quinta-feira, 31 de março de 2011

O último condenado à morte pela Inquisição em Portugal


Ainda a propósito da Inquisição portuguesa, que foi abolida no dia 31 de Marco de 1821.

O último condenado à morte foi o padre jesuíta italiano Gabriel Malagrida. Missionário no Brasil e pregador em Lisboa, conhecido por pregar que o terramoto de 1755 foi um castigo divino, Malagrida foi implicado no caso dos Távoras pelo Marquês de Pombal e condenado como herege, aos 71 anos. Depois de garrotado, foi queimado num alto-de-fé no dia 21 de Setembro de 1761 (80 anos antes da abolição definitiva), no Rorrio de lisboeta.

O caso foi claramente manipulado pelo Marquês de Pombal. A última condenação à morte, de um padre inocente, é um exemplo da frequente manipulação política deste tribunal.

Em 2005, Pedro Almeida Vieira publicou um romance sobre este padre, “O Profeta do Castigo Divino”.

Como a Inquisição promoveu a falta de higiene

É recorrente nos escritos da Inquisição (nem tudo era negativo; jornalista alemão apontou-lhe aspectos positivos, aqui) que “o acusado era conhecido por tomar banho”. Isto era uma suspeita grave de judaísmo. 

Seguindo à letra os preceitos de purificação do Antigo Testamento, os judeus lavavam-se mais do que os outros portugueses. Mas os delactores pensavam que o banho era por outro motivo: se eles se lavam muito é porque estão sujos da culpa de terem condenado Cristo. Os limpos não precisam de se lavar.

Tomar banho podia ser, de facto, um sinal de judaísmo, mas não pelas razões que os acusadores geralmente concebiam. Neste contexto, é natural que, para se não levantar desconfianças, os banhos fossem raros, mesmo entre os não judeus. A Inquisição era pouco amiga da higiene.

31 de Março de 1821. Extinção da Inquisição em Portugal

Cortes portuguesas (1822)

Cada vez menos temida e inoperante, a Inquisição foi formalmente extinta em Portugal no dia 31 de Março de 1821, nas Cortes Gerais.

Após uma primeira tentativa de D. Manuel I, em 1531 (Clemente VII concedeu-a e no ano seguinte anulou a decisão), a Inquisição chegou mesmo Portugal no dia 23 de Maio de 1536, com D. João III, no tempo do Papa Paulo III, por influência de Carlos V de Habsburgo.

É corrente entre os historiadores afirmar que é aqui que começa a decadência das nações ibéricas, embora a Espanha ainda tivesse um século de oiro pela frente. Parece que sim, não só por causa da expulsão dos judeus, que foram alimentar o dinamismo dos Países Baixos e depois das Américas, e dos muçulmanos, mas também pelo fecho de mentalidades que isso significou e pela promoção da desconfiança e da delacção. A inveja e o medo deram-se bem à sombra do tribunal religioso-político da Inquisição.

O projecto de abolição da Inquisição esteve a cargo do matemático e professor Francisco Simões Margiochi (1774-1838), que expôs assim o assunto (excerto do que disse nas cortes, na sessão de 24 de Março de 1821):
Era licito a toda pessoa, por mais perversa que fosse, ser denunciante, ou accusador. Toda a pessoa por mais virtuosa que fosse, era subjeita a estas accusações: nem o sexo eximia, nem a idade. As accusações erão recebidas apezar da incoherencia das testemunhas: nada importava que huma testemunha allegasse hum facto acontecido em Coimbra, e outra o mesmo facto acontecido em Lisboa, não se achava incoherencia. Nada importava que se asseverasse que o facto tinha passado hum anno, ou dez annos depois. Parece que se não queria senão ter victimas para atormentar. Admittida a accusação, procedia-se logo á prisão desculpadas, ou dos reos. Hia-se a sua casa; todas as Justiças, toda a força armada era obrigada a executar as ordens da Inquisição: era o preso transportado para as prisões da Inquisição, toda a sua familia era posta fora da casa, a casa ficava trancada, e a familia abandonada á sua sorte. Transportado o preso ás prisões da Inquisição, entrada em huma habitação muito pequena inteiramente escurecida, em hum espaço muitas vezes menor do que aquelle em que se põe os mortos. Alli passava mezes, e annos sem ser perguntado, sem chegar ás mesas dos inquisidores. Quando era perguntado não da para se oppôr á sua accusação, era para addivinhar quem tinhão sido os seus accusadores. Se depois de denunciar por accusadores seus filhos, ou seus pays, seus collegas, seus parentes, todos os seus amigos, seus conhecidos, todas as pessoas do mundo de quem sabia os nomes, assim mesmo não acertava com seus accusadores, em submettido aos tormentos. Estes tormentos erão polés, cavalletes, fenos em braza, e outras cousas que a Arte descreve, e sabe imaginar. Assistião a estes tormentos os Deputados da Inquisição, assistião Facultativos para ver se os desmayos que os atormentados mostravão, erão verdadeiros, ou fingidos: quando lhes parecião verdadeiros davão-lhes confortos para torna-los ávida, por medo de que escapassem as victimas. Quando de pois destes tormentos elles não acertavão senão com parte de seus accusadores, erão classificados de diminutos. Quando acertavão com todos seus accusadores, erão simplesmente condemnados (simplesmente) a gales, e a degredos para presídios. Quando acertavão com parte só, já disse, que erão olhados como diminutos, e sómente erão condemnados a garrote, e depois a serem queimados, e depois a serem suas cinzas deitadas ao Tejo, ou aos males. Ora quando absolutamente não addivinha vão seus accusadores, erão julgados impenitentes, e erão queimados vivos, e suas cinzas espalhadas como disse. Depois destas Sentenças proferidas, entregavão os seus processos ás Relações, aos Tribunaes Civis, e estes, sem exame nenhum, as manda vão executar. A' execução disto chamavão ao Auto da Fé. 
 Busto de Francisco Margiocchi, da autoria deAnatole Calmels (aqui)

