terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Como viver biblicamente

Outro documento como o do limbo? Deus queira que não

O Vaticano publica amanhã um documento sobre alguns aspetos da salvação.  Se for como o de 2007,  sobre o limbo, que afirma que...

...“existem fortes razões para esperar que Deus salvará essas crianças, já que não se pode fazer por elas o que se teria desejado fazer, isto é, batizá-las na fé e na vida da Igreja”...

...mais vale não publicarem nada.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O casamento no tempo de Jesus e no nosso

Isto não é para justificar o laxismo no casamento católico. É para questionar a continuidade do casamento cristão em relação ao casamento no tempo de Jesus. Quero sempre compreender melhor as palavras, valores e opções de Jesus, que são verdadeiramente libertadoras e apelam à soberania de Deus em todas as coisas. Também no casamento. E no recasamento, já agora.
Casamento no tempo de Jesus
- A poligamia era frequente (e ao contrário do que dizem os comentadores, também servia como metáfora da relação de Deus com o povo de Israel e Judá)
- O casamento de duas pessoas resultava do arranjo entre duas famílias
- As pessoas casavam por vontade dos pais; talvez a seguir viesse o amor entre o casal
- As meninas podiam ser dadas em casamento a partir dos 5 anos; 20 anos era o limite para se casar
- A mulher passava de uma família alargada para outra alargada, ficando no círculo das mulheres da nova família
- Quantos mais filhos, melhor; eram força de trabalho e segurança na velhice
- A esterilidade era uma maldição de Deus (hoje sabe-se que, em parte, era porque as meninas casavam-se impúberes) e era sempre da mulher
- A edução dos filhos era feita por um círculo alargado de pessoas, geralmente os tios
- O divórcio existia de acordo com a lei de Moisés e acontecia por vontade do homem (perece que em algumas comunidade helenizadas a mulher podia pedir o divórcio)
- No divórcio, a mulher ficava sempre com a pior parte: a família de origem sentia-se desonrada; a mulher ficava numa situação de desproteção (abandonada pela família do marido e geralmente ostracizada pela família de origem) e era criticada socialmente pelo divórcio
- No adultério não havia reciprocidade nem igualdade. Explico-me. Entendia-se que um homem (solteiro ou casado) só cometia adultério quando tinha relações com outra mulher casada (porque estava em causa o bem de outro homem). A mulher casada cometia adultério em qualquer situação (porque estava em causa o bem do seu homem). El qualquer situação, nunca está em causa o bem da mulher. Só do homem.

Hoje
- Não é permitida a poligamia
- O casamento é entre duas pessoas livres, independentemente da família
- O casamento dá-se por amor (na realidade, para a Igreja, o amor é indiferente; só conta a vontade)
- O casamento só pode acontecer a partir dos 16, 18 anos? Nem sei… Mas idade mudou. 20 anos é cedo.
- A mulher e o homem formam uma nova família
- Os filhos são tidos como despesa, pelo que poucos querem ter muitos
- A esterilidade nunca é uma questão de maldição de Deus; e pode ser do homem, da mulher, de ambos, de nenhum deles
- Os pais são os responsáveis pela educação dos filhos
- O divórcio civil pode acontecer por mútua vontade
- O divórcio, hoje, tem leis para proteger ambas as partes e os filhos
- O adultério é reciproco (apesar dos machismos todos que ainda existem).
Posto isto, tenho muitas dúvidas que a proibição do divórcio por Jesus (que em contexto judaico é essencialmente uma defesa da mulher e um meio de evitar o ódio entre clãs e famílias) tenha algo a ver com a indissolubilidade do casamento católico.

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...