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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Defesa

Se a vós, magistrados do Império romano, que na vossa alta posição presidis publicamente à justiça lá quase no cimo da cidade, não é lícito indagar abertamente e examinar na presença de todos o que haja por detrás da questão dos cristãos; se, neste caso tão somente, a vossa autoridade tem medo ou tem pejo de uma diligente e justa devasse pública; e se, como recentemente se passou, a ânsia de atacar esta nossa seita - ânsia muito atreita a denúncias domésticas - tapa simplesmente a boca à defesa... deixai que a verdade vos chegue aos ouvidos, pela via oculta, ao menos, destas letras silenciosas.

Tertuliano, n.º 1 de "Apologético"

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"Como é estúpido defender o cristianismo"


John F. Haught

A história do cristianismo é mais uma história do sofrimento e da ignorância humanas do que uma história da resposta ao amor de Deus.
Sam Harris

Como é estúpido defender o cristianismo… Defender algo equivale sempre a desacreditá-lo.
Kierkegaard


Frases citadas por John F. Haught no último capítulo de “Diós e el nuevo ateísmo” (Sal Terra; índice e primeiro capítulo aqui). Este autor tem pelo menos uma obra em português, "Cristianismo e evolucionismo em 101 perguntas e respostas", na Gradiva.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Chesterton Brasil

Ainda a propósito de Chesterton, que fez anteontem 75 anos que ele morreu, há um sítio brasileiro dedicado inglês convertido ao catolicismo. Fica aqui. Frase de entrada:


“Tentei criar uma nova heresia; mas, quando já lhe aplicava os últimos remates, descobri que era apenas a ortodoxia”.

terça-feira, 14 de junho de 2011

14 de Junho de 1936. Morre Chesterton


G. K. Chesterton, o príncipe do paradoxo, um dos últimos apologetas católicos, que nos tempos mais recentes tem sido reeditado em Portugal, o modelo literário de João César das Neves, morreu há 75 anos, no dia 14 de Junho de 1936. Mais sobre Chesterton aqui.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

22 de Novembro de 1963. Morre C. S. Lewis

Clive Staples Lewis, mais conhecido por C. S. Lewis, nasceu no dia 29 de Novembro de 1898, em Belfast, e morreu no dia 22 de Novembro de 1963, em Oxford. Especialista em literatura medieval, como J. R. R. Tolkien, de quem era amigo, foi autor de “As Crónicas de Nárnia” e um dos maiores apologetas cristãos do século XX. Era anglicano, convertido na década de 1930.

Foi soldado na I Guerra Mundial. Durante o conflito fez um pacto com o soldado Edward “Paddy” Moore. Se algum deles morresse, o outro zelaria pelos familiares do morto em combate (Lewis era órfão de mãe). O colega morre e Lewis cuida da mãe e filha Moore.

Um dia, numa conversa com operários, em 1944, perguntaram-lhe:

Os materialistas e alguns astrónomos sugerem que o sistema solar e a vida como a conhecemos foram criados por uma colisão estelar acidental. Qual é a visão cristã dessa teoria?

E ele respondeu:

Se o sistema solar foi criado por uma colisão estelar acidental, então o aparecimento da vida orgânica neste planeta foi também um acidente, e toda a evolução do Homem foi um acidente também. Se é assim, então todos nossos pensamentos atuais são meros acidentes – o subproduto acidental de um movimento de átomos. E isso é verdade para os pensamentos dos materialistas e astrónomos, como para todos nós. Mas se os pensamentos deles – isto é, do Materialismo e da Astronomia – são meros subprodutos acidentais, por que devemos considerá-los verdadeiros? Não vejo razão para acreditarmos que um acidente deva ser capaz de me proporcionar o entendimento sobre todos os outros acidentes. É como esperar que a forma acidental tomada pelo leite esparramado pelo chão, quando você deixa cair a jarra, pudesse explicar como a jarra foi feita e porque ela caiu.

(Li aqui)

domingo, 19 de setembro de 2010

Dois livros de Newman no dia da sua beatificação

1. “Apologia”, das edições Verbo, publicado em português em 1974 (aqui apontado, há tempos), de título completo “Apologia Pro Vita Sua”, é uma história das suas convicções religiosas em cinco capítulos, terminada no dia 26 de Maio de 1864. O autor ainda viveria mais 26 anos, até 11 de Agosto de 1890.

