Mostrar mensagens com a etiqueta Protestantes. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Protestantes. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

É daqui a pouco, na Bertrand do Chiado: Biblista católico e pastor evangélico falam sobre Jesus

O padre Joaquim Carreira das Neves, biblista e antigo professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, e o pastor evangélico Tiago Cavaco vão juntar-se para uma conversa pública intitulada "Ler Jesus".

Contando também com a participação de António Marujo, jornalista especializado em temas religiosos, o encontro organizado pela revista “Ler” e Livrarias Bertrand decorre a 13 de fevereiro, em Lisboa.

«Ler Jesus, como ler Jesus?, que palavras dizem Jesus?, Ele está sempre no meio de nós?, existe um antes e um depois na vida de Jesus?» são algumas das questões que motivam o debate moderado pela jornalista Anabela Mota Ribeiro.

António Marujo é o autor de uma entrevista recente ao religioso franciscano, publicada no livro “O coração da Igreja tem de bater” (ed. Paulinas), volume que inclui textos inéditos do investigador sobre dez temas.

Tiago Cavaco, pastor da Segunda Igreja Batista de Lisboa, assinou recentemente o livro “Felizes para sempre – e outros equívocos acerca do casamento” (ed. Cego, Surdo e Mudo).

A sessão, com entrada livre, começa às 18h30 na Livraria Bertrand do Chiado.

Tirado do SNPC.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sim, é (parte da) Bíblia, o livro impresso mais caro


Um pequeno livro de salmos publicado em 1640, e que se crê ter sido o primeiro livro impresso no território do que vieram a ser os Estados Unidos, foi arrematado esta terça-feira por 14 milhões e 165 mil dólares (um pouco mais de 10,3 milhões de euros) num leilão promovido pela Sotheby’s em Nova Iorque.

O livro, conhecido como Bay Psalm Book, foi impresso pela comunidade puritana da colónia britânica da baía de Massachusetts, mais precisamente na então recém-fundada povoação de Cambridge, apenas vinte anos após o desembarque em Plymouth dos pioneiros do Mayflower, a quem os americanos chamam “pilgrims” (peregrinos).

sábado, 18 de maio de 2013

Anselmo Borges: "Identidade narrativa, a ética, a Europa e a esperança"


Texto de Anselmo Borges no DN de hoje. Aqui.

Se fosse vivo, teria feito 100 anos no passado dia 27 de Fevereiro. É um dos maiores filósofos do século XX, que "se tornou filósofo para se não tornar esquizofrénico".

Refiro-me a Paul Ricoeur, sendo o que aí fica, evitando tecnicismos, uma homenagem ao grande pensador humanista e cristão, que também influenciou a teologia, com a hermenêutica.

1. Pergunta nuclear da filosofia é: o que é o Homem?, quem sou eu? Ora, não se pode duvidar do facto de que eu sou; mas quem sou, o que é que eu sou: isso é duvidoso. O Homem não é transparente a si próprio. Para chegar a si mesmo, tem de fazer um grande desvio de interpretação, passando pelas obras da cultura: a literatura, as artes, as religiões, as ciências naturais - no quadro das neurociências, em diálogo com J.-P. Changeux, fez questão de acentuar a distinção fundamental entre o conhecimento científico e a experiência vivida: o sujeito não é redutível a dados empíricos -, as ciências humanas... É mediante esse percurso que o Homem vem a si próprio; reconhece-se, narrando a sua própria história, sempre aberta e em transformação. A identidade humana é narrativa.

2. A ética ocupa lugar central no pensamento ricoeuriano. É famoso, neste campo, o seu triângulo ético: a ética é "o desejo da "vida boa" com e para outrem em instituições justas". Tudo arranca do desejo: o esforço de existir, a capacidade de querer e agir, ser. Mas "eu" (primeira pessoa) não sou sem o outro, sem o "tu" (segunda pessoa), que me solicita: "O outro é meu semelhante. Semelhante na alteridade, outro na semelhança." O encontro, porém, dá-se no contexto de um "ele", "ela" (terceira pessoa), que remete para o impessoal e institucional (instituições justas).

