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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A música de Bach que impressionou o Papa

Há dias (31 de Agosto de 2011), numa bonita catequese sobre como a arte ajuda na relação com Deus (pode ser lida na íntegra aqui), Bento XVI afirmou:
Vem-me à memória um concerto de música de Johann Sebastian Bach, em Munique, dirigido por Leonard Bernstein. No final da última peça, uma das Cantatas, senti, não racionalizando, mas no profundo do coração, que o que eu havia escutado havia me transmitido verdade, verdade do sumo compositor que me conduzia a dar graças a Deus. Ao meu lado estava o bispo luterano de Munique e espontaneamente lhe comentei: “Ouvindo isso se entende: é verdadeira, é verdadeira a fé tão forte e a beleza que expressa irresistivelmente a presença da verdade de Deus”.
A Cantata em questão é a BWV 140, “Wachet auf, ruft die Stimme” (“Despertai, chama-vos a voz”). Começa com uma melodia que quase todos conhecem. Aqui pela Orquestra da BBC, sem coro:


Diz o poema, de Philipp Nocolai, inspirado na parábola das dez virgens e no Cântico dos Cânticos:
Ele está vindo, ele está vindo,
O noivo está vindo!
Saí, ó filhas de Sião!
Ele vem correndo do alto
para a casa de vossa mãe.
O noivo está vindo, tal como um corço,
Tal como um jovem cervo
A saltar pelas colinas
Trazendo a ceia matrimonial.
Despertai,
Alegrai-vos para receber o noivo
Ali, vede, ele está chegando!”
- Quando chegarás, minha Salvação?
- Estou chegando, pois parti de ti eu sou.
- Espero com queima de óleo.
Abra o salão para o banquete celestial
- Eu abro a sala para o banquete celestial
- Vem, Jesus!
- Vem, alma doce!
O concerto aconteceu em 1981. Ratzinger tinha quatro anos como bispo de Munique. A cantata não foi tocada no final do concerto, mas sim no final da primeira parte. O concerto teve o seguinte programa:

1.ª Parte
– Coral “Wenn ich einmal soll scheiden”, da Paixão Segundo São Mateus (BWV 244);
– Concerto de Brandeburgo n.º 3, em Sol Maior (BWV 1048);
– Cantata "Wachet auf, ruft uns die Stimme" (BWV 140).

2.ª Parte
– Magnificat, em Ré Maior (BWV 243).

O bispo luterano ao lado de Ratzinger era Joannes Hanselmann, que morreu em 2002.

Gostava de ter feito esta investigação, mas não fui eu que a fiz. Foi Sandro Magister do sítio Chiesa (aqui em inglês e aqui em português).

quinta-feira, 28 de julho de 2011

28 de Julho. Morre Vivaldi em 1741 e Bach em 1750

O compositor veneziano Antonio Vivaldi, padre católico de cabelos ruivos, morreu em Viena, no dia 28 de Julho de 1741, aos 63 anos. O compositor alemão João Sebastião Bach, protestante de farta peruca branca e numerosa prole, morreu em Leipzig, passados nove anos. Tinha 65 anos.


A melhor maneira de os recordar é ouvir a sua música. Curiosamente, a do padre fala mais de temas profanos, como a série de concertos “Quatro Estações”. Enquanto a do leigo, ao incluir peças como a “Missa em si menor” e a “Paixão segundo São Mateus”, é do que há de humanamente mais elevado sobre a fé cristã.


Como hoje estou particularmente sonolento, aqui fica, de Bach, a "Cantata do Café" (BWV 211).

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Vamos lá ouvir Bach

Desenhos sempre críticos, sempre provocadores, mas sempre evangélicos de José Luis Cortés no "El hermano Cortés". Outros do género aqui.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

14 de Janeiro de 1875. Nasce Albert Schweitzer, músico, médico, missionário, teólogo, Nobel da Paz

Albert Schweitzer nasceu em 1875, no dia 14 de Janeiro, na Alsácia (que hoje faz parte da França, mas na altura integrava o império alemão), e morreu no dia 4 de Setembro, em Lambarena, Gabão.