A obra da morte de Deus em manga espanhola


A obra "Assim falou Zaratustra", de Nietzsche, mas em manga (BD japonesa), ou seja, uma adaptação, foi traduzida para espanhol. E tem um blogue, aqui, para acompanhar o processo de lançamento.

Cinco ideias erradas dos católicos sobre os ateus e mais cinco atitudes que os crentes podem promover



Jennifer Fulwiler, colunista do “National Catholic Register”, apontou cinco concepções erradas dos católicos sobre os ateus. Refira-se que, tendo crescido num ambiente ateu, foi baptizada aos 33 anos, na Páscoa de2007 (o que, até pela atenção que lhe é dada, faz sempre pensar que mais vale um ateu convertido do que 99 católicos de carreira), sabe do que fala. O texto original está aqui. Traduzo apenas os títulos das five common misconceptions about atheists”:

1. Eles sentem falta de algo.
2. Acham que a Bíblia é convincente.
3. Estão à vontade com a doutrina católica.
4. Podem ser convencidos apenas por argumentos.
5. Estão imunes ao poder da oração.

A isto gostava de acrescentar mais cinco atitudes que os católicos deve ter para com os ateus.

1. Ouvir os argumentos em vez de pensar que temos a verdade toda, à partida. Os ateus também pensam - não é irrelevante afirmá-lo em ambiente católico. Alguns pensam muito bem. Alguns até descobrem que os crentes costumam manipular argumentos e factos (estou a pensar no estafado argumento contra o aborto, muito usado por crentes, segundo o qual Beethoven nasceu depois de uma série de crianças portadoras de deficiência, quando foi o segundo filho). Outros colocam questões que, na verdade, devem ser pensadas. Um deles dizia daquele argumento de C.S Lewis, segundo o qual, se Jesus disse que era o salvador, das duas uma, ou era mesmo ou era mentiroso. Parecendo inviável a segunda, resta a primeira hipótese. Observa um dos ateus mais em voga: “E não excluem a hipótese de ele, Jesus, estar enganado?” Pois, tem de ser considerada num confronto deste género.

2. Evitar dizer com triunfo, ao mínimo pretexto, “Ah! Você não acredita num Deus em que também eu não creio”, até porque eles podem perguntar: “Então qual é o Deus em que crê?” A resposta não será, necessariamente, uma pérola de fé e teologia.

3. Ter consciência do aspecto purgativo do ateísmo. A Igreja já o disse várias vezes. Há muitos ateus que o são por causa das ideias, práticas, valores dos cristãos. Aliás, geralmente os ateus são ateus católicos, ateus protestantes, ateus ortodoxos, isto é, ateus contra a cultura cristã em que vivem. O que os ateus dizem terá sempre o aspecto positivo de nos fazer pensar. Contribuem muito para uma fé esclarecida e mais forte.

4. Evitar o raciocínio “és ateu, logo, és a favor do divórcio, do aborto, do amor livre”, ou “não tens Deus, não tens qualquer referência moral”, não só porque se arranjam católicos que também são a favor daquilo tudo como há ateus que têm altos padrões morais. E há ateus que estão em lutas, principalmente no campo social, que passam ao lado de muitos católicos.

5. Convidá-los para jantar lá em casa. É mais o que une do que o que separa. Alister McGrath diz do diálogo entre crentes e cientistas (em “O Deus de Dawkins”): “Ao ouvirem-se mutuamente, talvez possam ouvir cantar as galáxias. Ou mesmo os ceús, declarando a glória do Senhor (Salmo 19,1)”. Ao partilharem uma boa refeição, podem saborear juntos um bom vinho. E o bom vinho faz milagres.