3. A sua filosofia está profundamente enraizada. Di-lo também um texto sobre a Europa, numa entrevista de 1997, agora publicada pela "Philosophie Magazine": "Estamos em guerra económica. É um problema muito perturbador, sobre o qual nunca tinha dito nada. É hoje o problema de toda a Europa ocidental. Onde, para sobrevivermos, devemos manter uma ética e uma política da solidariedade. O combate a travar tem duas frentes: por um lado, as nossas economias têm de permanecer competitivas; por outro, não podem perder a alma - o seu sentido da redistribuição e da justiça social. Um problema enorme, quase tão difícil de resolver como a quadratura do círculo...
Ainda não acabámos com a herança da violência e da última guerra. Nem com a dureza e a brutalidade do sistema capitalista, que deu KO ao comunismo, ficando sem rival. É hoje a única técnica de produção de riqueza, mas com um custo humano exorbitante. As desigualdades, as exclusões são insuportáveis.
Estou um pouco tentado por uma solução que se poderia dizer cínica. Pode causar-lhe espanto da minha parte, mas enquanto este sistema não tiver produzido efeitos insuportáveis para um grande número, continuará o seu caminho, pois não tem rival... Penso que vamos conhecer na Europa ocidental uma travessia no deserto extremamente dura. Porque já não somos capazes de pagar o preço que os mais pobres do que nós pagam. A ascensão das jovens economias asiáticas, concretamente a da China, supõe um custo que seremos incapazes de suportar. Não só não queremos isso, mas não devemos fazê-lo. Não vamos voltar aos tempos do trabalho infantil!... É por isso que eu sou tão fortemente pró-europeu; só uma economia de grande dimensão permitirá à Europa sair disto."

4. "O Homem é a Alegria do Sim na tristeza do finito." Ricoeur sabe da finitude e do mal e da violência e da morte. Mas, em primeiro lugar, há a vida e o seu esforço de ser: "a morte não é eu como a vida, é sempre a estrangeira." Aqui, radica a esperança como sentimento fundamental: "a esperança diz: o mundo não é a pátria definitiva da liberdade; consinto o mais possível, mas espero ser libertado do terrível." Assim, na última página da sua última grande obra: La Mémoire, l"Histoire, l"Oubli (2000), publicada aos 87 anos, deixou este texto que dá que pensar e que assinou pelo próprio punho: "Sob a história, a memória e o esquecimento. Sob a memória e o esquecimento, a vida. Mas escrever a vida é uma outra história. Inacabamento. Paul Ricoeur."

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fala a todos e não é propriedade de ninguém

Numa palavra, o mistério de Jesus, hoje como sempre, consiste em que ele pode falar de Deus e do ser humano aos grupos mais diversos, empregando para cada um a linguagem mais apropriada e compreensível e fazendo que todos reconheçam a sua autoridade, embora a expressem em termos tão diferentes que se torna impossível qualquer ensaio de síntese. O mistério de Jesus consiste em que foi e continua a ser o objeto que todos contemplam, mas que nunca se converte em propriedade de ninguém, nem sequer dos discípulos.

Etiénne Trocmé

domingo, 21 de abril de 2013

A cultura dos protestantes é a que mais respeita a doutrina social da Igreja?


