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terça-feira, 23 de agosto de 2016

50 anos da morte de Louis Lebret, op


O padre Louis-Joseph Lebret, que muito influenciou a encíclica paulina "Populorum progressio", morreu no dia 20 de julho de 1966, há meio século, portanto. O Osservatore Romano publicou há dias um artigo sobre este padre dominicano que muito influenciou a Doutrina Social da Igreja. Em português, pode ser lido aqui.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Papa elogia "cartoneros"

O Papa gravou um vídeo e elogiou o trabalho dos "cartoneros", porque reclicam o lixo, fazem um trabalho "ecológico", e fazem um trabalho produtivo, "uma produção que fraterniza e dá dignidade ao próprio trabalho".

A esquerda (certa esquerda, right) que tanto elogiou o "economia mata" de "Evangelii Gaudium" vai elogiá-lo agora? Gostava de ver. E a direita que tanto o temeu tem aqui um bom motivo de meditação.

O vídeo, na realidade, mostra que os óculos mais adequados para interpretar a economia franciscana não é a idelogia mas a profecia. Sempre e em qualquer lado. Quem tem olhos e ouvidos...

domingo, 15 de dezembro de 2013

Henrique Montreiro: "O Papa Francisco e o 'arrependimento' da esquerda"

Henrique Monteiro, no "Expresso":


A esquerda não costuma gostar de Papas. Não gosta do que é transcendente, não racional, embora adore o lado emocional das manifestações e dos discursos, e tem da Igreja sempre a ideia da Inquisição, como se a Inquisição tivesse acontecido antes de ontem e não tivesse, mesmo no séc. XVI, sido imposta pelo Estado e pelo poder político que a esquerda gosta de contrapor à Igreja.

Sendo laico, embora crente, concordo com a estrita separação de Igreja e de Estado e penso que um e outro devem viver o mais independentemente possível. Congratulo-me por perceber ser esse o pensamento do Patriarca de Lisboa e, de um modo geral, da Igreja moderna. Por isso não entendo a militância anti-religiosa que parece ser apanágio da parte mais ativa da nossa esquerda militante.

João Paulo II que disse umas verdades acerca do Leste europeu quando este era dominado pelo comunismo, foi por eles abominado. Bento XVI que disse umas verdades acerca da natureza da Teologia da Libertação, era odiado ("o pastor alemão") ainda que seja um dos grandes intelectuais europeus. Chegou Jorge Bergoglio (após a resignação de Bento XVI, num exemplo de retiro e abdicação do poder que quase nenhum político teve coragem) e, para não variar, a esquerda inventou uma cumplicidade do antigo Cardeal de Buenos Aires com a ditadura argentina.

A coisa foi desmentida e, finalmente, desmontada. O Papa revelou-se uma pessoa diferente, mais aberta, mais expansiva, mais ousada. E disse duas ou três coisas sobre o dinheiro e o capitalismo que, por acaso, os seus diversos antecessores já tinham também dito; mas parte da esquerda, que nunca olhou para a doutrina, mas apenas para o estilo, passou a endeusá-lo. Não me refiro aos católicos de esquerda, que são uma corrente respeitável da Igreja e que preferem seguramente o seu envolvimento mais próximo dos simples, mas àqueles que sendo "ateus, graças a Deus" a contra as hierarquias religiosas descobriram há apenas um mês:  que a mensagem da Igreja há muito que é contra o "consumismo", a "ditadura dos mercados" e o "lucro desenfreado". Ou seja, que não foi Bergoglio a doutrinar, que o Papa apenas citou o que está nas escrituras e em encíclicas há muito escritas, desde a Rerum Novarum, de Leão XIII, escrita em 1891: "Os trabalhadores, isolados e sem defesa têm-se visto, com o decorrer do tempo, entregues à mercê de senhores desumanos e à cobiça de uma concorrência desenfreada. A usura voraz veio agravar ainda mais o mal. Condenada muitas vezes pelo julgamento da Igreja, não tem deixado de ser praticada sob outra forma por homens ávidos de ganância, e de insaciável ambição" - este texto tem 123 anos.

