Idade Média, perante a floresta de símbolos que povoavam o imaginário sagrado do culto, das devoções e superstições, foram recortadas sete celebrações fundamentais, os sete sacramentos. No registo do pensamento analógico, são entendidos como irradiações da Páscoa de Cristo, nas etapas mais típicas e estruturantes da vida sacramental da Igreja. O baptismo é a porta de entrada, personalizada e comunitária, num processo vital da graça transfiguradora da existência humana no seu devir espiritual, do nascimento à morte, na esperança da ressurreição. A omnipresença da graça não suprime a liberdade humana nem o mistério da iniquidade actuante na nossa história.

No código genético cristão, não se conhece um baptismo para homens e outro para mulheres. Sendo assim, elas perguntam: qual é a deficiência natural ou sobrenatural de que sofremos para não podermos ser chamadas a receber o sacramento da ordem integrado pelo diaconado, presbiterado e episcopado?

Referem-se a uma situação de facto na Igreja católica romana e nas Igrejas ortodoxas. Para muitas teólogas e teólogos católicos trata-se de uma anomalia antiga que já vai sendo tempo de superar. Não existe nenhuma maldição de Cristo a dizer que as mulheres ficavam para sempre excluídas da possibilidade de serem chamadas aos ditos “ministérios ordenados”. As Igrejas protestantes, que assinaram o acordo baptismal com a Igreja católica romana e ortodoxa, estão a seguir um caminho diferente.

2. Pode-se falar do Baptismo, sem abordar a questão da democracia na Igreja? Era a segunda pergunta. A democracia não é uma invenção moderna. Amartya Sen (1933 -), considerado o mais humanista dos economistas, presta homenagem à Grécia que, no séc. VI (a. C.), adoptou um sistema eleitoral e cultivou o debate público. Os gregos, aliás, gostavam muito mais do diálogo com os persas, os indianos e os egípcios do que com os godos e visigodos. Alexandre Magno passou mais de um ano na Índia e os intelectuais da época estavam fascinados pelo Oriente que recebeu da Grécia o sistema eleitoral antes da França, da Alemanha ou da Grã-Bretanha. Seis séculos antes da Magna Carta inglesa, o Japão estava dotado de uma Constituição que impunha ao imperador consultas antes de decidir. A Índia vive uma antiga tradição de debate público, onde tudo poderia ser discutido.

A democracia, tal como a conhecemos hoje, é o produto da modernidade, do século das Luzes, sendo a sua história e a sua geografia muito mais vastas e antigas. Sem uma persistente educação para a cidadania e para a tornar uma atitude, uma tarefa permanente, uma forma de vida pessoal nas suas múltiplas relações, acaba por se esvaziar e ficar resumida a alguns momentos rituais que até eles tendem a desaparecer.

Recordo isto para dizer o seguinte: Desde o Vaticano II, os documentos da doutrina social da hierarquia católica, são abundantes e insistentes na defesa da democracia política, económica, social e cultural. O que diz respeito a todos deve ser tarefa de todos, para benefício de todos, segundo as capacidades de cada um. Para serem democráticas, as instituições não devem sufocar, antes estimular, a criatividade social, em todas as suas manifestações. Não podem contribuir para uma sociedade de privilégios, de monopólios, de opressão dos mais fracos pelos mais fortes. Os conflitos são inevitáveis. A controvérsia é normal. Os cidadãos não são clonáveis. A democracia é o regime da cooperação.

Esses documentos rompem com os receios e ataques do magistério eclesiástico do séc. XIX e princípios do séc. XX. A generosidade actual não se estende a uma gestão democrática da Igreja. Repete-se que a Igreja não é uma democracia.

 3. Importa, no entanto, não fechar demasiado depressa esse dossier. A concepção hierárquica neoplatónica vê a Igreja como uma pirâmide, um sistema escalonado: Deus, Cristo, o papa, os bispos, os padres e os diáconos, seguidos dos religiosos e, finalmente os “leigos”, primeiro os homens, depois as mulheres e as crianças. Nesse esquema, o Espírito Santo vai de férias. Ao “Vigário de Cristo”, com a sua infalibilidade definida no Vat. I, basta-lhe exigir obediência.

