quinta-feira, 20 de maio de 2010

20 de Maio de 325. Tem início o Concílio de Niceia

Quando os católicos ao domingo dizem “Creio em um só Deus…”, estão a citar o Concílio de Niceia (com mais uns acrescentos do de Constantinopla), que começou no dia 20 de Maio de 325 e terminou no dia 19 de Junho seguinte.

O Concílio de Niceia é o primeiro concílio ecuménico (ou seja, para todos, universal) e foi convocado para debater o arianismo, heresia que dizia que Jesus Cristo era um simples enviado de Deus, uma criatura de Deus, sem ser verdadeiro Deus. A heresia teve origem no padre Ario, um sacerdote líbio que vivia em Alexandria (Egipto).

No Concílio, convocado pelo imperador Constantino, que entretanto se tinha mudado de Roma para Nicomédia (actual Izmit, na Turquia; em 330 mudar-se-ia para Bizâncio/Constantinopla/Istambul), na parte oriental do império, e ficara alarmado com as divisões dos cristãos, participaram trezentos bispos. São conhecidos os nomes de duzentos.

Os relatos da época, principalmente do historiador Eusébio de Cesareia, descrevem a recepção do imperador aos bispos e próprio evento como se fosse a antecipação do Reino dos Céus: “Tinham a impressão de que antegozavam o Reino de Cristo, e o acontecimento parecia-lhes mais próximo do sonho que da realidade”. O imperador tudo fez para que o Concílio fosse uma coisa pomposa, tendo emprestado diligências para transportar os bispos de todos os lugares onde havia cristãos.

No Concílio, as posições de Ario são condenadas. Como se sente a necessidade de definir uma doutrina precisa, proclama-se um Credo (ou “symbolum”). Na base do Credo de Niceia e do actual está o que se proclamava em Cesareia e que os bispos em Niceia aceitam, acrescentando o termo “homo ousios” (“da mesma substância”). Ou seja, o Filho é da mesma “ousia” que o Pai. “Homoousios tou Patrou”. “Consubstancial ao Pai”.

No Concílio teve grande preponderância Alexandre de Alexandria e o ainda diácono Atanásio, seu colaborador. Nos anos que se seguiriam, Atanásio, bispo de Alexandria, seria um dos grandes defensores de Niceia.

Curiosamente, Constantino, que por essa altura ainda não era baptizado, tinha simpatias pelo arianismo. O arianismo teológico parecia-lhe mais conveniente para o seu poder político (o imperador absoluto na terra como Deus-Pai absoluto no céu). Acontece que Deus é Trindade. Se quisermos um regime político que melhor reflicta esse dogma, nunca poderá ser um que concentre poderes.

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