Mas há mais antigos: "Ninguém pode servir a dois senhores; ou não gostará de um deles e gostará do outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6:24) - assim resumia São Mateus o pensamento de Cristo. " A raiz de todos os males é a ganância do dinheiro" (primeira carta a Timóteo, de São Paulo).

Não há dúvida que a doutrina é antiga. Pelo que o súbito amor da esquerda pelo Papa tem o sabor de uma conversão: não do Papa, como pretende a esquerda, mas da própria esquerda. E como também está escrito (São Lucas), "haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por 99 justos".


Haja fé!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Bento Domingues: "O advento inesperado"

Bento Domingues no "Público" de hoje (aqui).

1. Hoje, é o primeiro Domingo do Advento, um tempo dedicado a preparar a celebração do nascimento de Jesus. A selecção de leituras bíblicas está feita, os cânticos escolhidos. É previsível o que será dito nas homilias. Se alguma surpresa surgir só poderá vir do Papa Francisco.

Tinha acabado de escrever este parágrafo, quando me telefonaram do Diário de Notícias a pedir um primeiro comentário à Exortação papal Evangelii Gaudium. Acabava de chegar de Ponta Delgada, onde tinha ido participar na XIX Semana Bíblica Diocesana. Cheguei sem saber absolutamente nada acerca dos últimos atrevimentos do Bispo de Roma que, como li depois, se confessa aberto a novas sugestões, pois não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo (16). 

A crónica que tinha preparado era provocada pelo crescimento dos nossos multimilionários e pelos da ilha Hainan (China), nas suas faustosas e ridículas exibições. Um deles, Xing Libin, gastou no casamento da filha, 8.455 milhões de euros, e além desta miséria só lhe ofereceu seis Ferraris. Esta humilhação, esta ofensa directa ao mundo da pobreza e da miséria enojou-me. A indignação do Papa brota da mesma fonte donde vem a sua alegria: a intimação do Evangelho a mudar as comunidades católicas e o mundo.

Esta tentativa de mobilização de toda a Igreja para uma evangelização nova é também o enterro do estilo rançoso que, vindo de muito antes, lançou e acompanhou, durante anos, a chamada “nova evangelização”.

Não resisto a transcrever algumas passagens deste longo documento - nunca enfadonho - sobre o tema que eu tinha destinado para esta crónica. Tentarei, em breve, partilhar outra leitura deste conjunto de notas franciscanas unidas pela alma que em todas palpita e dá ritmo ao conjunto.

A necessidade de resolver as causas estruturais da pobreza não pode esperar (202).

2. Assim como o mandamento "não matar" põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer "não a uma economia da exclusão e da desigualdade social". Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. (…) Os excluídos não são "explorados", mas resíduos, “sobras” (53).

Neste contexto, alguns defendem ainda as teorias da "recaída favorável" que pressupõem que todo o crescimento económico, favorecido pelo livre mercado, consegue, por si mesmo, produzir maior equidade e inclusão social, no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos factos, exprime uma confiança vaga e ingénua na bondade daqueles que detêm o poder económico e nos mecanismos sacralizados do sistema económico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar. Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos darmos conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espectáculo que não nos incomoda nada (54).

3. As mulheres não vão gostar de ler, neste belo documento, que o sacerdócio está reservado aos homens e que esta é uma questão que não se põe em discussão. Quem a retirou da discussão foi João Paulo II, em 1994, mas continua a ser cada vez mais discutida. O Papa Francisco considera, por outro lado, que aí está um grande desafio para os Pastores e para os teólogos, que poderiam ajudar a reconhecer melhor o que isto implica, no que se refere ao possível lugar das mulheres onde se tomam decisões importantes, nos diferentes âmbitos da Igreja (104).

As mulheres não se vão esquecer de lhe lembrar que já existem muitas teólogas e que a Comissão Pontifícia Bíblica, em 1993, reconheceu a abordagem feminista da Bíblia. Em Portugal, existe a Associação de Teologias Feministas. Esta, como outras organizações, não deixarão de apresentar sugestões ao Papa Francisco para novos documentos, como aliás, ele não cessa de lembrar (16).