Quando se diz que a Igreja não é uma democracia continua-se a pensar na pirâmide, esquecendo que os seus membros, homens e mulheres, renascidos de um só baptismo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, formam uma vasta comunhão de fraternidades de profetas e sacerdotes do povo cristão ao serviço da humanidade inteira, na sua unidade plural.

A Igreja cristã não vive num vazio sociocultural e político. Não pode viver num gueto. Embora deva manter um distanciamento crítico em relação às estruturas socio-políticas – não são o Reino de Deus realizado –, mas uma gestão democrática do seu governo será sempre preferível, em qualquer circunstância, a um regime autoritário. Do código genético baptismal, não constam os genes de ditadura na Igreja.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Haiku reformado

Diante de Ti
nas nossas diferenças,
todos iguais,
porque vivemos todos no nosso erro,
diante de Ti
e uns diante dos outros.

Karl Barth

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Defesa improvável do pecado original por Alain de Botton

A religião tem mantido utilmente uma visão sóbria, algo que o mundo secular tem sido demasiado sentimental e cobarde para aceitar, sobre as nossas possibilidade de superarmos os factos brutais das nossas naturezas corrompidas.

Alain de Botton, pág. 181 de "Religião para Ateus"

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Alemão que nasceu mulher dá à luz e dizem que é o primeiro homem a dar à luz na Europa

Notícia do DN de hoje (e não do "Inimigo Público"): 


Primeiro transexual a dar à luz na Europa é alemão

Um transexual alemão foi o primeiro homem a dar à luz na Europa. O bebé, um rapaz, nasceu a 18 de março em casa, em Berlim, com a ajuda de uma parteira, de acordo com o Daily Mail.
O homem, que não foi identificado, nasceu mulher e tem feito nos últimos anos tratamentos hormonais para mudar de sexo.
No entanto, manteve o sistema reprodutivo feminino e usou um dador de esperma para engravidar.
Oficialmente, o bebé não tem mãe, apenas pai.

"A pessoa em questão não quis aparecer na certidão de nascimento como mãe, mas sim como pai e o seu pedido foi respeitado", referiu um porta-voz da Administração do Senado de Assuntos Internos de Berlim.


A notícia diz que "oficialmente, o bebé não tem mãe, apenas pai". Na realidade, tem dois pais, o dador de esperma (provavelmente desconhecido, ok) e o homem que anteriormente era mulher, se é que esta pessoa é um pai. Admirável e, na minha opinião, repugnável mundo este. Está tudo trocado, como dizia o outro. Veio da Alemanha, onde Nietszche deve ter ficado contente por mais uma concretização da vontade de poder.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Nível

Deus põe-se a viver à maneira humana para que o ser humano aprenda a viver de maneira divina. Deus põe-se ao nível do ser humano para que o ser humano possa pôr-se ao nível de Deus.

Tertuliano

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Novo

A vida de Jesus caracteriza-se pela pretensão (feita em nome do Deus com quem Jesus se sabe em particular intimidade) de um homem novo, "utópico".

González Faus

sábado, 18 de maio de 2013

Anselmo Borges: "Identidade narrativa, a ética, a Europa e a esperança"


Texto de Anselmo Borges no DN de hoje. Aqui.

Se fosse vivo, teria feito 100 anos no passado dia 27 de Fevereiro. É um dos maiores filósofos do século XX, que "se tornou filósofo para se não tornar esquizofrénico".

Refiro-me a Paul Ricoeur, sendo o que aí fica, evitando tecnicismos, uma homenagem ao grande pensador humanista e cristão, que também influenciou a teologia, com a hermenêutica.

1. Pergunta nuclear da filosofia é: o que é o Homem?, quem sou eu? Ora, não se pode duvidar do facto de que eu sou; mas quem sou, o que é que eu sou: isso é duvidoso. O Homem não é transparente a si próprio. Para chegar a si mesmo, tem de fazer um grande desvio de interpretação, passando pelas obras da cultura: a literatura, as artes, as religiões, as ciências naturais - no quadro das neurociências, em diálogo com J.-P. Changeux, fez questão de acentuar a distinção fundamental entre o conhecimento científico e a experiência vivida: o sujeito não é redutível a dados empíricos -, as ciências humanas... É mediante esse percurso que o Homem vem a si próprio; reconhece-se, narrando a sua própria história, sempre aberta e em transformação. A identidade humana é narrativa.

