Hoje, a Igreja é como um castelo medieval, cercado de água. Levantaram a ponte e atiraram as chaves à água. Este “hoje” refere-se aos tempos de Pio XII, que morreu em 1958, porque o pensamento foi deixado pelo P.e Liber, jesuíta, confessor do Papa Pacelli. O episódio foi recordado há dias pelo P.e Comblin, em El Salvador, para falar dos tempos que correm.
José Comblin, 87 anos, padre belga a viver no Brasil desde 1958, com oito anos de exílio no Chile pelo meio, devido ao regime militar dos anos 1970, proferiu uma conferência sobre “o que nos está a acontecer na Igreja?” Há muito tempo que não lia nada tão questionante, tão profético, tão inspirador de esperança.
Sobre as mudanças que têm sido anunciadas e reanunciadas (“da conservação à missão”, por exemplo), diz o padre que estamos como diz Teresa de Ávila: “Nada nos perturbe”.
Separa, por outro lado, o que é de Jesus (o evangelho) e o que não é (a religião, os ritos, as doutrinas). “Toda a história cristã é uma contradição permanente e constante entre os que se dedicam à religião e os que se dedicam ao evangelho”.
Critica, também, a formação nos seminários, a teologia, as congregações religiosas. E quem vai evangelizar o mundo de hoje? “Para mim, são os leigos”. São muitos. Além dos mais, para mudar o clero, são precisos pelo menos 30 anos - diz quem se recusou a trabalhar em seminários.
Quanto aos leigos, “há muitíssima gente disposta, e gente com formação humana, com capacidade de pensar, de reflectir, de entrar em relação e contactos, de dirigir grupos, comunidades”.
Conferência na íntegra, em espanhol, aqui.
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