Sem a participação activa das mulheres não há Igreja de Jesus Cristo.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pacheco Pereira: "O Papa bolchevista"

José Pacheco Pereira na "Sábado" de ontem. Vou ter mesmo de analisar as afirmações do Papa, uma a uma. Há que responder a isto: Ele está contra o capitalismo ou contra os exageros do capitalismo? Não é possível capitalismo sem exageros? O capitalismo é intrinsecamente mau ou só os capitalistas? Há um ou vários capitalismos? O capitalismo é sempre tirania ou há capitalismos sem tirania? E a tirania só surge no capitalismo? O mal é o capitalismo financeiro ou o capitalismo tout court? E se não quisermos capitalismo, o que temos? Ou resta o capitalismo com ética, com lei, democrático?

Ai, tempos tão bons estes, em que só os infelizes passam tédio.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Viriato Soromenho-Marques: "Um cristão em Roma"


Viriato Soromenho-Marques no DN de hoje. Anda meio mundo encantado com as tiradas economicossociais do Papa Francisco. Gostava de ter ideias mais claras sobre o que o Papa pensa da economia (e de outros assuntos, mas esses outros dois não são para aqui chamados) para lá dos apelos à ética. Tenho impressão que a Doutrina Social da Igreja é bem mais equililibrada. Digo mesmo: não tão panfletária. Havemos da falar disso.

Papa Francisco: "Como disse Mário Soares, a nova tirania económica gera violência"


No "Público" de hoje. Consta que o Papa há dias disse: "Como disse o Papa Soares, a nova tirania económica gera violência".

Mais a sério, considero que há um aproveitamento soarista das palavras do Papa. Um venezuelano, no meio do madurismo, por razões completamente diferentes, poderá invocar as mesmas palavras do Papa... Considero, por outro lado, que é preciso estudar - coisa que ainda não fiz, nem prevejo fazer tão cedo, infelizmente - o que o Papa tem realmente dito sobre a economia. Sem dúvida que tem criticado o capitalismo, mas daí até ser anticapitalista como alguns dizem vai uma grande distância. O capitalismo sem ética humanista e mesmo cristã, como qualquer atividade sem ética, é detestável. No caso de Portugal, na situação que Mário Soares tem em vista, o culpado é o capitalismo sem limites ou não será antes e primeiro a indisciplina e má gestão do próprio país? (Claro que há vida para lá do défice. É péssima.)

Nove números da exortação, do 52 ao 60, são sobre a questão económica. O primeiro é este:
A humanidade vive, neste momento, uma viragem histórica, que podemos constatar nos progressos que se verificam em vários campos. São louváveis os sucessos que contribuem para o bem-estar das pessoas, por exemplo, no âmbito da saúde, da educação e da comunicação. Todavia não podemos esquecer que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas consequências. Aumentam algumas doenças. O medo e o desespero apoderam-se do coração de inúmeras pessoas, mesmo nos chamados países ricos. A alegria de viver frequentemente se desvanece; crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver, e muitas vezes viver com pouca dignidade. Esta mudança de época foi causada pelos enormes saltos qualitativos, quantitativos, velozes e acumulados que se verificam no progresso científico, nas inovações tecnológicas e nas suas rápidas aplicações em diversos âmbitos da natureza e da vida. Estamos na era do conhecimento e da informação, fonte de novas formas dum poder muitas vezes anónimo.
Realço esta afirmação:
Todavia não podemos esquecer que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas consequências.
Quem dera à maior parte da humanidade poder queixar-se do capitalismo (numa democracia liberal). A maior parte da humanidade, a que vive pior, na realidade vive numa era pré democrática e pré-capitalista.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ensinamentos magisteriais: Zamagni, coautor da "Caritas in veritate"


É óbvio que não são os papas que escrevem as encíclicas de uma ponta à outra, principalmente as que abordam assuntos sociais.