2. A ética ocupa lugar central no pensamento ricoeuriano. É famoso, neste campo, o seu triângulo ético: a ética é "o desejo da "vida boa" com e para outrem em instituições justas". Tudo arranca do desejo: o esforço de existir, a capacidade de querer e agir, ser. Mas "eu" (primeira pessoa) não sou sem o outro, sem o "tu" (segunda pessoa), que me solicita: "O outro é meu semelhante. Semelhante na alteridade, outro na semelhança." O encontro, porém, dá-se no contexto de um "ele", "ela" (terceira pessoa), que remete para o impessoal e institucional (instituições justas).

3. A sua filosofia está profundamente enraizada. Di-lo também um texto sobre a Europa, numa entrevista de 1997, agora publicada pela "Philosophie Magazine": "Estamos em guerra económica. É um problema muito perturbador, sobre o qual nunca tinha dito nada. É hoje o problema de toda a Europa ocidental. Onde, para sobrevivermos, devemos manter uma ética e uma política da solidariedade. O combate a travar tem duas frentes: por um lado, as nossas economias têm de permanecer competitivas; por outro, não podem perder a alma - o seu sentido da redistribuição e da justiça social. Um problema enorme, quase tão difícil de resolver como a quadratura do círculo...
Ainda não acabámos com a herança da violência e da última guerra. Nem com a dureza e a brutalidade do sistema capitalista, que deu KO ao comunismo, ficando sem rival. É hoje a única técnica de produção de riqueza, mas com um custo humano exorbitante. As desigualdades, as exclusões são insuportáveis.
Estou um pouco tentado por uma solução que se poderia dizer cínica. Pode causar-lhe espanto da minha parte, mas enquanto este sistema não tiver produzido efeitos insuportáveis para um grande número, continuará o seu caminho, pois não tem rival... Penso que vamos conhecer na Europa ocidental uma travessia no deserto extremamente dura. Porque já não somos capazes de pagar o preço que os mais pobres do que nós pagam. A ascensão das jovens economias asiáticas, concretamente a da China, supõe um custo que seremos incapazes de suportar. Não só não queremos isso, mas não devemos fazê-lo. Não vamos voltar aos tempos do trabalho infantil!... É por isso que eu sou tão fortemente pró-europeu; só uma economia de grande dimensão permitirá à Europa sair disto."

4. "O Homem é a Alegria do Sim na tristeza do finito." Ricoeur sabe da finitude e do mal e da violência e da morte. Mas, em primeiro lugar, há a vida e o seu esforço de ser: "a morte não é eu como a vida, é sempre a estrangeira." Aqui, radica a esperança como sentimento fundamental: "a esperança diz: o mundo não é a pátria definitiva da liberdade; consinto o mais possível, mas espero ser libertado do terrível." Assim, na última página da sua última grande obra: La Mémoire, l"Histoire, l"Oubli (2000), publicada aos 87 anos, deixou este texto que dá que pensar e que assinou pelo próprio punho: "Sob a história, a memória e o esquecimento. Sob a memória e o esquecimento, a vida. Mas escrever a vida é uma outra história. Inacabamento. Paul Ricoeur."

sábado, 20 de abril de 2013

As raparigas também gostam de subir paredes de escalada, mas só o fazem sem rapazes por perto

Abigail Norfleet James, no "Público" de hoje

Actualmente, em Portugal as escolas que existem de ensino diferenciado estão ligadas a uma instituição da Igreja Católica, a Opus Dei, e às Forças Armadas, quer comentar?



Eu gostaria que existissem outras que não tivessem qualquer ligação, mas já é um bom começo. As escolas são diferenciadas não porque pertençam a uma religião ou às Forças Armadas mas porque essas instituições tradicionalmente tinham esse tipo de escolas. No resto do mundo, conheço escolas mistas que pertencem a congregações religiões ou são escolas militares.


