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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O primeiro homem-hortaliça

Circulam por aí umas declarações do Papa Francisco sobre o não-fogo do inferno e a não realidade-física do par Adão e Eva. Parece que a coisa é falsa. Pelos menos, não se encontra a fonte. A mim, muito me admira que este tipo de afirmações ainda cause espanto e partilhas no Facebook por parecerem novidade. Em relação a Adão e Eva, estamos pelo menos 250 anos atrasados - o que não quer dizer que não tenham significado.


Como dizia o outro, se Adão existiu mesmo, foi o primeiro homem-hortaliça.
- Como?
 - Sim, foi o primeiro homem q'houve.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Pecado original segundo Alain de Botton


Não é difícil acreditar no pecado original. Para quem é crente, o pecado está demasiado patente para não nos marcar até para lá da medula. O difícil é acreditar na roupagem do pecado original, incluindo as frases do catecismo. E o nome, que remete para a origem.

Lembrei-me disto ao ler uma passagem de "Religião para ateus", de Alain de Botton, livro muito aconselhável, a bispos, padres, seminaristas e gente empenhada na Igreja de uma forma geral. Diz ele a certo ponto (pág. 112) sem falar de "pecado original":
"(...) O cristianismo (...) tem um conceito inteiramente diferente da natureza humana. (...)Acredita que, no fundo, somos criaturas desesperadas, frágeis, vulneráveis e pecadoras, muito menos sábias do que bem informadas, sempre à beira da ansiedade, torturadas pelas nossas relações, com pavor da morte - e, acima de tudo, com necessidade de Deus".

sábado, 3 de novembro de 2012

Anselmo Borges: Luto(s). As lágrimas de Deus


Texto de Anselmo Borges no Diário de Notícias de hoje. Daqui.
O da semana passada, sobre o mesmo tema, pode ser lido aqui.

Como escrevi aqui no sábado passado, o luto é dor pela perda, principalmente pela morte de alguém. Há muitos tipos de perda, mas a perda principal é a morte. Quanto mais fortes forem os laços com alguém maior a dor e o luto, que pode considerar-se o outro lado do amor.

O luto, excepto quando não houve o trabalho sadio do luto e, assim, se tornou patológico, não é, pois, uma doença, mas tão-só a expressão da dor pela morte de alguém significativo.

Trata-se de uma dor que afecta as múltiplas dimensões do ser: física, psíquica, espiritual, social, sendo, por isso, a reacção à perda igualmente variada: choque, negação, tristeza, depressão, culpabilização, raiva, ansiedade, desinteresse pela vida quotidiana, fadiga, desamparo, com expressões físicas, como perturbações do sono, problemas gástricos, sensação de vazio físico e psíquico...

Há vários tipos de luto. Pode ser antecipado: face à perda iminente de alguém. Há o luto caracterizado como ambíguo: pense-se no caso da perda por ocasião de um rapto e se ignora se a pessoa está viva ou morta ou no caso de se viver em presença de uma pessoa com Alzeihmer: ela ainda está viva e já está "morta". Há lutos mais complicados, porque não são ou podem não ser reconhecidos: pense-se no caso dos homossexuais, que perdem o/a companheiro/a, ou dos que perdem o/a "amante". Há lutos retardados: não foram feitos no devido tempo, e lutos crónicos: as pessoas nunca mais enterram os seus mortos e as energias ficam todas fixadas no passado, instalando-se a incapacidade de reintegração na sociedade e reinvestimento na vida que continua. Há lutos encobertos: o luto não foi elaborado em termos sadios e manifesta-se de modo mascarado, por exemplo, numa doença pela qual, inconscientemente, se quer chamar a atenção. Para a morte de um filho nem há nome: quem perde o pai ou a mãe fica órfão, o viúvo ou a viúva perderam a mulher ou o marido; mas que nome se dá ao pai ou à mãe que perderam um/a filho/a?