Jean-Yves Calvez escreveu partes da "Populorum progressio". Ratzinger e Fisichella escreveram a "Fides et Ratio" ("FR", que alguns dizem ser, afinal, de Fisichella et Ratzinger), que não é de assuntos sociais. E agora não me lembro do nome do jesuíta que redigiu partes da "Quadragesimo anno" (mas logo à noite a minha memória será reavivada com uns apontamentos que não tenho aqui). Ora, um comunicado da Santa Sé deixou escapar que Zamagni colaborou na "Caritas in veritate".

Sandro Magister escreveu no seu blog (mas li aqui):
O fato de Zamagni ter sido um dos especialistas consultados para a escritura da "Caritas in veritate" era dito e escrito há muito tempo, sem quaisquer desmentidas. A mesma coisa foi dita e escrita por Ettore Gotti Tedeschi. Mas que uma indiscrição de tal porte figure em um comunicado da Santa Sé, não, isso nunca tinha acontecido, ainda mais para uma encíclica de 2009, tão próxima nos anos e com o seu autor ainda vivo. 
 De fato, alguns no Vaticano devem ter percebido tal passo em falso. Ao imprimir algumas horas depois o mesmo comunicado da nomeação de Zamagni, o "L'Osservatore Romano" cortou as duas linhas fora de lugar. Mas que permaneceram página web da Sala de Imprensa vaticana. 
 Se não é mais secreta a identidade de um dos escritores da Caritas in veritate, resta agora descobrir quem escreveu aquelas duas linhas. Normalmente, os perfis biográficos publicados pelo Vaticano são misturados com a farinha do recém-nomeado.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Sol para D. José Policarpo


Diz o comentário do "Sol" de sexta-passada que as palavras de D. Policarpo contrariaram "alguns bispos". Sim, contrariaram alguns bispos e indignaram muitos católicos que em blogues e no facebook mandaram o patriarca emérito estudar doutrina social da Igreja. Neste ponto em concreto, pelo menos, ele está bem informado da DSI, que em nenhum dos seus ensinamentos defende a irresponsabilidade que diz que as dívidas não devem ser pagas. Por exemplo.

domingo, 20 de outubro de 2013

Bento Domingues: "De quem é a doutrina social da Igreja?"

Conclusão do texto de Bento Domingues no "Público" de hoje:

Ao regressar à eclesiologia do Vaticano II, o Papa Francisco não se cansa de repetir que a Igreja somos todos nós. Sendo assim, a DSI terá de resultar das respostas que a pluralidade das comunidades cristãs, situadas em culturas diferentes, souberem dar a antigas e novas perguntas: que fizeste do teu irmão? Que economia é essa que tem no centro o culto idolátrico do dinheiro e exclui os doentes, os idosos, os jovens e as crianças? Que religião é esta que reza o Pai-Nosso e tem uns irmãos à mesa e outros à porta? 
E se trocássemos umas ideias sobre isto? 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O quadrilátero que aprisiona a DSI

Joseph Gremillion, no seu livro de 1976, "The Gospel of Peace and Justice", escreveu que a doutrina social da Igreja estava limitada por um quadrilátero formado por Paris, Bruxelas, Munique e Milão, ignorando a experiência americana. Isto foi antes de João Paulo II e Bento XVI. Mantém-se a crítica? Se tivermos em conta os documentos papais talvez não, por causa da "Centesimus annus" e da "Caritas in veritate". Mas nas bases...

