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sábado, 22 de maio de 2010

22 de Maio de 337. Morre o imperador Constantino

Constantino no Museu Capitolino, Roma

O imperador Constantino, santo para os ortodoxos (os do Oriente), mas apenas “o Grande” para os latinos (os Ocidente), morreu no dia 22 de Maio de 337. Nasceu em 272, foi co-imperador com Licínio, de 306 a 324, e imperador único, de 324 a 337. O seu nome completo era César Flávio Valério Aurélio Constantino Augusto.

Constantino tem grande importância para o cristianismo por dois ou três motivos. Deu a liberdade de religião aos cristãos através do Édito de Milão (313), ao contrário do antecessor Diocleciano, que promoveu das perseguições mais duras. E convocou o Concílio de Niceia, há dias aqui lembrado. Foi, por fim, o primeiro imperador cristão. Mas só se baptizou perto da morte.

Tem-se tido (é a tese de Dan Brown no “Código da Vinci” e de seitas como as Testemunhas de Jeová) que Constantino é pai do cristianismo de tradição católica. Tal tese fundamenta-se nos relatos do historiador eclesiástico Eusébio de Cesareia, que na sua “História da Igreja” dá grande destaque à influência de Constantino no Concílio de Niceia. Na realidade, tanto Eusébio como Constantino eram simpatizantes do arianismo – a heresia derrotada em Niceia. Por outros escritos, tais como os de Atanásio de Alexandria, sabe-se que a influência de Constantino foi residual e que o ressentimento da derrota conciliar levou a que Atanásio e outros fossem perseguidos pelo imperador no pós-concílio. Outro sinal do arianismo de Constantino ficou patente com o baptismo, que só aconteceu após a Páscoa de 337 (o imperador morreria no dia de Pentecostes, isto é, 50 dias após a Páscoa). Constantino escolheu como ministro do baptismo um outro Eusébio, o bispo de Nicomédia, que após o Concílio (por volta de 328) tinha dado protecção nem mais nem menos que ao padre Ario.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

20 de Maio de 325. Tem início o Concílio de Niceia

Quando os católicos ao domingo dizem “Creio em um só Deus…”, estão a citar o Concílio de Niceia (com mais uns acrescentos do de Constantinopla), que começou no dia 20 de Maio de 325 e terminou no dia 19 de Junho seguinte.

O Concílio de Niceia é o primeiro concílio ecuménico (ou seja, para todos, universal) e foi convocado para debater o arianismo, heresia que dizia que Jesus Cristo era um simples enviado de Deus, uma criatura de Deus, sem ser verdadeiro Deus. A heresia teve origem no padre Ario, um sacerdote líbio que vivia em Alexandria (Egipto).

No Concílio, convocado pelo imperador Constantino, que entretanto se tinha mudado de Roma para Nicomédia (actual Izmit, na Turquia; em 330 mudar-se-ia para Bizâncio/Constantinopla/Istambul), na parte oriental do império, e ficara alarmado com as divisões dos cristãos, participaram trezentos bispos. São conhecidos os nomes de duzentos.

Os relatos da época, principalmente do historiador Eusébio de Cesareia, descrevem a recepção do imperador aos bispos e próprio evento como se fosse a antecipação do Reino dos Céus: “Tinham a impressão de que antegozavam o Reino de Cristo, e o acontecimento parecia-lhes mais próximo do sonho que da realidade”. O imperador tudo fez para que o Concílio fosse uma coisa pomposa, tendo emprestado diligências para transportar os bispos de todos os lugares onde havia cristãos.

No Concílio, as posições de Ario são condenadas. Como se sente a necessidade de definir uma doutrina precisa, proclama-se um Credo (ou “symbolum”). Na base do Credo de Niceia e do actual está o que se proclamava em Cesareia e que os bispos em Niceia aceitam, acrescentando o termo “homo ousios” (“da mesma substância”). Ou seja, o Filho é da mesma “ousia” que o Pai. “Homoousios tou Patrou”. “Consubstancial ao Pai”.

No Concílio teve grande preponderância Alexandre de Alexandria e o ainda diácono Atanásio, seu colaborador. Nos anos que se seguiriam, Atanásio, bispo de Alexandria, seria um dos grandes defensores de Niceia.

Curiosamente, Constantino, que por essa altura ainda não era baptizado, tinha simpatias pelo arianismo. O arianismo teológico parecia-lhe mais conveniente para o seu poder político (o imperador absoluto na terra como Deus-Pai absoluto no céu). Acontece que Deus é Trindade. Se quisermos um regime político que melhor reflicta esse dogma, nunca poderá ser um que concentre poderes.

sábado, 20 de junho de 2009

Um outro fervor

“Todos os locais da cidade estão cheios destas conversas, as ruas, as encruzilhadas, as praças, as avenidas. Falam os vendedores de tecidos, os cambistas, os merceeiros. Se perguntas ao cambista o câmbio de uma moeda, ele responde-te com uma dissertação dobre o gerado e o não-gerado. Se queres saber da qualidade e do preço do pão, o padeiro responde-te: “O Pai é o maior, e o Filho está-lhe sujeito”. Quando perguntas nas termas se o banho está pronto, o gerente declara que o Filho proveio do nada. Não sei que nome hei-de dar a esta doença; exaltação, raiva…”

Gregório de Nissa (330-395), neste texto retirado de “Sobre a divindade do Filho e do Espírito Santo”, fala do fervor teológico, ou pelo menos cristológico, do ambiente em que viveu. As frases que cita são de adeptos do arianismo, uma heresia que submetia Jesus a Deus-Pai. Para o arianismo (do padre Ario, que viveu de de 256 a 336, em Alexandria), o Filho era uma criação do Pai e não eram da mesma substância. Contra o arianismo, o Concílio de Niceia proclamou que o Filho “é gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.

Porquê o texto de Gregório de Nissa? É uma mera invocação de um clássico motivada pelo fervor missionário coreano.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...