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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Motivos para atender a Francisco

O chefe dos lefebvrianos, D. Bernard Fellay, diz que a “situação da Igreja é um verdadeiro desastre. O Papa atual está piorando 10.000 vezes a situação”.

E acrescenta:

“No início do pontificado do papa Bento XVI, disse, a Igreja continuava (piorando), mas o Papa estava procurando frear. É o mesmo que dizer: a Igreja continuava declinando, mas com um paraquedas. Já com o início do papa Francisco, disse, ele corta as cordas e coloca um foguete para ir para baixo”.

Se o tradicionalista assim argumenta, mais motivos temos para atender ao que Francisco diz, quer e faz. Li aqui.

Já nos EUA (o lefebvriano também falou no EUA), alguns católicos pedem ao Papa prudência (julgo que não é só lá; lá para os lados da Rua Ivens já pediram o mesmo; e alguns blogues pensam que o Papa ainda é Bento XVI)

...Francisco é um homem notável, ninguém pode negar isto. Contudo, não acredito que se preocupe em ser prudente”, destacou Robert Royal, presidente do “think tank” Fé e Razão. Em sua opinião, a dinâmica do Papa, orientada para a evangelização, “de alguma maneira provoca ansiedade nas pessoas”.

...enquanto outros sentem-se como o irmão do filho pródigo (e eu também já estive na pele de qualquer dos filhos do homem rico e misericordioso):

Gregory Popcak, assessor matrimonial católico em Ohio, ficou sem palavras quando alguns casais refutaram suas afirmações, citando palavras do papa Francisco. Primeiro, sentiu-se frustrado, depois ficou envergonhado, porque após ter refletido e rezado, percebeu-se como o irmão bom do filho pródigo, “o jovem bom que está no fundo e que obedece ao pai”.

Li aqui.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Uma questão de genes

Anda por aí alguma celeuma por o chefe dos lefebvriamos ter dito que os judeus são inimigos da Igreja deles - e parece que da nossa. Bernard Fellay afirmou, no dia 28 de dezembro, no Canadá: "Nós temos muitos inimigos, muitos inimigos. Mas, veja, é muito interessante. Quem, em todo este tempo, foi o mais hostil a que a Igreja reconhecesse a Fraternidade? Os inimigos da Igreja: os judeus, os maçons, os modernistas” (li aqui).

Federico Lombardi, chefe da sala de imprensa da Santa Sé, já veio dizer que o Vaticano rejeita formalmente a descrição dos judeus como sendo “inimigos da Igreja”.

Admiro-me com a repercussão das afirmações do lefebvriano, pois o carácter antissemita dos tradicionalistas, a começar pelo antissemitismo teológico, é evidente. É genético. Este assunto já por cá andou. Mas interrogo-me também sobre a pertinência do esclarecimento do porta-voz da Santa Sé. Até parece que havia dúvidas a esclarecer.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bento XVI contra os sofismas dos lefebvrianos


Futebol lefebvriano, como antes do Vaticano II, exceto a bola e as chuteiras. Será que os lefebrivanos seguem as alterações recentemente aprovadas pela FIFA?


No sábado passado, lefebvrianos emitiram um comunicado que diz a certa altura:
Sobre todas las innovaciones del Concilio Vaticano II que permanecen manchadas de errores y sobre las reformas que de él han salido, la Fraternidad sólo puede continuar adhiriendo a las afirmaciones y enseñanzas del Magisterio constante de la Iglesia; ella encuentra su guía en este Magisterio ininterrumpido que, por su acto de enseñanza, transmite el depósito revelado en perfecta armonía con todo lo que la Iglesia toda ha creído siempre y en todo lugar.
Isto foi no sábado. No domingo, o Papa foi a Frascati, a diocese que mais Papas deu depois de Roma, reafirmar o Vaticano II.

