O "Expresso" deste fim de semana diz como fazer para anular o baptismo, ou melhor, o batismo, como eles escrevem. Está muito bem que quem não quer ser baptizado peça a anulação, embora, na verdade, uma vez baptizado, não consiga não ter sido baptizado.
De qualquer maneira, e nisto concordo com todos os ateus, Dawkins incluído, não deveria haver fé e religião sem liberdade. Não deve haver sacramentos sem liberdade. Noutros tempos pode ter sido assim, mas hoje... Penso mesmo, podendo chocar quem me lê, que não devia haver baptismo de crianças. Digo isto não por simpatia para com os da peça do "Expresso" (alguns apontam razões pelas quais também eu não acredito em Deus, se Deus condenar alguém por gostar muito de bolos - como pode ter sido tão inteligente quando era criança e tão ingénuo, agora que é professor universitário em Londres?), mas pela seriedade do cristianismo.
Bento XVI, por exemplo, escreve na sua primeira encíclica que “no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Como pode dar-se esse encontro sem ser em liberdade, com consciência? Na realidade, penso que deve haver educação cristã. Mas a decisão cristã - e também é isso o baptismo - tem de ser pessoal (ainda que apoiada por uma comunidade de fé), responsável, livre.
3 comentários:
bom...não foi Carreira das Neves que disse que se a Igreja suprimisse o mito do pecado original muita coisa ruiria?
Não é que eu ache q se deva suprimir algum dos sacramentos, nem tão pouco o baptismo. O problema é pô-los a ser sinais/signos de Deus para a sociedade actual.
Vendo nesta perspectiva a questão do baptismo nem é se ser em criança ou em adulto. (Não sei se fui clara na minha opinião)
Não esqueçamos que o batismo de crianças também evoca a ideia de que o sacramento é graça de Deus, dada gratuitamete sem o merecimento dos homens...
Assim como os pais provem o que tem de melhor aos filhos como alimetação, tratamento médico, brinquedos, educação... como não lhes oferecer também o dom do batismo?
Claro que isso só tem sentido se a criança for depois conduzida por uma educação também cristã...
Concordo consigo sobre a graça Deus dada gratuitamente, sem merecimento. De qualquer maneira, não vejo bem porque há-de ser recebida em criança, sem possibilidade de consentimento.
Claro que se dá alimentação, educação etc. Mas, dando educação, não se escolhe a profissão do filho. Essa tem de ser uma decisão pessoal. A do baptismo é do mesmo género. Dá-se a educação cristã, claro, mas não se faz a opção cristã. Repare que, na prática a igreja transferiu para a Confirmação o que é próprio do Baptismo. O Baptismo dado em criança fica claramente subaptoveitado e, em muitos casos, sem qualquer consequência.
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