Excerto da entrevista do "Público" a Abigail Norfleet James, que defende a educação separada de rapazes e raparigas. Vale a pena ler, aqui. Há várias modalidades e a coisa dá que pensar.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Bento Domingues: O ser humano não tem cura


Texto de Bento Domingues no "Público" de ontem. "O grande conflito que atravessa todo o AT é teológico. O ser humano não é Deus nem seu rival, é criatura. Precisa de sabedoria, do sentido da boa medida, na relação com a natureza e com os outros, para não cair na loucura. A ordem para não comer da «Árvore da Vida» é para não comer da árvore do veneno. É dizer que não vale tudo. O ser humano tem cura, se tiver juízo".

sábado, 6 de abril de 2013

Anselmo Borges: "Desafios para o século XXI"

Texto de Anselmo Borges no DN de hoje:


São muitos os desafios que se nos apresentam neste século XXI, ao mesmo tempo com imensas vantagens e imensos riscos.

A sua ordem é um pouco arbitrária, mas começaria pela globalização. Pela primeira vez, somos verdadeiramente uma "pequena aldeia". Devido às redes de transportes e comunicações, fluxos de bens, serviços, capitais, conhecimentos e pessoas, os países e os povos do mundo estão cada vez mais integrados numa sociedade global. O que vai então significar a globalização: simples liberalização económica? Que nova configuração vai ter o mundo, com a emergência dos BRICS e, concretamente, das potências asiáticas, nomeadamente da China e da Índia? E o que será da Europa, se não caminhar para estruturas federativas?

A globalização contemporânea, a partir de 1945, tem características próprias e coloca problemas gigantescos, como escreveu A. Sasot Mateus: as tendências monopolistas do capital, a ausência de mecanismos para a fiscalização da especulação financeira à escala planetária, o terrorismo global, a falta de mecanismos efectivos para a resolução dos conflitos internacionais, os problemas ligados à sustentabilidade mundial, a desintegração da coesão social, o desemprego, os défices democráticos nas instituições estatais e supra-estatais e as ameaças à própria democracia devido à subordinação à ditadura financeira, tráficos ilegais de todo o tipo: armas, pessoas, drogas, órgãos, com máfias poderosíssimas à mistura, paraísos financeiros que fomentam a falta de solidariedade e branqueiam capitais de origem duvidosa... No quadro da globalização, com os problemas globais, é evidente que é necessário pensar numa governança global.

Este mundo globalizado, é, também por força dos fluxos migratórios, um mundo multicultural e a questão que se coloca é se vamos entrar num choque de culturas e civilizações ou se, pelo contrário, seremos capazes de abrir portas para uma aliança de culturas, mediante o diálogo intercultural e inter-religioso. Como impedir a homogeneização cultural? Por outro lado, como proteger a diversidade cultural, sem permitir a lesão dos direitos humanos?

E aí está uma nova cultura: a cibercultura, que o sociólogo M. Castells estudou, analisando a estrutura da "era da informação" como "sociedade da rede". As novas gerações nascem sob o impacto das novas tecnologias electrónicas, que modelam a sua visão da existência e do mundo. Navegando por infindos ecrãs de textos e imagens, ligando-se em fóruns de discussão e intervenção, trocando mensagens de simultaneidade generalizada, perdendo a noção do tempo e da realidade mediante a entrada no virtual, marcando encontros cibersexuais, experimentam uma nova revolução em curso. Então, que novo tipo de homem, que nova imagem do corpo, que nova relação com a memória e o tempo? Na relação universal virtual, não se perde a relação com o outro face a face, mergulhando na insuportável solidão? E não cresce o perigo de novas formas de exclusão, com o novo analfabetismo: o cibernético? E no meio de tsunamis de informação, como analisá-la criticamente e distinguir? E não se ergue um risco maior: o de, esquecendo a dimensão vertical, sem referências, a Rede transformar-se, na expressão feliz de João Maria André, num Labirinto?

Outras revoluções estão em curso: a genética e as neurociências - o cérebro é o infindável novo continente em exploração. Poderemos, com as novas tecnologias, vir a vencer a dor, o envelhecimento e a própria morte? Assistir-se-á à transformação da natureza do humano? Caminharemos para o pós--humano e um transhumanismo, que fazem inclusivamente alguns pensarem na possibilidade de uma bifurcação da Humanidade? Os novos desafios: manipulação genética, manipulação da actividade cerebral, investigação em embriões, clonagem, híbridos, criação do super-homem...