O que dizem de Jesus: Transformou-me


O meu encontro com Cristo não foi nenhuma ilusão, mas uma experiência que me transformou como pessoa, completamente, incluindo prioridades, atitudes e escolhas.

Cliff Richard (1940-…)

quarta-feira, 30 de março de 2011

30 de Março de 1746. Nasce o pintor Goya


Francisco de Goya nasceu em Saragoça no dia 30 de Março de 1746 e morreu em Bordéus no dia 15 de Abril de 1828. Grande pintor, inaugurou o romantismo e é visto como um pioneiro das vanguardas do século XX. Deixou diversas pinturas de temáticas religiosas, entre as quais este “Tripla geração”.

Destaco, também, o Capricho n.º 43, “O sonho da razão produz monstros”, que constitui um bom aviso para a era moderna e contemporânea, e o “Perro” de que Joseph Ratzinger gostava especialmente e que já foi classificado como o quadro mais belo do mundo (ver aqui).

Dez motivos para lembrar o II Concílio do Vaticano


Um leitor do “Corriere della Sera” pediu ao cardeal e arcebispo emérito de Milão, Carlo Maria Martini, “uma lista de dez motivos” pelos quais devemos estar agradecidos ao último concílio.

Martini não respondeu propriamente com uma lista, mas apontou alguns motivos. O Concílio foi óptimo e recomenda-se, defende o cardeal, contra o que constitui uma corrente não tão pequena quanto se pode supor que anda por aí a dizer que os males actuais da Igreja (incluindo a pedofilia) são consequência das alterações introduzidas por esta reunião magna dos bispos católicos.

No decorrer do Vaticano II, “sentia-se como a Igreja havia reencontrado uma linguagem simples e convincente, que falava ao coração do homem contemporâneo”, afirma Martini, que estava então na comunidade do Pontifício Instituto Bíblico (tinha 35 anos em 1962, início do Concílio; seria ordenado bispo em 1980).

Em síntese, segundo o cardeal, são estes os motivos para lembrar e continuar o Concílio:
- confiança no método histórico-crítico (de que Bento XVI desconfia nos seus livros sobre Jesus);
- melhor compreensão dos textos da liturgia
- uso das línguas vernáculas na liturgia
- encorajamento do diálogo com os cristãos não católicos e com as religiões não cristãs;
- impulso à reforma das ordens religiosas
- aprofundamento da identidade da Igreja
- reconhecimento da liberdade religiosa
- novo entendimento da presença da Igreja no mundo

São oito os motivos apontados. Concordando com todos, eu apontaria mais dois para fazer os dez: reconhecimento da identidade laical (pode estar subentendido na questão da identidade da Igreja); valorização dos meios de comunicação social (foi escrito um documento sobre o assunto, ainda que menor, o “Inter mirifica”, provocando a exclamação em Tiago Alberione, fundador da família paulina: “Agora já não podeis duvidar. A Igreja falou”).

A pergunta do leitor e a resposta do cardeal podem ser lidas em italiano no sítio que criou para promover o Concílio ou em português aqui.

Nem crentes fundamentalistas nem cientistas infalíveis


"Hoje, o possível conflito entre ciência e fé pode ser intensificado por correntes fundamentalistas cristãs e por homens da ciência e da técnica que aspiram a um estatuto de infalibilidade, sobretudo no campo da biologia e das suas aplicações em medicina. (...) A via régia continua a ser a da escuta recíproca, do confronto crítico, do diálogo. Aquilo que deve preocupar homens de fé e homens de ciência é o caminho de humanização pessoal e das diversas sociedade; o que se receia é a instrumentalização, a manipulação, a reificação do sujeito humano".


Enzo Bianchi, "Para uma ética partilhada" (ed. Pedra Angular), páginas 90-91.

Paróquia dá torre da igreja a quem fizer obras


A paróquia protestante de Nossa Senhora da Montanha, em Bad Frankenhausen, no centro da Alemanha, dá a torre da igreja a quem quiser endireitá-la ou, pelo menos, assumir as obras de manutenção, que devem custar cerca de um milhão de euros.

A torre do século XIV tem 56 metros de altura e pesa cerca de 2600 toneladas. O extremo superior do campanário já se descolou 4,6 metros em relação à posição original. A inclinação é de 4,8 graus, mais do que a da Torre de Pisa, que é de 3,9 graus. A inclinação começou a sentir-se no XVII devido a deslocações do aquífero nesta antiga zona de minas sal.

Fonte da imagem: Spiegel.de.
Fonte do texto: PeriodistaDigital.com.

O que dizem de Jesus: Falou e fala


Cristo pronunciou uma vez a sua palavra, mas fá-la ressoar a cada instante, alimentando a esperança de todos.