Newman descreve as influências na sua educação, como cresce a sua consciência religiosa, o que escreveu e porquê, a aproximação à Igreja Católica (por via da história e principalmente dos Padres da Igreja – teólogos dos primeiros séculos), mas também o ambiente cultural da Inglaterra e da Igreja anglicana do séc. XIX e até uma defesa contra o que pensavam alguns católicos.

Uma frase: “Desde que sou católico, já me têm por vezes acusado de relutância em fazer conversões; e os protestantes têm deduzido, do facto, que não tenho muita pressa de as fazer. Agir de modo diferente seria contrário à minha maneira de ser; mas, além disso, seria esquecer as lições que recebi na experiência das minha história passada” (pág. 147).

2. “Ensaio a favor de uma Gramática do Assentimento”, de 1870, publicado em português pela Assírio & Alvim, em 2005, é um estudo sobre a aquisição da certeza no conhecimento religioso e teológico, uma espécie de introdução à lógica religiosa que não descura a razão, por quem “aderiu a um realismo ontológico, sereno e crítico”, segundo expressão de Artur Mourão, que escreve na introdução a esta obra que Newman é “uma glória das duas Igrejas, um herói do pensamento cristão e um dos grandes mestres da língua inglesa na prosa, na oratória e sobretudo na controvérsia”.

Na contracapa, Joseph Ratzinger, que hoje como Bento XVI presidiu à beatificação (notícia aqui), conta que quando em 1947 continuou os seus estudos em Munique encontrou “no professor de Teologia Fundamental um culto e apaixonado seguidor de Newman” que lhe deu a conhecer a “Gramática do Assentimento”. E remata: “Com isto ele pôs nas nossas mãos a chave para inserir na teologia um pensamento histórico, ou melhor: ele ensinou-nos a pensar historicamente a teologia, e precisamente desta forma, a reconhecer a identidade da fé em todas as suas mutações”.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Autocarro – 2: Ateus que apanharam outro

Na Gráfica de Coimbra 2 saiu há dias o livro “10 ateus que mudaram de autobus”, sim, “autobus”. Não sei se em Portugal mais alguém usa a palavra “autobus” além do tradutor, mas é esse o termo com que verteu a palavra espanhola “autobús”.

Os ateus que mudaram de autocarro são: Francis Collins, Ernesto Sábato, Fiódor Dostoievski, Tatiana Goricheva, C. S. Lewis, André Frossard, Edith Stein, Vitorrio Messori, Narciso Yepes e G. K. Chesterton.

De alguns destes ex-ateus nunca tinha ouvido falar. Uma foi fundadora do movimento feminista russo (Goricheva); outro foi músico (Yepes).

De meia dúzia de parágrafos lidos a saltar pareceu-me que o livro é mais convincente do que a tradução do título.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A imoralidade de crer em Deus


Philip Pullman

Numa crítica a um livro de Philip Pullman sobre Jesus Cristo (o título do livro é “The Good Man Jesus and the Scoundrel Christ”, que poderá ser traduzido por algo como “O bom homem Jesus e o patife Cristo”) dei com uma boa síntese de uma facções do novo ateísmo que por aí grassa.

Mas antes, três palavras sobre o britânico Philip Pullman. Quanto ao livro em questão, o título diz tudo. Jesus era uma boa pessoa, mas Cristo é o mau da fita. Havia dois. A segunda: Philip Pullman é um autor de literatura infantil de algum sucesso. Mas alguns adultos apreciam-no mais. Os seus livros, mesmos os infantis, são explicitamente ateístas e anti-Igreja. Ele diz apenas que são anti-autoridade. A terceira. Este escritor é o co-autor do guião de “A Bússola Dourada” (e autor da obra que está na origem do argumento), uma megaprodução com Nicole Kidman e Daniel Graig que se revelou um fiasco nas bilheteiras. Quando o filme estreou, em 2007, diversas vozes católicas acusaram-no de ser anticatólico. Principalmente nos EUA.

