domingo, 19 de setembro de 2010

Dois livros de Newman no dia da sua beatificação

1. “Apologia”, das edições Verbo, publicado em português em 1974 (aqui apontado, há tempos), de título completo “Apologia Pro Vita Sua”, é uma história das suas convicções religiosas em cinco capítulos, terminada no dia 26 de Maio de 1864. O autor ainda viveria mais 26 anos, até 11 de Agosto de 1890.

Newman descreve as influências na sua educação, como cresce a sua consciência religiosa, o que escreveu e porquê, a aproximação à Igreja Católica (por via da história e principalmente dos Padres da Igreja – teólogos dos primeiros séculos), mas também o ambiente cultural da Inglaterra e da Igreja anglicana do séc. XIX e até uma defesa contra o que pensavam alguns católicos.

Uma frase: “Desde que sou católico, já me têm por vezes acusado de relutância em fazer conversões; e os protestantes têm deduzido, do facto, que não tenho muita pressa de as fazer. Agir de modo diferente seria contrário à minha maneira de ser; mas, além disso, seria esquecer as lições que recebi na experiência das minha história passada” (pág. 147).

2. “Ensaio a favor de uma Gramática do Assentimento”, de 1870, publicado em português pela Assírio & Alvim, em 2005, é um estudo sobre a aquisição da certeza no conhecimento religioso e teológico, uma espécie de introdução à lógica religiosa que não descura a razão, por quem “aderiu a um realismo ontológico, sereno e crítico”, segundo expressão de Artur Mourão, que escreve na introdução a esta obra que Newman é “uma glória das duas Igrejas, um herói do pensamento cristão e um dos grandes mestres da língua inglesa na prosa, na oratória e sobretudo na controvérsia”.

Na contracapa, Joseph Ratzinger, que hoje como Bento XVI presidiu à beatificação (notícia aqui), conta que quando em 1947 continuou os seus estudos em Munique encontrou “no professor de Teologia Fundamental um culto e apaixonado seguidor de Newman” que lhe deu a conhecer a “Gramática do Assentimento”. E remata: “Com isto ele pôs nas nossas mãos a chave para inserir na teologia um pensamento histórico, ou melhor: ele ensinou-nos a pensar historicamente a teologia, e precisamente desta forma, a reconhecer a identidade da fé em todas as suas mutações”.

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