Vítor Bento

Reportando-se ao livro de Vítor Bento, “Euro Forte, Euro Fraco, Duas Culturas, Uma Moeda: Um Convívio (Im)possível?”, Vasco Pulido Valente diz, para a seguir discordar, que
as duas culturas de que fala o título são, como era fatal, a cultura dos países do Norte (a Alemanha, a Áustria, a Holanda, a Bélgica) e a cultura dos países do Sul (a Irlanda, a Itália, a Espanha, Portugal e a Grécia). As duas culturas têm uma "moral social" diferente e, como é lógico, diferentes "preferências sociais". A cultura do Norte tende a valorizar a lei, sobretudo a lei fiscal, promove a confiança colectiva e a confiança de cada cidadão no Estado. A cultura do Sul favorece a infracção, sobretudo a infracção fiscal, enfraquece a confiança colectiva e genericamente não permite uma sólida confiança no Estado.
O cronista defende que a visão de Vítor Bento não é realista nem bem fundamentada, até porque  “não nasceu por enquanto o economista capaz de se entender com o mundo como ele é”. Mas fiquei a pensar que os países do Norte, muito pouco católicos (talvez exceptuando a Bélgica e a Áustria – e não estão lá os escandinavos), são, afinal, os que mais seguem a doutrina social da Igreja católica.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

21 de janeiro de 1525. Perto de Zurique funda-se a primeira igreja anabatista


Queima de anabatistas em Amesterdão

Os anabatistas foram os radicais e derrotados da Reforma Protestante. A primeira igreja destes defensores da adesão consciente a Cristo – daí o batismo somente na idade adulta e rebatismo dos que tinham sido batizados em criança; “ana-batista” tem o sentido de batizado de novo – foi criada perto de Zurique no dia 21 de janeiro de 1525.

Os anabatistas foram perseguidos pelos católicos e protestantes e massacrados na Guerra dos Camponeses. Quase desapareceram, mas deram origem aos menonitas e influenciaram os quakers, que são pacifistas e profundamente democráticos. Os amish também se reclamam dos anabatistas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Da feminilidade da economia portuguesa


Mais uma que nos fizeram Lutero e Calvino. Ou antes, não fizeram. Artigo de Pedro Arroja no "Vida Económica". A economia portuguesa é feminina por causa da sua matriz católica, diz o gestor.

Não sei se este Pedro Arroja é o mesmo que lia em meados dos anos noventa no DN. Na altura, apreciava q.b. as suas opiniões liberais e heterodoxas. Agora parece que alinha por um catolicismo muito típico de certos meios (à falta da expressão adequada, escrevo "certos meios").

Este Pedro é o mesmo que no blogue "Portugal Contemporâneo" escreve:
Na minha opinião, um dos pilares centrais da tradição portuguesa e católica que vai ter de ser reposto é o ensino diferenciado entre rapazes e raparigas, pelo menos até à adolescência.

Numa cultura feminina como é a nossa, o ensino misto feminiliza os rapazes. Na cultura protestante, que é masculina, é ao contrário, o ensino misto masculiniza as raparigas.

Na nossa cultura feminina, quando se põem rapazes e raparigas, homens e mulheres, sob o mesmo tecto, mais cedo ou mais tarde as mulheres controlam e dominam o ambiente. O ensino misto em Portugal é um ónus sobretudo para os rapazes, tolhe o desenvolvimento da sua masculinidade.

Em Inglaterra, 80% das melhores escolas são escolas diferenciadas. E, sendo assim no estrangeiro, pode estar certo que aquilo que eu disse é verdade. O ensino misto em Portugal feminiliza os rapazes.
Está aqui uma das razões por que o Joaquim acha os jovens de hoje tão passivos (aqui).
E agora já se compreende mais o conteúdo da expressão "certos meios".

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O nosso problema com o Natal

Diz o pastor batista e cantor rock (desconte-se-lhe o criacionismo biológico), Tiago Cavaco:


Não devíamos odiar o Natal porque o Natal nos torna hipócritas, mas devíamos amar o Natal porque o Natal nos mostra hipócritas. O problema não é o Natal, o problema somos nós.

Li aqui (ver dia 18 de dezembro de 2012).

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Nódoa?


Humanista, moderno, amigo de Erasmo (inspirador do "Elogio da Loucura"), sonhador de sociedades novas. Queria que as filhas fossem cultas.