Diego Fabbri (1911–1980), dramaturgo italiano

terça-feira, 29 de março de 2011

29 de Março de 1673. Os católicos ficam proibidos de aceder a cargos públicos em Inglaterra

No dia 29 de Março de 1673 entrou em vigor em Inglaterra o “Test Act of 1673”, segundo o qual os candidatos a qualquer cargo civil ou militar tinha de fazer um juramento declarando não acreditar na transubstanciação.

O juramento tinha em vista os “popish recusants” e dizia o seguinte:
I, N, do declare that I do believe that there is not any transubstantiation in the sacrament of the Lord's Supper, or in the elements of the bread and wine, at or after the consecration thereof by any person whatsoever.

Dawkins, os golos e os agradecimentos a Deus


Já lá vai uma série de anos que um amigo, irritado por lhe dizerem que tinha tido muita sorte por ter saído intacto do Fiat Uno espatifado, respondia:

- Sorte era eu ter visto o camião a tempo.

Richard Dawkins segue o mesmo tipo de raciocínio ao afirmar que João Paulo II, nos seus “devaneios politeístas” [por acreditar em Deus-Trindade e, ainda por cima, em Maria], atribuiu à intervenção de Nossa Senhora de Fátima a circunstância de ter sobrevivido ao atentado de 1981 na Praça de São Pedro.
“«Uma mão materna guiou a bala». Não podemos deixar de sentir curiosidade em saber porque não terá ela guiado a bala de forma a nem sequer o atingir. Outros poderão pensar que a equipa de cirurgiões que o operou durante seis horas merecia pelo menos uma parte dos louros, mas talvez as suas mãos também tenha sido maternalmente guiadas”, escreve Dawkins (“A Desilusão de Deus”, pág. 60).
Mas na verdade, mesmo para quem não tem grande simpatia pelos milagres e pelas constantes intervenções pontuais de Deus (o que é o meu caso, embora por vezes, em relação aos milagres, tenha de me calar por ficar sem palavras), não há dúvida de que certos momentos são reveladores. Certos episódios, mesmo que resultado das acções puramente humanas, entram para a galeria dos momentos que constroem o sentido das nossas existências particulares e colectivas. E não custa nada ver que Deus escreve direito por linhas tortas. Na existência como um todo. E em alguns marcos com mais acuidade. A interpretação é que é muito distorcida pelos nossos olhares vesgos.

Daí que compreenda que algumas pessoas atribuam a Deus o que depende dos seus próprios méritos e agradeçam a Deus a competência de quem lhes presta um serviço, mesmo que nada mais façam  do que a sua obrigação. Paga-se aos médicos, por exemplo, e agradece-se a Deus o dom da medicina. E pede-se a Deus pela saúde dos médicos, eles que só fizeram o que deveriam de facto ter feito.

Não devemos e podemos, afinal, agradecer tudo a Deus? Até há um estudo de uma universidade inglesa que relaciona a boa saúde mental com capacidade de agradecer. Veio num jornal e recortei-o porque me parecia credível, ainda que haja, algures no mundo, um estudo e um contra-estudo contraditórios sobre todos os assuntos possíveis.

Isto já vai grande e eu só queria chegar aqui. Vejo no “Público” de hoje (a imagem do bolo tirei-a do sítio do São Paulo). Rogério Ceni, guarda-redes do São Paulo marcou no domingo o seu centésimo golo. É um especialista a marcar lances de bolo parada. Treinou "15 mil vezes" antes de marcar o primeiro e agora é o guarda-redes (goleiro) com mais golos marcados na história do futebol. Depois do golo ao Corinthians de Liedson, afirmou: “Não esperava fazer o centésimo [golo] num clássico. É um presente de Deus. Há dias em que ele está olhando para você”. Felizmente Dawkins não estava  lá para estragar a festa do centésimo golo.

Teólogo da Enxada - sobre a morte de José Comblin no "Público"

O que dizem de Jesus: Interesse e ignorância


Dois factos parecem evidentes no mundo de hoje. Primeiro: existe um interesse crescente pela pessoa de Jesus. (…) Segundo: embora a Bíblia continue e ser o máximo "bestseller" mundial, a ignorância dos dados sobre Jesus é muito grande.

David Watson (1946-1998)

segunda-feira, 28 de março de 2011

28 de Março de 1994. Morre Eugène Ionesco



Eugène Ionesco, romeno (Slatina, 26 de Novembro de 1909), morreu em Paris, no dia 28 de Março de 1994. Dramaturgo do absurdo, escreveu “A Cantora Careca”, “O Rinoceronte”, “Jacques ou a submissão”, “A Lição”, “O Rei está a morrer”. E escreveram por ele na pedra do seu túmulo, no Cemitério de Montparnasse: "Prier le Je Ne Sais Qui. J'espère: Jésus-Christ".

"Deus não pode morrer. É a única coisa que Ele não pode fazer. Se (ou porque) o homem foi criado à imagem de Deus, o homem não morrerá. Deus não deixará que se extinga a sua imagem".