Não se pode deixar de apontar o desafio ecológico, quando o planeta está em risco e a Humanidade pode deixar de ter futuro.

Poderá esquecer-se o Transcendente, ao menos enquanto questão? E abandonar a afirmação de Cícero: "res sacra homo" ( o ser humano é realidade sagrada)?

domingo, 31 de março de 2013

Bento Domingues: "A vida triunfa da morte"

Bento Domingues no "Público" de hoje:


Se para afirmar Deus fosse preciso sacrificar o ser humano, Deus estaria condenado e o ateísmo justificado. Deus, acolhido e celebrado como fonte de vida, foi acusado, na modernidade, de roubar a liberdade, a criatividade e a felicidade ao ser humano. O teólogo não pode recusar a participação numa investigação pluridisciplinar, capaz de apurar as responsabilidades das religiões, das igrejas e da cegueira humana, nessa acusação. A crítica das práticas e representações alienantes da religião pertence ao seguimento de Jesus Cristo. Não há discipulado sem a democratização desta atitude na Igreja.

Crítica não é má língua esterilizante. Para conceber e experimentar novos caminhos e expressões que assumam a tradição no seio da criatividade multifacetada de cada época, ou nos seus desvarios, é indispensável discernimento. Só um Deus de puro amor pode ajudar a humanidade a ser humana.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pecado original segundo Alain de Botton


Não é difícil acreditar no pecado original. Para quem é crente, o pecado está demasiado patente para não nos marcar até para lá da medula. O difícil é acreditar na roupagem do pecado original, incluindo as frases do catecismo. E o nome, que remete para a origem.

Lembrei-me disto ao ler uma passagem de "Religião para ateus", de Alain de Botton, livro muito aconselhável, a bispos, padres, seminaristas e gente empenhada na Igreja de uma forma geral. Diz ele a certo ponto (pág. 112) sem falar de "pecado original":
"(...) O cristianismo (...) tem um conceito inteiramente diferente da natureza humana. (...)Acredita que, no fundo, somos criaturas desesperadas, frágeis, vulneráveis e pecadoras, muito menos sábias do que bem informadas, sempre à beira da ansiedade, torturadas pelas nossas relações, com pavor da morte - e, acima de tudo, com necessidade de Deus".

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Marca de Deus

Para mim, Deus fez o homem à sua imagem. É como cera sobra a qual imprimiu uma marca. A marca, nunca a veremos, mas se estiver atento, conheço-a perfeitamente: um vazio, por tudo o que me falta.

Abbé Pierre, 1993

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Oração de Deus aos homens: "E os outros, e os outros, e os outros?"

Quando nós, cristãos, vamos pelo mundo dizendo "Pai Nosso", a oração do homem a Deus, que ela nos faça ouvir a oração de Deus ao Homem, que deveria troar na nossa alma: "E os outros, e os outros, e os outros?"

Abbé Pierre, no Natal de 1970

sábado, 22 de dezembro de 2012

Homens e dinheiro

Com todo o dinheiro do mundo não se fazem homens, degradam-se; mas com homens que se entregam a si próprios fazemos tudo o que é preciso, incluindo o dinheiro necessário desde que ele não seja um amo, mas servidor.

Abbé Pierre, 1955

domingo, 16 de dezembro de 2012

Bento Domingues: "O ser humano será uma causa perdida?"


Texto de Bento Domingues no "Público" de hoje.

Percebi cada uma das afirmações do dominicano, mas acho que não alcancei o sentido do artigo. Terá a ver com o Natal? Pareceu-me que as partes, pequenas partes, valem mais do que o todo. "Uma boa filosofia baseada na experiência e guiada pela virtude da prudência, isto é, pela decisão avisada, exige muito tempo e contínuas conversões do desejo".

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Vistas seletivas

Se olharmos apenas para as flores que florescem e para a beleza das estrelas, pomos a mão sobre a outra vista para não vermos o horror e mentimos a nós próprios.

Abbé Pierre, 1994

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Violência e solidariedade

Os verdadeiros violentos são os que, tendo os meios para socorrer aqueles a quem tudo falta e para lhes permitir tornar-se homens, não o fazem.

Abbé Pierre

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...