Tinha Tomás Moro em grande conta. Altíssima conta. Mártir da consciência. (E o quadro de Hans Holbein é sem dúvida um dos mais admiráveis retratos que alguém já pintou; aqui pode-se apreciá-lo com grande pormenor.) Mas então não é que mandou perseguir e matar seis reformadores luteranos? Pensava que ele neste assunto saía do "espírito da época".

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

9 de Novembro de 1522. Nasce Martin Chemnitz, o outro Martinho da reforma luterana



Martin Chemnitz, o “segundo Martinho”, nasceu no dia 9 de Novembro de 1522, em Treuenbrietzen, e morreu no dia 8 de Abril de 1586, em Braunschweig. Foi um grande reformador luterano – é de venerado, melhor, admirado como pastor, teólogo e confessor da fé luterana. Diz-se dele que “Si Martinus non fuisset, Martinus vix stetisset”, “se Martinho [Chemnitz] não existisse, Martinho [Lutero] não sobreviveria”.

Chemnitz participou na redacção do credo luterano (1577) e escreveu a obra “Examen Concilii Tridentini” [Exame do Concílio de Trento], fundamental para a recusa das reformas saídas do concílio católico de Trento (1645-63).

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

9 de Setembro de 1585. Nasce o Cardeal de Richelieu

Cardeal de Richelieu, por Philippe Champaigne (1602-17674)


Armand Jean du Plessis, conhecido na história como Cardeal de Richelieu, nasceu no dia 9 de Setembro de 1585 e morreu no dia 4 de Dezembro de 1642. Foi primeiro ministro de Luís XIII, de 1628 a 1642.


Richelieu apoiou a revolta portuguesa contra Espanha, na restauração da independência, e, mais importante para a história, apoiou os protestantes alemães contra os Habsburgos, católicos, que governavam nos dois lados da França (Espanha, Sacro Império Romano Germânico e Áustria). O sucesso da Reforma protestante deve-lhe muito.

domingo, 21 de agosto de 2011

Uma identificação que não exclua ninguém

Dizer-se católico é aceitar uma identificaão: kath holon, de acordo com o todo, com a comunhão universal do Reino. É recusar uma identidade baseada na exclusão. Por isso, há um certo paradoxo em compreender ser católico no sentido de não ser, por exemplo, protestante.


Timothy Radcliffe, na pág. 210 de "Ser cristão para quê?" (ed. Paulinas)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Os preguiçosos dos católicos

Contra a ideia do norte da Europa rigoroso, protestante, trabalhador versus sul preguiçoso, católico, e laxista, no "Diário Económico" de hoje. Há demasiadas excepções para a regra ser verdadeira. A verdade é que Portugal pouco faz para ser rigoroso, trabalhador, organizado, previdente. Mas não vejo como qualquer destas ideias não há-de poder lidar com os calores do catolicismo. Pelo contrário. Outro texto do mesmo autor aqui.

sábado, 18 de junho de 2011

Anselmo Borges: O reconhecimento e as suas esferas



Texto de Anselmo Borges no DN de hoje (aqui):


Há antigos alunos que me convidam para ir às escolas fazer palestras sobre temas relacionados com a Filosofia. Os ouvintes são alunos dos 10.º, 11.º e 12.º anos e também outros professores. Procuro corresponder.


A última vez o tema era "A filosofia e o sentido da existência". E lá fui falando sobre o universo e o seu processo - a realidade é processual -, o salto da animalidade para a humanidade, a neotenia, os diferentes tipos de acesso à realidade, que é complexa, o sofrimento e o mal, o sentido e os sentidos enquanto caminhos, a questão do sentido último... No fim, antes das perguntas e comentários deles e delas, fui perguntando a este e àquele, a esta e àquela, o que tinha ficado. E todos foram dizendo que o mais interessante era aquilo do reconhecimento. Isso eles não iriam esquecer.