Teresa de Ávila nasceu no dia 28 de Março de 1515


Na secção “No passado”, do P2/Público, António Marujo recorda que Teresa de Ávila nasceu no dia 28 de Março de 1515. Defendia a purificação da sua ordem e “mais destaque para as mulheres na Igreja”.

Foi em Lisboa, por acção de D. Teotónio de Bragança, arcebispo de Évora, que foi publicada a primeira obra da santa e doutora da Igreja, “O Caminho da Perfeição”, em 1583, já depois da morte. Seguiu pelo caminho da glória do dia 4 de Outubro de 1582.

O "Expresso" diz como anular o baptismo

O "Expresso" deste fim de semana diz como fazer para anular o baptismo, ou melhor, o batismo, como eles escrevem. Está muito bem que quem não quer ser baptizado peça a anulação, embora, na verdade, uma vez baptizado, não consiga não ter sido baptizado.

De qualquer maneira, e nisto concordo com todos os ateus, Dawkins incluído, não deveria haver fé e religião sem liberdade. Não deve haver sacramentos sem liberdade. Noutros tempos pode ter sido assim, mas hoje... Penso mesmo, podendo chocar quem me lê, que não devia haver baptismo de crianças. Digo isto não por simpatia para com os da peça do "Expresso" (alguns apontam razões pelas quais também eu não acredito em Deus, se Deus condenar alguém por gostar muito de bolos - como pode ter sido tão inteligente quando era criança e tão ingénuo, agora que é professor universitário em Londres?), mas pela seriedade do cristianismo.

Bento XVI, por exemplo, escreve na sua primeira encíclica que “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Como pode dar-se esse encontro sem ser em liberdade, com consciência? Na realidade, penso que deve haver educação cristã. Mas a decisão cristã - e também é isso o baptismo - tem de ser pessoal (ainda que apoiada por uma comunidade de fé), responsável, livre.


Morreu o teólogo José Comblin


Morreu ontem, 27 de Março, em Simões Filho, perto de Salvador, no Brasil, o padre José Comblin, teólogo de libertação, de origem belga. Tinha 88 anos, completados no dia 22 de Março. Foi assessor de D. Hélder Câmara (imagem abaixo). Era uma voz profética, ou seja, incómoda, quer para o exterior quer para o interior da Igreja.


Conferência crítica sobre a Igreja actual aqui. Entrevista na mesma linha aqui.

O que dizem de Jesus: Variedade de retratos


A unidade e variedade de retratos de Jesus ao longo dos tempos demonstraram que nele há mais elementos do que sonham a filosofia e a cristologia dos teólogos.

Jaroslav Pelikan (1923-2006)

domingo, 27 de março de 2011

27 de Março de 1309. O Papa Clemente V excomunga Veneza e os seus habitantes


Clemente V, Papa de 1305 a 1314, pontífice da extinção dos Templários (13 de Outubro de 1307, uma sexta-feira) e o primeiro  a viver em Avinhão, a partir de 1309, excomungou toda a cidade de Veneza no dia 27 de Março desse ano porque os exércitos de Veneza combateram contra os dos estados pontifícios em Ferrara (perto de Veneza). As ordens do Papa diziam que os venezianos capturados podiam ser vendidos para escravos, como os não-cristãos. A excomunhão foi levantada no dia 17 de Fevereiro de 1313.

O semeador de estrelas


De mail em mail, circulam estas imagens, tiradas em Kaunas, na Lituânia, com uma mensagem sobre as aparências e as ilusões, a realidade o sentido, e o verdadeiro ver. Que à noite é que se vê bem. Que é preciso semear estrelas. Os blogues new age e de espiritismo apreciam-nas em especial, a julgar pelos resultados do google. De qualquer forma, o efeito está giro. Mas convém saber que se trata de um acrescento do artista Morfai (vi aqui).



O "brainstorming" para o Semeador:

Um momento marcante da história europeia recente

“A imagem de Weiler de pé, na Grande Câmara do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos com a sua kipá, defendendo apaixonadamente o direito da Itália a manter o crucifixo na parede, deve estar entre os pontos mais marcantes do imaginário inter-religioso de memória recente”, afirma John L. Allen Jr., sítio do “National Catholic Reporter” (24-03-2011). Li aqui.
Joseph Weiler (ler aqui o “judeu não quer ser «absolvido» da morte de Jesus”) defendeu que retirar o crucifixo não é mais neutro do que colocá-lo, ao mesmo tempo que defendeu o direito de os ingleses cantarem o seu hino nacional, que é uma oração “God Save the Queen”, e terem uma imagem da rainha nas salas de aula, ela que é chefe de Estado e da Igreja. (Não deixa de ser irónico que esta posição, secularmente contestada pela Igreja católica, venha em auxílio dos países de tradição maioritária católica, como é o caso da Itália).
Mas há mais. Vídeo da defesa no dia 30 de Junho de 2010. 23 minutos e 9 segundos de história, liberdade, direitos e Europa. Senti-me orgulhoso (e tolerante) por ser europeu:

Bento Domingues: O poço dos encontros

No "Público" de 27 de Março de 2011.