No luto, elabora-se a dor e aprende-se a pensar sem culpa sobre a perda, a exprimir sentimentos e a partilhá-los. É uma resposta física, emocional, cognitiva, social e espiritual a uma perda significativa.

O que se pretende é o caminho da aceitação da realidade - superar a negação, aceitar a morte como morte. Mesmo que possa haver alucinações, é preciso compreender e aceitar que a morte é morte e que o morto nunca mais regressa a este mundo. Por outro lado, dar expressão aos sentimentos e partilhá-los: nomear o que se sente. Os sentimentos não são morais, lembra o especialista José Carlos Bermejo - este texto é devedor a um Simpósio sobre o tema, organizado em Ponta Delgada pelo Padre Paulo Borges, no qual também participou.

Outro objectivo: adaptar-se ao ambiente em que o defunto já não está, o que implica a capacidade de, com o tempo, desmontar os lugares e as coisas do morto: é preciso fazer as pazes com os espaços do outro definitivamente ausente, e compreender que é necessário investir noutras realidades - investir energia emotiva noutras tarefas e relações. Pode-se de novo viajar, sorrir, viver a vida.

O caso das crianças é especial. Não se deve mentir, dizendo, por exemplo, que a pessoa querida foi viajar, pois isso significaria que a abandonou, mas deve-se perguntar pelas suas preocupações, fomentar o diálogo e a recordação, ouvi-las, permitir a participação em rituais, explicando e dirigindo-se expressamente a elas. Dizer claramente que se não compreende. Apresentar a natureza, onde também se morre, como comparação.

O luto é um processo, que pode durar 6 meses e pode ir até 1-2 anos. Os rituais - velório, enterro, cremação - têm papel decisivo. A religião pode ser uma ajuda fundamental, na medida em que vem em auxílio com a fé no Deus da Vida contra a morte.

E aí estão as pessoas, com a capacidade de acompanhar a pessoa enlutada, sabendo ouvi-la ou estar em silêncio, indo ao encontro das suas necessidades, deixando-a falar e chorar. Diz a tradição judaica que, quando Deus viu a tristeza de Adão e Eva, após a expulsão do paraíso, lhes deu as lágrimas como consolação. E no Talmude também se fala das lágrimas de Deus.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Como a serpente convenceu Eva



Ao contrário do que se diz, foi difícil convencer Eva a comer a maçã. Disse a serpente:
- Come e serás como os anjos!
- Não.
- Terás o conhecimento do Bem e do Mal.
- Não!
- Serás imortal.
- Não!
- Serás como Deus!
- Não e não!
- Emagrece!
- Hã?

sábado, 3 de dezembro de 2011

Anselmo Borges: Nem Eva, nem Adão, nem pecado original


Texto de Anselmo Borges no DN de hoje:

O que de modo grave infectou o cristianismo foi a doutrina infausta do pecado original. Escreveu o grande historiador católico Jean Delumeau: "Não é exagerado afirmar que o debate sobre o pecado original, com os seus subprodutos - problemas da graça, do servo ou livre arbítrio, da predestinação -, se converteu (no período central do nosso estudo, isto é, do século XV ao XVII) numa das principais preocupações da civilização ocidental, acabando por afectar toda a gente, desde os teólogos aos mais modestos aldeões. Chegou a afectar inclusivamente os índios americanos, que eram baptizados à pressa para que, ao morrerem, não se encontrassem com os seus antepassados no inferno. É muito difícil, hoje, compreender o lugar tão importante que o pecado original ocupou nos espíritos e em todos os níveis sociais. É um facto que o pecado original e as suas consequências ocuparam nos inícios da modernidade europeia o centro da cena mundial, sem dúvida muito atribulado."

Quando se fala em pecado original, é necessário atender ao seu significado. A língua alemã, precisa como é, distingue entre Ursünde (o pecado originário) e Erbsünde (o pecado herdado). O autor principal do pecado original enquanto herdado foi Santo Agostinho. Para explicar o mal, também o sofrimento e a morte, postulou que no pecado de Adão e Eva todos pecaram e não hesitou em deixar cair no inferno as crianças sem baptismo.