E a agora a síntese do novo ateísmo: “O ateísmo contemporâneo tem um notável tom moral que afirma algo como isto: o universo é o que é e faz e nada mais. Visto que não há uma boa razão para acreditar em «algo mais», é imoral acreditar em Deus. A história de Jesus é uma história que não nos dá razões suficientes para acreditar que seja mais do que apenas uma história. Consequentemente, a fé cristã também é imoral. A “Igreja”, mantida principalmente graças à ignorância da verdade e ao desrespeito pela humanidade, é uma instituição imoral”.

Li a crítica ao livro de Philip Pullman no sítio dos jesuítas ingleses, aqui.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A questão é: Pode ter uma vida boa sem o cristianismo?

C. S. Lewis

A questão diante de nós não é “Alguém pode ter uma boa vida sem o cristianismo?” A questão é, “Você pode?” Todos sabemos que tem havido bons homens que não foram cristãos; homens como Sócrates e Confúcio que nunca ouviram falar de cristianismo, ou homens como J.S. Mill que muito honestamente não poderia nele acreditar. Suponha que o cristianismo seja verdadeiro. Esses homens estavam numa ignorância ou erro honesto. Se suas intenções fossem tão boas quanto suponho (pois, claro, não posso ler os segredos de seus corações) espero e acredito que a misericórdia de Deus remediará os males que suas ignorâncias, deixadas a si mesmo, naturalmente produziriam em si próprios e naqueles que eles influenciaram. Mas o homem que me pergunta, “Não posso viver uma boa vida sem acreditar no cristianismo?” não está na mesma posição. Se ele não tivesse tido notícia do cristianismo ele não estaria formulando essa questão. Se, tendo tido dele notícia, e o tendo considerado seriamente, ele tivesse decidido que ele não era verdadeiro, então, novamente, ele não estaria formulando a questão. O homem que formula a questão ouviu falar do cristianismo e não está certo, de forma alguma, de que ele não seja verdadeiro. Ele está realmente perguntando, “Será que eu preciso me preocupar com ele? Será que eu não posso apenas esquecer a coisa, sem cutucar a onça com a vara curta, e simplesmente me preocupar com a parte ‘boa’? Não são as boas intenções suficientes para me manter seguro e sem culpa, sem a necessidade de bater naquela temerária porta e ter de verificar quem estará, ou não, lá dentro?”

C. S. Lewis

Copiei daqui, onde há mais para ler.

sábado, 29 de maio de 2010

Como Chesterton ajudava a fazer e vender jornais dos outros


Chesterton travou em 1903-04 uma polémica com Robert Blatchford (1851-1943, um jornalista socialista que no final da vida se torna conservador), porque este escrevera um livro nacionalista intitulado “Deus e o meu próximo”.
Como editor do jornal “Clarion”, Blatchford abriu as páginas do jornal para os que dele discordavam. Os textos do grupo liderado por Chesterton foram publicados num volume intitulado “As Dúvidas da Democracia”. Mas os textos de Chesterton foram depois reunidos e publicados, pela Ignatius Press, sob o título “Controvérsias com Blatchford”. Há um delicioso trecho em “Hereges” em que Chesterton se refere à controvérsia dizendo: “... o Sr. Blatchford, que começou uma campanha contra o cristianismo e mesmo sendo advertido por muitos que isso arruinaria seu jornal, continuou por causa de um meritório sentido de responsabilidade intelectual. Descobriu, contudo, que enquanto chocava indubitavelmente os seus leitores, o seu jornal muito prosperava. Passou a ser comprado – primeiramente, por todos que concordavam com ele e o queriam ler; depois, por todos que discordavam dele e queriam escrever-lhe cartas. Tais cartas eram volumosas (eu ajudei, fico feliz em dizer, a engordar o jornal) e eram geralmente publicadas quase sem cortes. A grande máxima do jornalismo foi assim acidentalmente descoberta (como aconteceu com a máquina a vapor): que se um editor conseguir enfurecer as pessoas suficientemente, elas escreverão, de graça, metade do jornal”.
Adaptado do Blogue do Angueth.

29 de Maio de 1874. Nasce Chesterton

Chesterton em 1898

Gilbert Keith Chesterton, o príncipe do paradoxo, nasceu no dia 29 de Maio de 1874, em Londres, e morreu no dia 14 de Junho de 1930, em Beaconsfield. Converteu-se ao catolicismo em 1922.

