quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Cinco escritores que se inspiram na Bíblia
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Personagem literária
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
"Só as mulheres, as mães, sabem o que é o verbo esperar"

Para o Fernando e a Carla, que também esperam
(Texto retirado do sítio da Pastoral Nacional da Cultura, via Pela Positiva)
Advento
Chegou sem ser esperado, veio sem ter sido concebido. Só a mãe sabia que era filho de um anúncio do sémen que existe na voz de um anjo. Tinha acontecido a outras mulheres hebreias, a Sara por exemplo.
Só as mulheres, as mães, sabem o que é o verbo esperar. O género masculino não tem constância nem corpo para hospedar esperas. Sinto de novo a agravante de ignorar fisicamente a voz do verbo esperar. Não por impaciência, mas por falta de capacidade: nem mesmo durante as febres de malária me acontecia recorrer ao repertório das fantasias de me curar, de estar à espera de.
Nos despertares matutinos ao folhear Isaías leio: «Felizes aqueles que o esperam» (Is 30,18). Não conheci esta sábia e física alegria. Mas mais forte do que esta notícia, no mesmo versículo está escrito «Por isso esperará Iod/Deus para vos fazer misericórdia». Existe uma primeira espera, que espera por Deus e tem o mesmo verbo hebraicohacchè. Na sua redução à forma da espécie humana, o Seu tempo infinito contrai-se no finito de uma espera. Deus espera: «para vos fazer misericórdia».
O tempo de Advento vive desta imitação, defronte à eternidade de um Deus que aceita fazer-se tempo, irrompendo no mundo em meses estabelecidos com nascimento, morte e ressurreição.
Quem tem no seu corpo os recursos para conceber esperas, conhece do versículo de Isaías a imensidade da correspondente espera de Deus.
Erri de Luca
(mais Erri de Luca aqui)
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Erri de Luca ao Ípsilon

Erri de Luca (clicando dá para ver a cor dos olhos)
No Ípsilon do dia 6 de Novembro, António Marujo entrevistou Erri de Luca. “O autor de «Montedidio» esteve em Lisboa para explicar que a felicidade não é um passeio e para dizer por que mastiga a Bíblia como caroços de azeitona”, lê-se na abertura. A entrevista não está on-line, tanto quanto sei (haverá alguém que leia a versão em papel capaz de se entender no Ípsilon on-line?).
O que diz Erri de Luca:
- Estudo do hebraico “Acordo todos os dias estudando o hebraico antigo. Não sou crente. Tenho necessidade disso para despertar, como algo que acompanha o café, para forçar a caixa fechada do meu crânio”.
- Leitura da Bíblia “As palavras [da Bíblia] que lia de manhã, quando trabalhava como operário, tinha-as como companhia para todo o resto do dia. Remastigava-as no trabalho das obras e fazia como se fosse um caroço de azeitona que me ficava na boca”.
- Um exemplo sobre as más traduções da Bíblia “No original hebraico, não está a condenação de Eva de parir com dor. A palavra hebraica é esforço, fadiga. Não é dor, porque ali não há intenção punitiva da divindade. Há apenas uma verificação. Àqueles dois, que comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal e que se encontraram nus, diz: «Vocês tornaram-se outra coisa, não pertencem já a nenhuma espécie animal; nenhuma espécie animal sabe que está nua; aconteceu uma mudança total»”.
- Sobre o livro “Penúltimas notícias sobre Jesus”, recentemente publicado em Itália “São todas tomadas as histórias do Novo Testamento, do evangelho. São penúltimas porque as últimas, as respeitantes ao seu regresso, ao cumprimento da promessa, essas estão em suspenso. O cristianismo vive num intervalo entre o núncio do fim, deito por Jesus, e o cumprimento deste anúncio. São dois mil anos de intervalo, de tempo suplementar”.
- Sobre o Jesus daquele livro “É um Jesus em carne e osso, um Jesus ainda vivo, que está um tempo na oficina de carpinteiro do seu pai, até começar a sua missão. Vive num território ocupado militarmente por uma nação hostil, a maior potência militar. E pode dizer «dai a César o que é de César», porque nada naquela moeda tem poder sobre o mundo. Por isso, é uma figura em carne e osso. Um hebreu daquele tempo”.
Sinodalidade e sinonulidade
Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...