Neste contexto, Santo Anselmo, no quadro jurídico da doutrina da satisfação, ensinou que só a morte de Cristo na cruz podia pagar a dívida infinita da culpa do pecado. Só a morte do Filho podia aplacar a ira de Deus e reconciliá-lo com a Humanidade.

Jesus, porém, não falou em pecado original.

Depois, com a doutrina da evolução, como era possível conceber o pecado dos primeiros seres humanos (quem foram os primeiros?), ainda em processo de humanização, um pecado tal que tinha transformado a natureza das coisas?

Foi Hegel que viu bem: o que se chama pecado original não é senão uma metáfora para indicar a passagem da animalidade à humanidade, da saída do paraíso da inocência da inconsciência e da fusão com a natureza à consciência de si e da mortalidade: se comerdes da árvore do bem e do mal (como podiam pecar, se ainda não sabiam do bem e do mal?), sabereis que estais nus (cada um é ele mesmo, ela mesma, separados e já não fundidos com a natureza) e que sois mortais.

Agora, é Armindo Vaz, professor da Universidade Católica, que, numa obra de profunda e ampla investigação - Em vez de "história de Adão e Eva": O sentido último da vida projectado nas origens - vem esclarecer a problemática do Génesis, capítulos 2-3.

Evidentemente, só posso deixar algumas proposições inevitavelmente fragmentárias.

1. Trata-se de um mito de origem, e os mitos de origem são etiológicos, pretendem, projectado nas origens, "compreender, interpretar, dizer o sentido último, antropológico/religioso, das coisas da vida por meio da fé". 2. Adão e Eva não existiram: são personagens míticos e não históricos. 3. O "paraíso terreal" é o "pomar da várzea"; o que existe para a fé é, em esperança, o "paraíso celeste". 4. Com Adão e Eva, pretende-se exprimir a existência complementar do homem em relação com a mulher e vice-versa. 5. A nudez não é passível de interpretação sexual; o abrir-se dos olhos pelo conhecimento do bem e do mal é o evoluir do ser humano da incivilização para a civilização e a cultura. 6. Como se pode falar em pecado ou mal moral, se ao cometer a "transgressão" o Homem ainda não gozava de "conhecimento", que só adquire precisamente no acto de "comer" o fruto proibido? 7. Com o motivo da "árvore da vida", afirma-se que não pode viver para sempre, porque a imortalidade é prerrogativa exclusiva de Deus: o Homem não pode ser como Deus. 8. Não há ligação entre mal moral e mal natural.

Concluindo, o que este mito pretende é ligar os aspectos do mundo a uma Origem ou a um Criador divinos. Deus é apresentado como sentido último de tudo o que existe.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Cinco maçãs que mudaram o mundo (ou pelo menos algumas histórias)

 
 Adão e Eva e o pecado original

 Newton e a gravitação universal

Branca de Neve e a maneira como contamos histórias


 Beatles e o selo discográfico "Apple"

Steve Jobs e não é preciso dizer mais nada

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"O Vaticano não perdou Eva", diz Jorge Fiel

Quem está dentro pode sempre argumentar que não é discriminação a não ordenação das mulheres. Se o que está em causa é um direito e dever da Igreja (dever de perpetuar a memória de Jesus Cristo através da Eucaristia; direito das comunidades cristãs à Eucaristia; direito e dever de a Igreja ter os seus ministros), não se pode falar de um direito à ordenação enquanto direito individual. Neste sentido, nenhum homem tem direito à ordenação.