Gostava do debate, pelo que estava sempre pronto para uma boa polémica com Bernard Shaw, o sua “inimigo amistoso”, F.G. Wells ou Bertand Russell.

Apologista cristão dos tempos modernos, Chesterton escreveu 80 livros, centenas de poemas, 200 contos, quatro mil ensaios. Além de ser colunista em vários jornais, alimentava ele próprio, em exclusivo, publicações periódicas. Hoje teria, certamente, blogues.

Em “Ortodoxia”, escreve que um editor lhe perguntou: “Mas, então, se o homem não acreditar em si mesmo, em que há-de acreditar?” Chesterton respondeu, como ele próprio conta, após um longo silêncio: “Vou para casa escrever um livro como resposta à sua pergunta”.

sábado, 17 de abril de 2010

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Clássicos 23 - "A Bíblia tinha Razão", de Werner Keller

[Primeiro parágrafo] “Se traçarmos no mapa uma linha, que, do Egipto até ao Golfo Pérsico, passe pelo Mediterrâneo, pela Palestina e pela Síria, seguindo logo o curso do Tigre e do Eufrates através da Mesopotâmia, resultar-nos-á uma meia lua perfeitamente desenhada”.

A Bíblia Tinha Razão | Werner Keller | Edição Livros do Brasil, sem data | 430 páginas

Escrita por um não especialista e publicada pela primeira vez em 1955 (título original: “Und Die Bibel Hat Doch Recht”), esta obra foi traduzida em três dezenas de línguas, somando mais de 12 milhões de exemplares de tiragem. Embora não seja usada em nenhuma Faculdade de Teologia credenciada, devido ao concordismo histórico-bíblico subjacente (subtítulo: "A verdade histórica da Bíblia demonstrada pela arqueologia"), continua a ser popular em grupos cristãos evangélicos, onde o sentido apologético é mais agudo. Marcou uma época, mesmo entre católicos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mar alto dos debates

Retrato de Ambrósio de Milão, do séc. V.
Pormenor de um mosaico na Basílica de Santo Ambrósio (em Milão; não confundir com a Catedral)

Num tempo de secularização, laicidade, pluralismo, diz-se que o significado cristianismo, a credibilidade da fé, a pertinência da religião se jogam no campo cultural, mais do que no campo político (estou a pensar em intervenções recentes do historiador António Matos Ferreira e de D. José Policarpo).

Ambrósio de Milão (340-397) disse o mesmo com 1600 anos de avanço, comentando o trecho evangélico de Lc 5,4:

«Avança para o largo (duc in altum)», quer dizer, para o mar alto dos debates. Haverá profundidade comparável ao “abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência do Filho de Deus" (Rm 11,33), à proclamação da sua filiação divina?... A Igreja é conduzida por Pedro para o mar alto do testemunho, para contemplar o Filho de Deus ressuscitado e o Espírito Santo derramado.

Quais são as redes dos apóstolos que Cristo manda lançar? Não será o encadeado das palavras, as voltas do discurso, a profundidade dos argumentos, que não deixam escapar aqueles que são agarrados? Estes instrumentos de pesca dos apóstolos não fazem morrer a presa, mas guardam-na, retiram-na dos abismos para a luz, conduzem-na lá de baixo até às alturas...

«Mestre, diz Pedro, trabalhamos toda a noite sem nada apanhar mas, à tua palavra, lançarei as redes». Também eu, Senhor, sei que para mim se faz noite quando tu não me dás ordens. Ainda não converti ninguém com as minhas palavras, ainda é noite. Falei no dia da Epifania: lancei a rede e não apanhei nada. Lancei a rede durante o dia. Espero que tu me ordenes; à tua palavra, tornarei a lançá-la. A confiança em si mesmo é vã, mas a humildade dá muito fruto. Aqueles que até então não tinham apanhado nada, eis que, à palavra do Senhor, capturam uma enorme quantidade de peixes.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

"O estranho caso de um católico inglês"

Maria Filomena Mónica escreve sobre a releitura de “Ortodoxia” no Público de hoje (uma referência à primeira edição em português da obra de Chesterton aqui). Quando se trata de religião, é preciso ter cuidado com o que a historiadora/socióloga escreve. Há uns anos, nas páginas do mesmo jornal, escrevia “Bodas de Canaã” em vez de Bodas de Caná e mais meia dúzia de disparates hilariantes.