Caminho numa tarde em que tudo parecia perdido

Quem de nós não conhece a pousada de Emaús? Quem não percorreu esse caminho numa tarde em que tudo parecia perdido?
                            
François Mauriac (1885-1970)

sábado, 26 de março de 2011

Sermão para mim próprio: O poço e a fossa


(Jo 4)
Num exame de teologia, um aluno escreveu que “para Lutero o ser humano está sempre na fossa”. O professor deve ter sublinhado ou riscado a vermelho, mas o aluno expressou bem em linguagem popular o pessimismo antropológico de Lutero (Agostinho de Hipona pensava o mesmo).

Acontece que o encontro entre Jesus e a samaritana (nem nome tem, como muitas outras mulheres da Bíblia, o que só denota androcentrismo da cultura antiga – evangelhos incluídos) dá-se ao pé de um poço, o de Jacob. O poço é o oposto à fossa no que a águas diz respeito. A fossa é um mau sítio para se estar dentro. O poço é um bom sítio para se estar fora. Água fresca, encontros, conversa, revigorar de forças para trabalhar ou continuar a caminhada.

Para a samaritana, o poço é lugar de descoberta do homem, judeu, profeta, messias - Jesus. É essa a subida em busca de água fresca (vem do alto e não do fundo). Tira qualquer um, seguramente, da fossa.


Bonus track
Um seminarista coloca objecções ao celibato invocando o episódio de Jesus e a samaritana. O padre formador responde:
- Primeiro, temos que ver que, de facto, nem todos os episódios do evangelho gozam do mesmo carácter histórico. Em relação a este, os exegetas colocam muitas dúvidas. Depois, temos que admitir que este não será, certamente, a passagem mais edificante dos evangelhos. Por fim, há que notar que entre Jesus e a Samaritana há um poço.

O que dizem de Jesus: Ressurreição real

Causam-me horror todas as tentativas que se fizeram a partir do campo de certo protestantismo, o mais degradado e infiel em relação às suas origens, para fabricar um cristianismo em que a Ressurreição seria um puro símbolo, ou seja, uma ficção.

Gabriel Marcel (1889-1973)

"Homem: animal que fala", artigo de Anselmo Borges no DN

Anselmo Borges no DN de hoje:

Entre as características ou "notas" que distinguem o ser humano dos outros animais, uma é determinante: a capacidade simbolizante, de tal modo que antropólogos, como E. Cassirer ou P. Laín Entralgo, o definiram, respectivamente, como animal simbólico e animal simbolizante.
O animal vive dentro do esquema estímulo-resposta. Com o homem, dá-se uma mudança qualitativa, já que, entre o estímulo e a resposta, se introduz o sistema simbólico. Ora, como escreve Gabriel Amengual, que sigo, esta nova aquisição transforma a totalidade da vida humana, pois, assim, o homem "já não vive apenas num puro universo físico, mas num universo interpretado, um universo simbólico". O homem, ao contrário dos outros animais, não vive na pura imediatidade das coisas, pois tudo lhe aparece interpretado, dotado de significado e valor. "Vemos a realidade através da linguagem, da cultura, da ciência, das crenças, etc."
Como já tinha visto Herder, sem o simbolismo, o homem seria como o prisioneiro da caverna de Platão, que só vê sombras e não significados. Cá está: os outros animais também comunicam e podem resolver problemas, mas sempre no quadro de uma imaginação e inteligência práticas, no sentido da sobrevivência. Falta- -lhes a inteligência e a imaginação simbólicas, que dão ao homem acesso à reflexão, ao pensamento abstracto e ao mundo da cultura: mundo poético, imaginativo, mítico, religioso, artístico, científico, matemático, filosófico.
No símbolo, como diz o étimo grego (sym-bállein: reunir, em contraposição a dia-bállein, donde provém diabo: desunir), há a união de dois aspectos: o significante e o significado, um signo visível (o significante), que remete para e evoca algo outro (o significado). No símbolo, temos duas partes: uma concreta, sensível, perceptível (o significante) e outra ausente, não sensível, inefável e invisível, da ordem do não representável directamente (o significado): o amor, o inconsciente, o metafísico, o mistério, o sagrado.
Inserida no mundo simbólico e simbolizante do homem, quais são as características da linguagem humana enquanto definidora do homem como animal linguístico, animal que fala? À partida, é preciso reconhecer que um corpo que fala, que produz sons, dentro de uma língua realmente falada, portanto, dentro de um sistema de signos articulados segundo regras, para designar e evocar algo com sentido, é um corpo que dará sempre que pensar.
O que define a linguagem humana falada como o próprio do homem é a sua dupla articulação em unidades significativas (monemas) e unidades distintivas (fonemas). Se disser: "dói-me a cabeça", há aqui uma proposição que articula várias palavras, transmitindo um sentido compreensível por quem dominar a língua portuguesa. Explicitemos.
A primeira articulação refere-se ao facto de a linguagem humana poder ser decomposta em palavras (monemas), tendo cada uma significação diferente. Assim, com alguns milhares destas unidades significativas ou monemas, combinados segundo regras, temos um capacidade ilimitada de comunicação. Por exemplo: "dói-me a mão", "dou-te a mão".
Para lá desta articulação de unidades significativas, a linguagem humana articula-se em unidades não significativas (sílabas e elementos de sílabas, vogais ou consoantes). Estas unidades fónicas (fonemas) que fazem com que se distingam os monemas é a segunda articulação: por exemplo, casa, rasa, caso, cala, colo. Se a primeira articulação permite já uma enorme economia, a segunda muito mais: imagine-se o que seria, se a cada unidade significativa mínima tivéssemos de fazer corresponder uma produção vocal específica! Este segundo tipo de articulação "deve considerar-se como característica exclusiva da linguagem humana".
Pela linguagem, abrimo-nos ao mundo, ao ser, à história, ao que há e ao que não há, a possibilidades, à Transcendência, distinguimos entre o bem e o mal, estabelecemos comunidade, tornamo-nos humanos. Cada língua é um mundo, de tal modo que a posse de várias línguas dá mais mundo. A linguagem é um bem maior, que pode ser perigoso: cria e destrói.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Se toda a vida é um desafio