Mas para quem está mais ou menos fora da Igreja em termos de pertença efectiva, ainda que não de cultura, não há como não pensar em descriminação. É o caso de Jorge Fiel neste texto do JN de hoje.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

Adão e Eva



Dir: David Wilson / UK / 2010

A new creation myth is portrayed using mixed media and colourful set design. A young man gives birth to a star that brings life to his otherwise dark world.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

domingo, 13 de março de 2011

Jesus Cristo no Hospital S. Francisco Xavier


Adão e Eva em versão muçulmana

Jesus Cristo, cansado do tédio do Paraíso, resolveu voltar à Terra para fazer o bem. Procurou o melhor lugar para descer e optou pelo Hospital de S. Francisco Xavier, onde viu um médico a trabalhar há muitas horas e a morrer de cansaço.
Para não atrair as atenções, decidiu ir vestido de médico. Jesus Cristo entrou de bata, passando pela fila de pacientes no corredor, até atingir o gabinete do médico.
Os pacientes viram e comentaram:
- Olha, vai mudar o turno...
Jesus Cristo entrou na sala e disse ao médico que podia sair, dado que ele mesmo iria assegurar o serviço. E, decidido, gritou:
- Próximo!
Entrou no gabinete um homem paraplégico que se deslocava numa cadeira de rodas.
Jesus Cristo levantou-se, olhou bem para o homem, e com a palma da mão direita sobre a sua cabeça disse:
- Levanta-te e anda!
O homem levantou-se, andou e saiu do gabinete empurrando a cadeira de rodas.
Quando chegou ao corredor, o próximo da fila perguntou:
- Que tal é o médico novo?
Ele respondeu:
- Igualzinho aos outros... Nem exames, nem análises, nem medicamentos... Nada! Só querem é despachar.

Contribuições de Fernando Correia de Oliveira

domingo, 26 de dezembro de 2010

Policarpo em entrevista do DN

D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, deu uma entrevista ao "Diário de Notícias". Está em três partes, aqui, aqui e aqui. Fala de Sócrates, Cavaco e outras políticas. Reproduzo o final da primeira parte, que tem mais a ver a Igreja no mundo actual, ciência e Saramago (mas deixa uma dúvida: o entrevistador, João Céu e Silva, pensa que a Igreja interpreta literalmente o episódio de Adão e Eva?):


A Igreja Católica sobreviveu dois milénios. Acha que em 2100, com as mudanças que estão a acontecer no mundo, ainda terá o mesmo perfil de instituição?

Há coisas perenes na Igreja que, se não deixar de existir, não mudam. Uma delas é a fé e a sequência comportamental desse sentimento, a que chamamos moral. Depois, há a estrutura apostólica, que é o baluarte e a solidez que hoje se exprime pelos bispos. Isso não muda, mesmo que se alterem pequenas formas de ser. No que se refere à adaptação ao tempo, é próprio da Igreja moldar-se às mais variadas circunstâncias sociais.

O desenvolvimento muito grande das neurociências não vai desfazendo a crença?

Só a dos que tinham pouca fé. As ciências, por mais avançadas que sejam, ainda não inventaram nada. O que têm feito é descobrir o que Deus criou!

A Igreja resistiu ao fim da missa em latim mas se, entre outras, a imagem bíblica de Adão e Eva for desconstruída o que acontecerá aos fiéis?

Em Roma ainda se fala latim! No que respeita a outras mudanças, se elas se derem, a Igreja resiste com certeza. Já passámos há muito tempo a fase de ler a Bíblia literalmente como se lê um jornal. Todos sabem que na Bíblia a verdade é sugerida e não é descrita. Tem estilos literários, tem uma simbólica riquíssima e é preciso compreender a ancestralidade daquelas culturas. Há uma coisa que na nossa cultura ocidental temos vindo a perder progressivamente, que é o valor do símbolo e da simbólica. E curiosamente somos obrigados a redescobri-la agora com a profusão da linguagem informática. Estive recentemente em Roma para o Conselho Pontifício para a cultura, que foi sobre as nossas linguagens, e vim de lá um pouco assustado.

Assustado com o quê?