Uma surpresa, que não devia sê-lo. De facto, de que precisamos senão de reconhecimento, de valer para alguém, de alguém que nos dê valor, que justifique a nossa existência? É que, ao contrário de uma árvore ou de uma estrela, não nos basta existir; precisamos de existir para alguém, que nos devolva a nós mesmos na nossa dignidade e valor.


Não está a Europa dividida em Europa católica e Europa protestante, precisamente por causa do reconhecimento, em termos teológicos tradicionais, por causa da doutrina da justificação? Essa era a questão existencial de Lutero: quem me reconhece definitivamente, o que vale a minha vida, quem justifica incondicionalmente a minha existência,? E ele leu em São Paulo, na Carta aos Romanos: o homem é justificado pela fé. Quem acredita no Deus de Jesus tem a vida eterna.


E lá está Hegel e a famosa dialéctica do senhor e do escravo, na Fenomenologia do Espírito, que é disso que trata: da luta pelo reconhecimento. Quem vale o quê e para quem? Foi aí que Karl Marx foi beber, mas exigindo que se fosse à base socioeconómica da alienação e da reconciliação-reconhecimento.


E agora é Axel Honneth, director do Instituto de Investigação Social da Universidade Goethe, em Frankfurt, onde sucedeu a Jürgen Habermas, que mostra como sofrimentos e problemas sociais adquirem sentido e compreensão a partir do reconhecimento pelos outros. Já em 1992, com Luta pelo Reconhecimento, trouxe para o debate da filosofia social a importância do olhar aprovador ou reprovador dos outros: a existência dos indivíduos e dos grupos não se esgota na troca de bens e serviços, pois vive também das "expectativas de reconhecimento" dos outros. Daí, as lutas pela igualdade dos sexos, respeito pelas minorias sexuais, religiosas, culturais. A falta de reconhecimento acarreta humilhação e conflitos.


Catherine Halpern sintetizou os seus três princípios de reconhecimento. A imagem que cada um de nós tem de si mesmo, das suas capacidades e qualidades depende da imagem que julgamos que os outros têm de nós, isto é, do seu olhar. Honneth distingue três princípios de reconhecimento, correspondentes a três esferas sociais.


Na esfera da intimidade, há o princípio do amor, no sentido abrangente de todas as relações afectivas fortes nos domínios das relações amorosas, familiares, de amizade. Já Aristóteles observou que a vida sem amigos não valeria a pena. E Honneth sublinha a importância da relação da mãe com o bebé na construção da autoconfiança, da identidade e da autonomia. Não é na experiência do amor que radica a confiança em si próprio?


Na esfera da colectividade, o princípio da solidariedade. Para aceder ao sentimento de estima de si, cada um, concretamente no trabalho, deve poder sentir-se considerado útil à colectividade. Na situação de desemprego crescente, é inevitável a frustração e o aumento da conflitualidade. Porque a finalidade do trabalho não é apenas procurar meios de sustento para as necessidades materiais, mas provar que se é útil, contribuindo para o bem comum.


Na esfera das relações jurídicas, está o princípio da igualdade. Sendo vítima da discriminação, da marginalização, do não reconhecimento de igualdade de direitos, como se pode desenvolver o sentimento de respeito por si mesmo?

segunda-feira, 21 de março de 2011

21 de Março de 1556. Thomas Cranmer morre na fogueira


Thomas Cranmer (2 de Julho de 1489 – 21 de Março de 1556), primeiro arcebispo protestante de Cantuária, foi o principal reformador anglicano, para além de Henrique VIII, e autor do primeiro "Livro de Oração Comum" (“Book of Common Prayer”), o grande livro da liturgia anglicana.

Na questão do divórcio entre Henrique VIII e Catarina de Aragão, ao contrário de Thomas Moore, considerava que o assunto devia ser resolvido nas universidades e não recorrendo ao Papa, tal como advogava que todos os cristãos, leigos ou eclesiásticos, deviam obediência ao rei e não ao Papa.