Se toda a vida é um desafio,
Se sobre nada tem seu fundamento,
Que descuido este meu? Qu'errado intento?
Que pretendo? Qu' espero? Em que me fio?
Oh vida humana, folha em seco estio
Levada pelo ar de qualquer vento!
Oh flor de primavera, num momento
Chamuscada do Sol, murcha de frio!
Quando cuido no tempo atrás passado,
O que passei m'espanta, o por vir temo,
No presente não sei que m'embaraça.
Mas, ainda que de ti tam alongado,
Ordena tu que torne, ó Pai supremo,
Este pródigo filho a tua Graça.


Diogo Bernardes (1520-1605)
In Ferreira, M.E.T. & Paula, B.M. (1960). Textos literários: século XVI. Lisboa: Aster, 431-432 (lido no Rerum Natura).

Ir ao culto engorda? Um estudo indica que sim

Veio no "Público" de hoje e consigo imaginar várias razões para que a participação em actos de culto engorde, desde o "se não comes tudo, o Menino Jesus fica triste", argumento que os não religiosos não deverão usar (e muitos dos cristãos também não, como é evidente), à compra de bolos para ajudar as obras da igreja ou outra causa social. Mais um estudo de uma universidade americana, por coincidência, a mesma do Illinois que dizia que as religiões vão desaparecer em alguns países (aqui). 

Romero: Canonizado por Obama, falta o Vaticano


São Romero da América foi elevado aos altares pelo povo latino-americano, mas, passados 31 anos, o Vaticano ainda não sancionou esta canonização popular.

A visita de Obama ao túmulo do arcebispo de San Salvador, no dia 23 de Março, nas vésperas do 31.º aniversário do seu homicídio, é um gesto “muito eloquente”, tanto para fora como para dentro da Igreja. “Roma deveria sentir-se questionada e rever, com a maior rapidez possível, o processo de beatificação do arcebispo de San Salvador”.

O gesto de Obama significa também uma ruptura com políticas do seu próprio país. A reflexão é do jornalista espanhol José Manuel Vidal, aqui.

O que dizem de Jesus: Verdadeira história

Acontecimentos como a Ressurreição de Cristo são como relâmpagos pelos quais a história mais elevada, ou seja, a verdadeira história, a história interior, penetra por refracção na história exterior.

Schelling (1775-1854)

quinta-feira, 24 de março de 2011

24 de Março de 1921. Morre o cardeal Gibbons, defensor dos trabalhadores


Bispo de Richmond (1872-77) e arcebispo de Baltimore desde 1877, James Gibbons foi o segundo cardeal dos EUA, elevado por Leão XIII em 1886. Nasceu no dia 23 de Julho de 1834 e morreu no dia 24 de Março de 1921.

James Gibbons foi um grande defensor dos trabalhadores católicos na Costa Leste dos EUA. Advogava que os trabalhadores católicos tinham o direito a lutar e a proteger-se contra a avareza, a opressão e a corrupção, participando em sindicatos. Diz-se que teve um papel importante na permissão e mesmo defesa que Leão XIII veio a consagrar na "Rerum Novarum", de 1891, quanto à pertença de católicos a sindicatos e associações de carácter laboral.