Com os panoramas a médio e longo prazo do que será o mundo. Uma das coisas de que me apercebi foi que a linguagem que está a nascer é quase a reinvenção da escrita, daquele momento em que a humanidade transformou o dizer, o pensar e a fala em símbolos escritos. No Ocidente, perdemos muito o valor do símbolo, talvez devido à exactidão da ciência e da técnica e ao pragmatismo do racionalismo que invadiu a nossa cultura. Hoje, só os poetas é que ainda se vão safando com a simbólica... Ora é impossível ler a Bíblia sem ter uma estrutura simbólica. Eu não preciso de acabar com o Adão e a Eva porque, se eu não interpretar os capítulos primeiros do Génesis à letra, o Adão e a Eva não me incomodam nada, pelo contrário, têm uma riqueza de sugestão simbólica enorme. Às vezes há uma certa precipitação em pensar que podem substituir-se. Podem experimentar, mas não creio que seja fácil.

Acha que Deus perdoou a Saramago o livro Caim e as críticas ao Antigo Testamento?

Que Deus estaria disposto a perdoar Saramago, não tenho dúvidas nenhumas! Não sei é se o Saramago quis esse perdão. Eu fui um leitor assíduo de José Saramago e até admirador. Os grandes livros dele, eu li-os todos.

Inclusive o Evangelho?

Exactamente. Mas aí começa um bocado a sua decadência, é o livro que marca o fim daquela genica do José Saramago. O Caim, francamente, é um livro decadente, e acho que o deviam ter aconselhado a não o publicar.

Do resto da obra, o que é que acha?

É um autor raro, porque introduziu um estilo e lê-se com muito agrado. Aliava muito bem a objectividade da investigação histórica à ousadia do estilo. Há quem não aprecie, mas eu gosto de José Saramago.

E o Alcorão, já leu?

Li, claro.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Masaccio e Miguel Ângelo

Ontem lembrava aqui Masaccio, referindo a sua obra mais importante, mas omitindo a mais conhecida, “Adão e Eva Expulsos do Paraíso” (em cima), que influenciou determinantemente Miguel Ângelo na sua “Expulsão” do tecto Capela Sistina (em baixo).

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Devia ser como no cinema, a língua inglesa fica sempre bem"

What did Adam say on the day before Christmas?
It's Christmas, Eve!


What does Father Christmas suffer from if he gets stuck in a chimney?
Santa Claustrophobia!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Grandes figuras da Bíblia segundo Carreira das Neves

“É facto que os católicos, ao contrário dos protestantes, lêem pouco a Bíblia, porque, na tradição da Igreja Católica, a Bíblia não é uma entidade «divina» de per se, mas um meio – o maior e absolutamente necessário entre outros – para chegarmos a Deus, à fé cristã e à compreensão da Igreja”, escreve P.e Joaquim Carreira das Neves na “Introdução” de “As grandes figuras da Bíblia”.

Hoje, com tantos meios à disposição, se um católico desconhece o fundamental da Bíblia, a responsabilidade é exclusivamente dele, ainda que a Igreja em geral e as comunidades cristãs em especial pudessem fazer mais pela promoção da sua leitura.

Neste livro, o padre franciscano e professor de Teologia Bíblica traça “retratos” e “biografias” de protagonistas bíblicos, “em escrita corrida, sem descer a muitos pormenores filológicos, culturais e históricos”. “A intenção é apresentar um livro que todos os leitores possam entender”, por isso, deixou de lado “as argúcias exegéticas dos grandes comentadores da Bíblia, que enchem bibliotecas e revistas da especialidade”.

São 15 as grandes figuras da Bíblia, segundo o P.e Carreira das Neves. Algumas são inseparáveis do seu par e uma é colectiva, os profetas. As figuras estão distribuídas por 12 capítulos. Só uma é do Novo Testamento: Jesus Cristo.