Notícia da Ecclesia:
Bento XVI defendeu hoje a necessidade de as comunidades católicas voltarem a ler, aprofundar e “colocar em prática” os ensinamentos saídos do Concílio Vaticano II (1962-1965).
“Os documentos do concílio contêm uma riqueza enorme para a formação das novas gerações cristãs. Releiam-nos, com a ajuda de sacerdotes e catequistas”, pediu, na homilia da missa a que presidiu (…).
Sobre esta visita, Giacomo Galeazzi escreveu no “La Stampa” de 16 de julho:
Nem corvos nem cismáticos irredutíveis perturbam o verão "conciliar" de Joseph Ratzinger. Do quartel general suíço dos lefebvrianos, chegam nuvens escuras, mas em Frascati, na Itália, o sol resplandece. Bento XVI antecipa o provável "não" da Fraternidade São Pio X ao retorno à Igreja Católica com uma orgulhosa defesa apaixonada daquele Concílio Vaticano II que, há meio século, o viu empenhado como jovem teólogo, mas que continua sendo obstinadamente rejeitado pelos seguidores do arcebispo tradicionalista Marcel Lefebvre. 
(…) Nada parece mais distante dos sofismas dos lefebvrianos e dos venenos do Vatileaks do que o afeto espontâneo das pessoas pelo seu papa. "Estamos contigo", repetem as faixas em todos os cantos.

Neste último excerto gostei especialmente da expressão “sofismas dos lefebvrianos”. Sim, eles são muito lógicos (reparem como há frases tão repetidas nos comentários deste bloque em relação a certos assuntos: A Fraternidade São Pio X "sólo puede continuar adhiriendo a las afirmaciones y enseñanzas del Magisterio constante de la Iglesia; ella encuentra su guía en este Magisterio ininterrumpido que, por su acto de enseñanza, transmite el depósito revelado en perfecta armonía con todo lo que la Iglesia toda ha creído siempre y en todo lugar) mas têm uma grande falta de imaginação. Lógica sem imaginação e intenção de procurar a verdade sempre incompleta dá sofismo e, se quiserem, fundamentalismo. Lembro-me se alguns raciocínios que já vinham do próprio Lefebvre: Se Cristo é a verdade, todas as demais religiões são erro. Se durante tanto tempo foi assim (latim, batinas, rendas, poderes, ritos…), porque temos de mudar de um dia para o outro? Se sabemos onde está a verdade, porque havemos de querer liberdade para errar? Se sempre jogamos à bola de batina, porque havemos de jogar de calções, essa inovação do Vaticano II (este último raciocínio só se encontra nos apócrifos de Lefebvre).

Cardeal Castrillón Hoyos, que tem sido figura importante no diálogo com os lefebvrianos (foto acrescentada no dia 24 de julho)



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Lefebvrianos mais longe da Igreja Católica, essa pérfida?


Marcel Lefebvre, nos tempos em que era missionário no Senegal

"La Iglesia oficial languidece, ha abandonado la doctrina de Cristo, postulándose como socia del mundo ateo", diz um padre dos lefebvrianos. A frase só deixa admirado quem pensava que seria possível um regresso amistoso dos tradicionalistas à Igreja Católica.

Parece que a tentativa de união, tão promovida por Bento XVI, vai ser oficialmente repudiada pelos lefebvrianos (li aqui). Na verdade, quem pensa como o autor da frase, só faz mal se se une à Igreja Católica. E pensam assim todos os lefebvrianos. Desde o princípio. É genético na organização.

Por diversas vezes exprimi neste e noutros espaços a minha descrença quanto ao fim próximo do cisma, a par com uma certa perplexidade pelo regozijo de alguns por tal se apresentar como possível.

Quanto a mim, os lefebvrianos iriam ser uma espécie de cavalos de Troia nas paróquias, nas dioceses, nos movimentos. Dava-se-lhes uma prelatura pessoal, claro, tentando controlar os danos, mas a coisa acabaria por extravasar.

Alguns poderão pensar que tenho algo contra os tradicionalistas. Nadinha. Até gosto dos tradicionalistas, quaisquer que sejam. Há lugar para todos. Não gosto é que os tradicionalistas se arvorem em detentores do que quer que seja, geralmente da verdade.

Já agora, registo que o meu conhecimento dos lefebvrianos vem de longe, em concreto de 1988, quando apresentei um trabalho académico sobre a comunidade tradicionalista. Marcel Lefebvre ainda era vivo. Na altura li em português o “Acuso o Concílio / J’accuse le concile!” (que obviamente faz lembrar o outro “J’accuse”, ainda que os lefebvrianos não tenham propriamente simpatias para com os judeus). Também por isso, não estou a ver estes tradicionalistas a renegarem uma obra fundacional.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...