Formou-se em Teologia e Filosofia e tornou-se professor universitário. No início do século passado escreveu um livro sobre todas as tentativas de levar a cabo uma biografia de Jesus que ainda hoje é estudado nas faculdades de Teologia. Schweitzer estava convencido de que não é possível escrever uma biografia de Jesus, nos moldes modernos, porque este escapa a todas as categorias. E quem escreve tem tendência a projectar em Jesus os seus próprios traços e interesses. Daí que seja possível, ao longo da história, dar com um Jesus asceta, liberal, hippie, comunista, pobre, imperador, rei…

Na angústia de ser impossível chegar ao Jesus em si mesmo, Albert Schweitzer tomou uma decisão: encontrar Jesus nos mais abandonados. Quando tomou a decisão, era um professor admirado, gozava de grande prestígio e era um músico afamado. Mais tarde deixaria registadas as suas interpretações de João Sebastião Bach. São célebres as gravações de 1936-37, ainda à venda em disco (aqui, por exemplo).

Para ir ao encontro dos mais pobres, formou-se em medicina, casou-se e partiu para Lambarena, uma povoação no Gabão, em África, nos trópicos (as ilhas de S. Tomé e Príncipe ficam ao largo do Gabão).

Ao deparar-se com a falta de recursos em Lambarena, improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendeu os doentes enfrentando o clima hostil, equatoriano, a falta de higiene, a língua que não entendia, a carência de remédios e de instrumentos. Tratava de mais de 40 doentes por dia e, no resto do tempo, ensinava o Evangelho.

Com o início da I Guerra Mundial, os Schweitzer foram levados para a França, como prisioneiros de guerra – eram alemães. Com o final da guerra, Albert retoma seus trabalhos: “Começaremos novamente. Devemos dirigir nosso olhar para a humanidade”. Recolheu fundos e, após sete anos, regressou a Lambarena com médicos e enfermeiras dispostos a ajudá-lo.

A sua acção e determinação – que as minhas palavras não mostram verdadeiramente – espantaram o mundo. E em 1952 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz.

Há uma série televisiva sobre Schweitzer. Passou em Portugal no final dos anos 80 – foi graças a ela que conheci esta grande figura. Na altura, quis ser missionário como ele. Foi uma das maiores personalidades do século XX.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Aprender a fazer homilias com a música



Timothy Radcliffe op sobre como devem ser as homilias, na página 97 de “Ir à Igreja porquê?”:

“The Shawshank Redemption” [Os Condenados de Shawshank], um filme rodado em 1994 por Frank Darabont, fala-nos de Andy, um banqueiro americano, preso depois de, por engano, ter sido condenado pelo assassínio da sua mulher. Esforça-se por manter viva a esperança neste mundo deprimente. Tendo-se tornado um preso de confiança, com liberdade excepcional, um dia, ocupa a torre de controlo e emite pelos altifalantes a música da ópera As Bodas de Fígaro de Mozart. Todos estacam e se transfiguram. A beleza abriu-lhes um outro mundo em que já não eram simples criminosos, mas podiam atrever-se a esperar, de novo, uma vida humana. Nenhum de nós consegue pregar tão bem como Mozart, ou mesmo de forma tão libertadores como aqueles músicos no clube de jazz; é por isso que sempre precisaremos de artistas para compartilhar o acontecer da graça. Johann Sebastian Bach celebrou, no seu Oratório de Natal, o nascimento do «mais belo de todos os seres humanos». Precisamos de descobrir a música para repartir esta beleza com os nossos contemporâneos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

4 de Novembro de 1847. Morre Felix Mendelsshon

Mendelssohn aos 12 anos

Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy (3 de Fevereiro de 1809 – 4 de Novembro de 1847), oriundo de uma família judaica alemã, neto do filósofo Moisés Mendelssohn, educado sem religião mas convertendo-se mais tarde ao luteranismo, se não tivesse sido um grande músico, teria ficado na História da Música devido ao protagonismo no despertar do interesse por Johann Sebastian Bach.