Figuras: 1. Deus; 2. Adão e Eva; 3. Caim e Abel; 4. Noé; 5. Abraão; 6. Moisés; 7. David; 8. Salomão; 9. Profetas; 10. Elias e Eliseu; 11. Isaías; 12. Jesus.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Adão e Eva vão ao médico

"Adão e Eva no Paraíso", de Paul Rubens e Jan Brueghel, o Jovem

Ainda a propósito das escalas do tempo, é incrível a capacidade de acreditar no que é claramente desmentido pela ciência. Refiro-me aos fundamentalismos, mesmo de origem cristã, ou especialmente estes, que dizem que o primeiro par humano foi de facto constituído por Adão e Eva e que o mundo tem cerca de seis mil anos de existência (quatro mil antes e dois mil depois de Cristo), segundo uma interpretação literalista das primeiras páginas da Bíblia.

Mas como é que os do literalismo da Bíblia repudiam as descobertas científicas que dizem que o universo tem entre 13 e 15 mil milhões de anos, que a Terra existe há cerca de 4,5 mil milhões, e que o homem moderno deve ter uns 200 mil anos? A primeira via é dizer que os métodos científicos apoiam-se em conjecturas e suposições, pelo que os seus resultados não são fiáveis, muito menos definitivos. Na verdade, não são definitivos, mas, em geral, são cada vez mais precisos, com base no que já se sabe.

Mas o argumento mais incrível é este, retirado de um sítio fundamentalista: Se um médico tivesse examinado Adão e Eva no dia da sua criação, o médico teria feito uma estimativa de que tivessem 20 anos ou qualquer idade que aparentassem ter, quando, na verdade, Adão e Eva tinham menos de um dia de vida. O mesmo se passa com a Terra. Parece que foi criada há muito tempo, quando foi criada com estas camadas geológicas todas, com os fósseis e tudo, aparentando ter mais idade. A Terra é como Adão e Eva. Foi criada adulta e agora os iludidos pensam que ela evoluiu.

Ladrão generoso

"Adão e Eva dormem" - ilustração de "Paraíso Perdido", de John Milton

Um herético diz ao rabi Galamiel:
- O teu Deus é um ladrão! Não está escrito no livro do Génesis que ele fez adormecer Adão e lhe roubou uma das suas costelas para criar Eva?
A filha de Gamaliel respondeu prontamente:
- Vou chamar a polícia porque os ladrões roubaram um vaso de prata de dentro de casa e no seu lugar deixaram um em ouro.
O herético ainda afirma, antes de perceber o alcance da comparação:
- Eu não teria nada contra tais ladrões em minha casa.


História da tradição rabínica


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Romance de William Bloyd sobre a identidade

William Boyd, autor de “Armadillo”, “As Novas Confissões” e “Viagem ao Fundo de um Coração”, publicou recentemente em português “Tempestade” (ed. Casa das Letras). Um romance sobre a identidade.

Diz Boyd em entrevista ao “Ípsilon” que o protagonista, um cientista bem cotado em Londres, um climatologista, quando se vê obrigado a devorar uma gaivota bate no fundo, mas consegue inverter a sua queda. “A minha própria história é muito vaga”, diz William Boyd sobre a sua biografia, “e talvez seja essa a razão do meu interesse pelas questões da identidade”.

O protagonista anda fugido em Londres, por culpa de um crime que não cometeu, como Adão ficou perdido no lado de fora do paraíso após a lamentável desobediência gastronómica. Vivendo algures no séc. XXI, o herói ou anti-herói de "Tempestade" chama-se, muito justamente, Adam.

sábado, 21 de agosto de 2010

O Adão de Margaret Atwood

A escritora canadiana Margaret Atwood publicou em 2009 o livro “The Year of the Flood” [“O ano do dilúvio”]. Ainda não está traduzido em português (mas está Órix e Crex - o Último Homem”, de que a obra acima referida é sequela). Li no Ípsilon da última sexta-feira que a história decorre num tempo em que as espécies estão a transformar-se a uma enorme velocidade, “um sinal inequívoco da iminência de uma catástrofe”. “Adam One, o chefe da seita «Os Jardineiros de Deus», devotada à fusão da ciência com a religião e à preservação de toda a vida animal e vegetal, é o herói (…)”.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...