Cranmer foi condenado e executado na fogueira, em Oxford, durante o reinado de Maria I (1553-1558), quando a rainha, filha de Henrique VIII e Catarina de Aragão, tentou restaurar o catolicismo em Inglaterra.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

18 de Fevereiro de 1546. Morre Martinho Lutero


Lutero morreu há 465 anos, no dia 18 de Fevereiro de 1546. Um dos criadores da modernidade. Para o bem e para o mal, somos todos filhos de Lutero. Mesmo que haja mais católicos do que protestantes, o pequeno mundo tipicamente ocidental (Europa, EUA e partes da América Latina) é mais protestante do que católico. Não poderíamos entender o subjectivismo, a liberdade de expressão e de iniciativa, o individualismo, o progresso científico, etc. sem Lutero.

Foi um bom cristão, se ignorarmos a propaganda antiprotestante - como deve ser ignorada.

Se me fosse possível criar um outro mundo a partir da mudança de um facto do passado, eu criaria este: o Papa dava ouvidos a Lutero, Lutero continuava católico, os príncipes alemães não apoiavam Lutero (porque daí não adviria nada), a Igreja empreendia uma reforma a partir de Roma, e Lutero acabava os seus reconhecido e  como cardeal. Hoje seria reconhecido como santo, grande reformador ao lado de Francisco e Domingos.

Talvez tivéssemos assim perdido os jesuítas. Inácio teria entrado para os dominicanos. Mas não teria havido Trento nem a ignorância católica da Bíblia. O clero há muito que seria casado ou celibatário sem qualquer confusão fosse para quem fosse. A revolução industrial teria começado no norte de Itália um século antes e estender-se-ia pelo Mediterrâneo. Não teria havido escravatura em massa. África seria hoje um continente desenvolvido.

Uma oração de Lutero:

Olha, Senhor,
sou como um vaso vazio.
Enche-o.
Sou fraco na fé.
Fortalece-a.
Sou frio no amor.
Permite que meu coração queime.
Deixa que meu amor jorre
sobre o meu próximo.
Não tenho uma fé firme e forte.
Às vezes, duvido
e não consigo confiar completamente em ti.
Senhor, ajuda-me.
Aumenta a minha fé,
permite que eu confie em ti.
Sou pobre, tu és rico.
No entanto,
tu vieste para ter compaixão dos pobres.
Eu sou um pecador,
tu és justo.
Sofro por causa do pecado.
Em ti está toda a justiça.
Fico contigo,
pois de ti posso receber
e não preciso de dar.

Móveis protestantes

Na revista “Sábado” de há semanas (3 de Fevereiro), Johan Stenebo, antigo assistente pessoal do sr. Kampard, dono da Ikea, dizia que não havia ninguém tão bom para lhe suceder no cargo como uma candidata asiática, mas foi escolhido um “homem alto, de cabelo louro e olhos azuis”, “um sueco protestante e heterossexual, exactamente como eu”, diz ele.

Fica assim explicada a fiabilidade dos móveis nórdicos. E quem os aprecia deve ficar contente por nunca haver um/a católico/a, latino/a no topo da hierarquia da empresa.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Entrevista a Moltmann, teólogo da esperança



Jürgen Moltmann, “teólogo da esperança” que tem agora quase 85 anos, protestante, deu há dias uma entrevista ao jornal da católico “Avvenire”. Alguns excertos:


Mais do que fé e incredulidade, esperança
A esperança é mais ampla porque ligada ao amor pela vida. Esperamos enquanto respiramos e, se duvidamos e ficamos tristes, a esperança perdida nos atormenta. Onde a esperança é destroçada na vida inicia a violência e a morte.
Fé e sofrimento
Quando eu estava em perigo de vida não me perguntei por que eu me encontrava naquela situação: solicitei ajuda chorando e clamando. Uma divindade boa e onipotente não pode ajudar-nos. No cerne do cristianismo encontra-se a paixão de Deus sobre a cruz de Cristo. Nisso se revela uma paixão pela vida plena de misericórdia pelas devastações da vida. ‘Somente o Deus sofredor pode ajudar’, escreveu Bonhoeffer na cela, olhando o Deus crucificado. No Cristo moribundo a dor de Deus encontrou sua expressão humana. Deus sofre as nossas penas. Cristo vem para procurar o que está perdido e ele mesmo se dá por perdido para encontrar os perdidos. Quem se avizinha de Cristo toma parte na dor de Deus e percebe sua desolação.
Deixar os muros da Igreja
O ateísmo foi debatido tão asperamente a ponto de o escritor Heinrich Boll dizer: “Não me agradam estes ateus, pois falam sempre de Deus”. Após o refluxo para felicidade privada o interesse por Deus desapareceu. Desde então aumentou o número de quantos o perderam e não sentem a falta da fé. Para instaurar um diálogo com eles, os cristãos devem deixar os muros da Igreja e andar no mundo. Os padres operários franceses andaram pelas fábricas e os teólogos da libertação andaram no meio do povo oprimido, compartilhando seu destino. Agora os acadêmicos andam entre os cultos e compartilham suas dúvidas.(…) O confronto entre fé e incredulidade exige que a Igreja dirija o seu coração ao exterior. Deve fazê-lo a todos os ateus sinceros: diz o que crês e crê no que dizes. Leva a sério as perguntas e as acusações de quem não pode crer, e procura junto com ele uma resposta de Deus. Já por demasiado tempo o povo relegou o cristianismo ao ângulo da fé e exaltou o diálogo ente as religiões para prosseguir imperturbada com a secularização. É hora de a fé cristã sair deste ângulo: Cristo não fundou uma nova religião, mas trouxe vida nova!
Uma nota biográfica
Aos 16 anos eu queria estudar matemática e a religião era muito distante do ‘laicismo’ de minha casa. Em 1943 me alistei como soldado, e sobrevivi à tempestade que destruiu Hamburgo com 40.000 mortos. Quando o amigo junto a mim foi dilacerado por uma bomba, por primeira vez clamei a Deus. Experimentei como se ele ocultasse sua face.
Feito prisioneiro, recebi uma Bíblia: os Salmos das lamentações exprimiam o que eu experimentava. Entendi que Cristo é aquele que nos entende e que ele veio para procurar o que está perdido: é aquele que nos encontra. Por vontade de Cristo comecei a ter confiança em Deus. Não terei chegado à idéia que existe um Deus e que Deus é amor apaixonado e disposto a sofrer. Na guerra experimentei como é o abandono de Deus. Por isso, creio que Deus esteja com os sem Deus. E que ele possa ser encontrado entre eles. É neles que Deus aguarda aqueles que crêem.
 Ler tudo aqui.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

26 de Janeiro de 1564. Os decretos de Trento são aprovados

O Papa Pio IV confirmou no dia 26 de Janeiro de 1564  todos os decretos do Concílio de Trento, que se tornam, assim, parte da doutrina católica.


O Concílio de Trento, o maior da história, começou em 1545 e durou até 1563. O que estava em causa era a reforma da Igreja para fazer face ao protestantismo. Por isso, entre outras coisas, aprovou-se uma doutrina sobre a salvação, elencaram-se definitivamente os sete sacramentos, realçou-se a Tradição, sistematizou-se o rito da missa, esclareceram-se as dúvidas sobre práticas como a veneração de santos e de relíquias e venda de indulgências, reorganizou-se a Inquisição, mandou-se elaborar um catecismo.


Um concílio cujos efeitos ainda hoje se notam. E pelo qual os mais tradicionalistas anseiam.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Que Ele não me mande visões


Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso de conhecer tanto para esta vida quanto para a que há-de vir.

Martinho Lutero (1483-1546)

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...