Em 1829, Mendelssohn adaptou e conduziu a interpretação do oratório “Paixão de São Mateus”, de Bach, em Berlim. Esta peça de duas horas e meia ou três, consoante as interpretações, é, para muitos, o ponto mais alto da música barroca – ou até da música em geral. Não era ouvida desde a morte de Bach (1750). A interpretação de Mendelssohn foi aclamada e a Alemanha primeiro e depois a Europa redescobriram Johann Sebastian Bach. Até hoje.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

22 de Setembro de 1701. Nasce Anna Magdalena Bach

A segunda esposa de Johann Sebastian Bach nasceu no dia 22 de Setembro de 1701. Casou com o maior músico da história no dia 3 de Dezembro de 1721, dezassete meses após a morte da primeira mulher de Bach.

Anna Magdalena foi mãe de 13 filhos Bach. Sobreviveram à infância seis, entre os quais os músicos Johann Christian e Johann Christoph Friedrich.

Para a esposa, J.S. Bach escreveu os dois volumes do “Notenbüchlein für Anna Magdalena Bach”(“Pequeno Livro de Ana Madalena Bach”), que qualquer aprendiz de piano e órgão actualmente tem de saber tocar. O livro contém músicas de Bach e outras da época que não são da sua autoria.

Hoje há quem questione se algumas das composições de Bach não serão realmente de Anna Magdalena, que faleceu no dia 22 de Fevereiro de 1760, dez anos após o marido.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Os quatro bês da música

Reconstituição digital do rosto de J.S. Bach a partir dos ossos exumados em 1894

Bach morreu há 260 anos (28 de Julho de 1750). Não é essa efeméride que pretendo assinalar hoje (Bach, neste blogue, aqui). Mas lembro-me sempre de um professor de música que dizia que para se ser grande na música tem de se ter um nome começado por B: Bach, Beethoven, Brahms. E rematava que essa lei ainda se mantinha nos tempos modernos: Beatles. Só mais tarde é que soube que a expressão dos "três bês da música" era de outra músico, Hans von Bulow (1830-1894), genro de Liszt, fã de Beethoven e Brahms.

domingo, 13 de junho de 2010

Deus, os anjos, Bach e Mozart


Se existe alguém que deve tudo a Bach, esse alguém é Deus.
E. M. Cioran (1911-1995)

Adora-se Bach e acredita-se nele, sem se supor um só instante que a nossa divindade possa alguma vez ser posta em questão; um herético faria horror e seria mesmo impedido de se pronunciar. Bach é Bach, como Deus é Deus.
Hector Berlioz (1803-1869)

Deus escuta certamente a voz de Bach como se ouve uma voz íntima e querida.
Jules Roy (1907-2000)

Quando vós escutais Bach, vós vedes germinar Deus.
E. M. Cioran (1911-1995)

Eu não tenho a certeza de que os anjos, quando glorificam a Deus, toquem música de Bach. Pelo contrário, tenho a certeza de que, quando estão entre si, tocam Mozart, e que Deus gosta particularmente de os ouvir.
Karl Barth (1886-1968)

domingo, 21 de março de 2010

21 de Março de 1685. Nasce Johann Sebastian Bach

"Lasset uns den nicht zerteilen", excerto da "Paixão segundo São João", de J. S. Bach

Johann Sebastian Bach nasceu no dia 21 de Março de 1685, em Eisenach (a terra onde Lutero traduziu para alemão o Novo Testamento), e morreu no dia 28 de Julho de 1750, em Leipzig. O compositor maior do barroco, para muitos, o maior músico da história, era luterano. A maior parte música de Bach é de matriz religiosa. Também compôs peças para ritos católicos. Já alguém disse que, felizmente, o protestantismo apreciava a música. De contrário, não se teria revelado o génio.

Emil Cioran disse que "a música de Bach é o único argumento que prova que a criação do universo não pode ser vista como um grande erro". Tirando a parte do “único”, concordo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mozart: A fantasia contra a mecânica

Guy Consolmagno (“A Mecânica de Deus”, pág. 228):

“Neste livro, citei Bach, um Luterano alemão, como uma exemplo de alguém cuja música simula o estilo criativo de Deus como nenhuma outra, produzindo uma beleza complexa a partir da interacção de temas simples. Eu adoro-a. Mas também poderá ser um pouco, não sei bem, mecânica ou desprovida de alma, em comparação, por exemplo, a Mozart ou Beethoven, estes últimos sendo produtos da cultura germânica Católica”.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...