O texto “O estranho caso de um católico inglês” é, contudo, muito interessante. Começa assim:

“Excepto nos países totalitários, a dissidência é um prazer. Segundo a mais simples fórmula matemática, a dupla dissidência dá o dobro do gozo. Ora, no Reino Unido, a opção pelo catolicismo representa um gesto de rebeldia não só em relação à Igreja como ao Estado. Depois de, no século XVI, Isabel I ter declarado serem os católicos um bando de heréticos, o destino desta confissão passou por várias etapas, da condenação à morte à tolerância e, por fim, à glamorização. Hoje, ser-se católico no Reino Unido é chique. Quando, em 1922, G. K. Chesterton aderiu à Igreja Católica (muitos anos depois de ter escrito este livro) já não se decapitavam os crentes no poder papal, mas não existia ainda a vaga de conversões recentes, de que a mais famosa é a de Tony Blair”.

Parece-me desfocada a visão da autora sobre o catolicismo expressa na segunda parte do artigo, por ler tudo a partir da sua experiência frustrante, mas aceita-se o conselho final:

“Não deixe que o livro se perca entre as capas que efemeramente ornamentam as estantes das nossas livrarias”.

Ler mais aqui.

domingo, 5 de julho de 2009

Clássicos 12: "Ortodoxia", de Chesterton


(Primeiro parágrafo:) “A única desculpa possível para este desafio é o facto dele ser a resposta a um desafio. Um atirador, por muito mau que seja, fica sempre dignificado, desde que aceita um duelo. Quando, há algum tempo, sob o nome Heretics, publiquei uma série de ensaios um tanto apressadamente mas com sinceridade, alguns críticos, cujas qualidades de inteligência merecem o meu maior respeito (refiro-me especialmente a Mr. G. S. Street), vieram declarar que eu convidava toda a gente a tornar públicas as suas teorias sobre os problemas cósmicos, mas evitava, cuidadosamente, apoiar os meus preceitos com o exemplo. «Começarei a inquietar-me com a minha filosofia» - disse, nessa ocasião, Mr. Street - «quando Mr. Chesterton nos tiver apresentado a sua». Era, talvez, uma imprudente sugestão feita a quem está sempre inteiramente preparado para escrever um livro à mais leve provocação”.

Ortodoxia | Ortodoxy | Gilbert Keith Chesterton | Livraria Tavares Martins | 252 páginas, Porto, 1974

Gilbert Keith Chesterton (1874 - 1936), “príncipe do paradoxo”, especialista em Dickens, escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador, etc., etc., chegou a ter o seu próprio jornal, o "G. K.'s Weekly". Hoje teria blogues, além do jornal. Foi um dos maiores apologetas católicos do séc. XX. Pio XI admirava-o. Criou o detective Padre Brown.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Clássicos - 1: "Apologia", de Cardeal Newman


“Facilmente se compreende a grande provação que para mim representa ter de escrever a minha própria história; mas não posso furtar-me a este dever. As palavras Secretum meum mihi ecoam aos meus ouvidos; mas à medida que os homens se aproximam do fim, menos lhes custa fazer confidências. E não é menos provação antever que os meus amigos, ao leram pela primeira vez o que escrevi, lhe encontrem muito de irrelevante em face do que se pretende. No entanto, considerando o conjunto, insisto em pensar que, transmiti-lo ao público, é servir os meus propósitos”.

Apologia | Título original: Apologia pro Vita Sua | Cardeal Newman | Verbo, 1974, 382 páginas

John Henry Newman (Londres, 21 de Fevereiro de 1801 – Edgbaston, 11 de Agosto de 1890), anglicano inglês convertido ao catolicismo em 1845, foi nomeado cardeal pelo papa Leão XIII, em 1879. É considerado precursor do ecumenismo e do personalismo. Ordenado sacerdote da Igreja Católica em Roma (1847), abriu e dirigiu em Birmingham um oratório de São Filipe Néri e foi ainda reitor da Universidade Católica da Irlanda (1854). A “Apologia” é uma autobiografia espiritual.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...