Mas quem é este Gremillion? Catholic priest who served as pastor of St. Joseph Parish, Shreveport, La., 1949-1958; secretary of the Pontifical Commission Justice and Peace, 1967-1974; and co-chairman of the Notre Dame University Committee on Social Development and Peace (daqui).

domingo, 25 de agosto de 2013

António Borges: A Doutrina Social da Igreja é "muito inspiradora"

António Borges (1949-2013)

Excerto de uma notícia da Agência Ecclesia, em 25 de fevereiro de 2013 (daqui):
O economista António Borges considera que a Doutrina Social da Igreja é “muito inspiradora” para o momento de crise que se vive em Portugal. 
Após a conferência que fez, este sábado, em Castelo Branco, sobre o tema ‘Gestor e Católico, um duplo desafio de responsabilidade social’, o economista e professor da Universidade Católica Portuguesa disse à Agência Ecclesia que existe “uma consciência cada vez maior” que os temas de responsabilidade social e justiça social são “centrais à política económica”.
O antigo diretor do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional defende que ser gestor e católico em simultâneo “é possível e dá outra qualidade à gestão”.

domingo, 5 de maio de 2013

Bento Domingues: "Ditadura do medo"


Bento Domingues no “Público” de hoje.

Importa que a DSI passe a ser reelaborada com o contributo de especialistas das ciências sociais. Qual é o papel da Doutrina Social dos Papas nas Universidades Católicas e das investigações das Universidades Católicas na elaboração da DSI? Mas, para se poder chamar, com verdade, DSI tem de seguir a eclesiologia do Vaticano II (Lumen Gentium, 36 e a Gaudium et Spes). A Igreja é constituída pelas mulheres e homens que se reconhecem em Jesus Cristo. Todos juntos, não teremos medo.

Texto na integra, aqui, a amanhã.

domingo, 21 de abril de 2013

A cultura dos protestantes é a que mais respeita a doutrina social da Igreja?


Vítor Bento

Reportando-se ao livro de Vítor Bento, “Euro Forte, Euro Fraco, Duas Culturas, Uma Moeda: Um Convívio (Im)possível?”, Vasco Pulido Valente diz, para a seguir discordar, que
as duas culturas de que fala o título são, como era fatal, a cultura dos países do Norte (a Alemanha, a Áustria, a Holanda, a Bélgica) e a cultura dos países do Sul (a Irlanda, a Itália, a Espanha, Portugal e a Grécia). As duas culturas têm uma "moral social" diferente e, como é lógico, diferentes "preferências sociais". A cultura do Norte tende a valorizar a lei, sobretudo a lei fiscal, promove a confiança colectiva e a confiança de cada cidadão no Estado. A cultura do Sul favorece a infracção, sobretudo a infracção fiscal, enfraquece a confiança colectiva e genericamente não permite uma sólida confiança no Estado.
O cronista defende que a visão de Vítor Bento não é realista nem bem fundamentada, até porque  “não nasceu por enquanto o economista capaz de se entender com o mundo como ele é”. Mas fiquei a pensar que os países do Norte, muito pouco católicos (talvez exceptuando a Bélgica e a Áustria – e não estão lá os escandinavos), são, afinal, os que mais seguem a doutrina social da Igreja católica.

domingo, 14 de abril de 2013

Jorge Miranda recorda a "Pacem in Terris


Texto de Jorge Miranda no "Público" de sexta-feira, 12 de abril.

A encíclica "Pacem in Terris" fez 50 anos no dia 11 de abril. Deveria ter recordado a data aqui, mas passou-me, como outras coisas por estes dias (incluindo algumas bastante curiosas com o Papa Francisco, mas sobre estas espero ainda escrever). O blogue Religionline recordou a encíclica aqui. E remeteu para alguns destes deste meu blogue.

quarta-feira, 20 de março de 2013

A penhora do Cristo-Rei e o beijo do cardeal



Ontem Belmiro de Azevedo disse que se não houvesse salários baixos, não haveria emprego. De imediato foi contrariado. Em particular, porque com salários baixos as pessoas pouco compram nas lojas do Sr. Sonae. E em geral, porque como alguns dizem, o consumo é que cria emprego, não os patrões (o que também não é linearmente verdade, mas não adianta entrar aqui em pormenores).

Em todo o caso, o que muito me admirou foi os patrões pedirem o aumento do ordenado mínimo. Não sei se a notícia era a mesma, porque desde há uns anos ver notícias na televisão, cá em casa, é coisa quase impossível a horas decentes, mas estava certamente no mesmo bloco temático.

