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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Misticismo de olhos abertos


Da entrevista de António Marujo a Johann Baptist Metz

A sua proposta de uma mística da compaixão como uma mística política não é uma contradição nos termos?
Misticismo e política? Não. Se se entender a mística política em confronto com as diferentes formas de misticismo de olhos fechados, não é uma contradição. Já em 1980 falei do misticismo de olhos abertos, que é uma característica básica do misticismo bíblico. Porque todos temos responsabilidade por outros sofrerem. Isso é também uma diferença básica em relação ao budismo.
Não estou a afalar em política partidária, mas de uma inspiração para o âmbito público da nossa vida. É uma motivação e inspiração para o que chamamos política. Não podemos separar estas duas dimensões.

António Marujo, “Deus Vem a Público. Entrevistas sobre a transcendência. I volume” (ed. Pedra Angular)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O misticismo de Richard Zimler

Richard Zimler diz numa entrevista à Ler (n.º 85, pág. 34):

“Aquilo que me atraía [no estudo de Religião Comparada], sempre, era o misticismo. A ideia, em primeiro lugar, de que existe qualquer coisa para além da nossa realidade – talvez não seja Deus mas é outra dimensão, algo de transcendente. Não faço a mínima ideia do que se trata, mas existe”.

Disse isso e deixou em mim algumas dúvidas. Como pode haver algo de transcendente que não seja Deus ou pelo menos da esfera do divino? Serão anjos? Deus, sobrenatural, transcendente não são a mesma coisa. Mas… poderá haver transcendência sem Deus? Poderá haver outra dimensão para lá da natural se não existir o que, há falta de outra palavra, teremos de nomear como Deus? Falar em deuses parece, evidentemente, irracional. Como poderiam existir vários deuses? A omnipotência é qualidade exclusiva de uma única entidade. Não pode ser dividida (na teologia cristã, esta questão foi imensamente debatida; e só há um deus, sendo três pessoas). Se admitirmos algo transcendente, como não nomear a isso Deus, ainda que não tenha a história do Deus judaico-cristão?

Comungando com o judeu Zimler toda uma tradição, ainda que o luso-americano provenha de uma família judaica laica, enquanto eu me insiro na revelação de Jesus Cristo e no grande rio que é a Igreja, poderia subscrever perfeitamente as suas palavras, com estas ligeiras diferenças. Tratando-se de Deus, não sei se a diferença é grande ou pequena:

“Aquilo que me atraía [no estudo de Religião Comparada], sempre, era o misticismo. A ideia, em primeiro lugar, de que existe qualquer coisa para além da nossa realidade –outra dimensão, algo de transcendente. Não faço a mínima ideia do que se trata, mas existe. Há falta de outra palavra, terei de dizer que é Deus”.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...