Um leitor do “Corriere della Sera” pediu ao cardeal e arcebispo emérito de Milão, Carlo Maria Martini, “uma lista de dez motivos” pelos quais devemos estar agradecidos ao último concílio.
Martini não respondeu propriamente com uma lista, mas apontou alguns motivos. O Concílio foi óptimo e recomenda-se, defende o cardeal, contra o que constitui uma corrente não tão pequena quanto se pode supor que anda por aí a dizer que os males actuais da Igreja (incluindo a pedofilia) são consequência das alterações introduzidas por esta reunião magna dos bispos católicos.
No decorrer do Vaticano II, “sentia-se como a Igreja havia reencontrado uma linguagem simples e convincente, que falava ao coração do homem contemporâneo”, afirma Martini, que estava então na comunidade do Pontifício Instituto Bíblico (tinha 35 anos em 1962, início do Concílio; seria ordenado bispo em 1980).
Em síntese, segundo o cardeal, são estes os motivos para lembrar e continuar o Concílio:
- confiança no método histórico-crítico (de que Bento XVI desconfia nos seus livros sobre Jesus);
- melhor compreensão dos textos da liturgia
- uso das línguas vernáculas na liturgia
- encorajamento do diálogo com os cristãos não católicos e com as religiões não cristãs;
- impulso à reforma das ordens religiosas
- aprofundamento da identidade da Igreja
- reconhecimento da liberdade religiosa
- novo entendimento da presença da Igreja no mundo
São oito os motivos apontados. Concordando com todos, eu apontaria mais dois para fazer os dez: reconhecimento da identidade laical (pode estar subentendido na questão da identidade da Igreja); valorização dos meios de comunicação social (foi escrito um documento sobre o assunto, ainda que menor, o “Inter mirifica”, provocando a exclamação em Tiago Alberione, fundador da família paulina: “Agora já não podeis duvidar. A Igreja falou”).
A pergunta do leitor e a resposta do cardeal podem ser lidas em italiano no sítio que criou para promover o Concílio ou em português aqui.
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