Os patrões acham que o ordenado mínimo é curto. É mais do que curto, é miserável. Mas porque não o aumentam? É preciso o Estado aumentar o ordenado para os patrões o seguirem? Confesso que ver patrões queixarem-se que o Estado devia aumentar o ordenado mínimo foi dos episódios mais surreais dos últimos tempos.

E vai daí, fui ler a entrevista que Belmiro de Azevedo deu ao “Público” no dia 10 de março. Partilho agora estas pérolas, com destaque para o beijo do cardeal por o engenheiro ter evitado a penhora do Cristo-Rei. Também achei piada à sugestão de ler “O Mundo de Sofia” (da?) para ficar a saber tudo sobre filosofia e fé.


Revista 2 - É um homem católico?
Belmiro de Azevedo - Sou baptizado. Não fiz a segunda comunhão e agora vejo-me à rasca para rezar o terço. É o tal problema. Uma vez fui com a minha mulher a Coimbra quando morreu a irmã Lúcia e fui apanhado na fila e transformaram-me logo em crente. Não tenho nada contra. Esta história dos milagres não me incomoda nada. Quem acredita acredita.
Até há bem pouco tempo a Sonae era a única entidade a ter ganho uns milhões com o negócio em televisão?

... TVI?
De alguma maneira contratámos alguém, o José Eduardo Moniz [ex-director geral], que acabou por vir a ser, provavelmente, a pessoa mais importante da TVI dos últimos anos. Ele não tinha emprego. Conhecia-o de quando estudámos a entrada [da Sonae] na televisão. E, então surgiu aquela hipótese, pois a Igreja estava com alguns problemas.

Estamos em 1998 [aquisição e venda de créditos da TVI pela Sonae Tecnologias]?
Sim. Até levei um beijo na testa do cardeal-patriarca que estava no Centro Cultural de Belém. Fui ter com o João Salgueiro [presidente da CGD] para saber se a CGD ia executar a penhora que estava a garantir a dívida da Igreja. Sabem o que estava penhorado? O Cristo-Rei e o Santuário de Fátima. A Sonae assumiu a posição na TVI e assegurou que ia estudar uma solução que possibilitasse à CGD não fazer a penhora. As responsabilidades foram transferidas para nós. Estivemos lá mais ou menos seis meses. O Paes do Amaral arranjou o dinheiro, levantou-o e pagou tudo.

(…)
Como é que olha para a decisão de Bento XVI de resignar?
O Papa de quem mais gostei foi o João Paulo II. Sabe porquê? Porque era jogador de futebol. É outra louça. Uma vida frugal. Nesse aspecto senti-me mais próximo dele.

Compreende a decisão de Bento XVI?
Já devia ter feito há mais tempo. Uma vez, numa entrevista, na televisão, o bispo de Setúbal apertou-me: "Mas você tem ou não tem fé?" Respondi-lhe: "Se calhar a minha fé não é a sua definição de fé." Ter fé é diferente de se saber que o mundo vai ser diferente e que devo adaptar-me a essa mudança. Tenho fé de que o mundo vai ser sempre melhor. Agora, quem é o artista que está por detrás, quem fez o Universo... Devem ler o livro "O Mundo da Sofia" [Jostein Gaarder] e ficam a saber tudo sobre filosofia e sobre fé. A ideia de que existe um ser humano que concentra todos os poderes e insistir que um indivíduo, quando se sabe que não há nenhum corpo humano que não fique cada vez mais debilitado à passagem do tempo, deve ser Papa até ao fim, é uma coisa tola.

A Igreja deve adaptar-se aos novos tempos?
Há medida que a idade avança, até podemos ficar mais sábios, mas somos sábios mais ignorantes. Portanto, o Papa tomou a decisão correcta e a minha convicção é que daqui para a frente não voltará a haver cargos vitalícios. Foi esta, aliás, a decisão que tomei quando disse que não queria ter lugares executivos no grupo com mais de 70 anos. Vou fazer outras coisas que podem ser mais úteis.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...