Outra efeméride: No dia 24 de Março de 1966 Paulo VI ofereceu o seu anel de arcebispo de Milão ao arcebispo de Cantuária (aqui).

Os novos pecados segundo a revista "Visão"

Notícia da revista "Visão" de hoje, com a habitual imparcialidade que a caracteriza quando aborda uma matéria católica e que leva um amigo a perguntar-me se para trabalhar lá se exige a profissão de algum credo anticatólico.

Eu ajudo a ler a notícia: "A Igreja Católica, esse museu, tenta adaptar-se, mas não consegue, à realidade do séc. XXI". A notícia avança a seguir com um encontro (secreto, mas a "Visão" sabe) em Roma. Estou mais ou menos atento ao noticiário religioso e não dei conta de tal encontro fundamental para a adaptação da Igreja aos luminosos tempos em que vive a "Visão".

O encontro consistiu em "acções de formação sobre os novos desafios" que se colocam aos sacerdotes e serviu para estes recuperarem certas práticas caídas em desuso, ou não se tratasse de um museu, como a penitência e a confissão, que, como se sabe, são dois sacramentos completamente diferentes. Num, trata-se de perdoar os pecados, no outro de absolver os pecados.

No encontro de Roma, diz a omnividente revista lusa (o será onividente?) que os padres tomaram conhecimento do renovado católogo de pecados do Vaticano. Foram a Roma para saber dos pecados do Vaticano? Costumam vir nas notícias. De qualquer forma teria sido mais fácil enviar o catálogo por correio, como o dos móveis. Quanto aos cinco exemplos, sem dúvida que há muita novidade. A novidade consiste nisto:  não matar; não roubar. 

Começa hoje o Pártio dos Gentios. A Igreja só dialoga com ateus que são "patos mancos"?

Começa hoje, em Paris, a primeira edição do Pátio dos Gentios, “dois dias de trocas e diálogos entre crentes e não crentes”.

O cardeal Gianfranco Ravasijustificou em entrevista ao jornal italiano “Il Fatto Quotidiano” a escolha da cidade de Paris por ser um “estandarte de laicidade”, uma cidade onde encontrou “um mundo laico interessado num confronto verdadeiro sobre grandes temas”.

O diálogo é necessário porque, afirma o cardeal que coordena a iniciativa, “o crente e o ateu são, cada um, portadores de uma mensagem, que é «performativa», já que envolve a existência”. E acrescenta: “Estou contente por ter como interlocutores em Paris personalidades como Julia Kristeva, semióloga e psicanalista agnóstica, ou o geneticista Axel Kahn”.

Os assuntos a discutir hoje e amanhã são, segundo o cardeal, na Unesco, “o papel da cultura”, mas também “as mulheres na sociedade moderna”, o “empenho pela paz e a busca de sentido num mundo que é ao mesmo tempo secularizado e religioso”, na Sorbonne, “Iluminismo, religiões, razão comum”, no Institut de France, “economia, direito, arte”.

Esta vontade de diálogo a partir da Igreja obteve um curioso contraponto crítico num artigo de Paolo Flores d’Arcais (que em português, em co-autoria com Joseph Ratzinger, tem publicado “Existe Deus? Um confronto sobre verdade, fé e ateísmo”, ed. Pedra Angular).

O filósofo ateu realça que por vezes a Igreja escolhe interlocutores que são “patos mancos”, segundo expressão do entrevistador de Ravasi, isto é, aqueles ateus que parecem sofrer a condição da falta de fé como uma amputação ontológica. (A observação é perfeitamente aplicável à Igreja portuguesa, que também tem os seus "patos mancos".) E provoca o cardeal:
Espero, por isso, sinceramente, que às suas palavras sigam-se os fatos. Não só em Paris, também na Itália. Nos últimos anos, a atitude foi, porém, de sinal oposto. O diálogo com o ateísmo foi sistematicamente rejeitado pela Igreja hierárquica e até pelo senhor, pessoalmente. Trata-se de uma verdade indiscutível, da qual, infelizmente, eu posso dar testemunho direto. (…) 
Convido-lhe, portanto, às"Jornadas da Laicidade", que ocorrerão em Reggio Emilia entre os dias 15 e 17 de abril, às quais se recusaram a participar os 15 cardeais que convidamos e nas quais o senhor poderá discutir com ateus não "patos mancos" como come  Savater,  Hack, Odifreddi, Giorello, Pievani, Luzzatto e, bom último, o subscrito. 
Se, depois, a sua agenda não lhe permitir acolher este convite, proponho-lhe organizar juntos, o senhor e eu, uma série de confrontos nos tempos e lugares que o senhor julgar oportunos. Devo, porém, dizer-lhe, com toda a franqueza, que não consigo libertar-me da sensação – nos últimos anos empiricamente consolidada – de que o "diálogo" que o senhor teoriza quer, ao contrário, evitar o próprio confronto com o ateísmo italiano mais consequente.

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...