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sexta-feira, 2 de julho de 2010

2 de Julho de 1566. Morre Nostradamus

Michel de Nostredame, mais conhecido por Nostradamus (Saint-Rémy-de-Provence, 1503 — Salon-de-Provence, 02-07-1566), foi médico e alquimista, mas é conhecido pela sua clarividência. Em 1555 escreveu “As profecias” (quadras em decassílabos, reunidas em grupos de cem, daí serem conhecidas por “centúrias”), que supostamente falam de acontecimentos do futuro, como eleição de papas, sucessão de reis, guerras e outros acontecimentos de relevo.

Em 2006 alguém interpretou uma das quadras como predizendo a vitória da Espanha no mundial. Diziam os versos que o rei viria de lá dos montes - que interpretaram como sendo os Pirinéus - com o ceptro mundial. Como é sabido, foi a Itália que venceu o Mundial da Alemanha. Mas nesse ano, pela primeira vez, a Espanha venceu o mundial de basquetebol, que decorreu no Japão. Talvez os montes do verso fossem os Urais… Ou talvez o ano em questão não fosse 2006, mas 2010, até ver.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Fernanda Câncio: O reino do disparate

Concordo com a Fernanda na sua última frase, a que está mais correcta em todo o texto. É altura de parar com o disparate. A Lei de Separação, que hoje ninguém da Igreja põe em causa, até o Papa a louvou, indirectamente, na chegada a Lisboa, ao referir que a República deu liberdade de acção à Igreja, foi de facto dolorosa para a Igreja. Ou não é doloroso perder os bens, por exemplo?

Basta ler o Artigo 62 para perceber que ninguém de bom senso poderia aceitá-la:

“Todas as catedrais, igrejas e capelas, bens imobiliários e mobiliários, que têm sido ou se destinavam a ser aplicados ao culto público da religião católica e à sustentação dos ministros dessa religião e doutros funcionários, empregados e serventuários dela, incluindo as respectivas benfeitorias e até os edifícios novos que substituíram os antigos, são declarados, salvo o caso de propriedade bem determinada de uma pessoa particular ou de uma corporação com personalidade jurídica, pertença e propriedade do Estado e dos corpos administrativos, e devem ser, como tais, arrolados e inventariados, mas sem necessidade de avaliação nem de imposição de selos, entregando-se os mobiliários de valor, cujo extravio se recear, provisoriamente, à guarda das juntas de paróquia ou remetendo-se para os depósitos públicos ou para os museus”.

E como este exemplo, a lei de 1911 tem dúzia deles. Claro que Fernanda Câncio só vê o que lhe interessa. Falar hoje de liberdade religiosa (“A religião do reino” é o título do texto) – que na altura alguma hierarquia católica tinha dificuldade em conceber, mas que a Igreja universal aceitou há meio século – e a seguir citar exemplos de uma lei monárquica é interessante em termos históricos. Mas é abusivo, já que ela logo no início mostra a sua intenção: desmentir a “brutalidade infligida ao país”. O facto de hoje toda a gente concordar com a liberdade religiosa (ou quase, porque há alguns, em diferentes religiões, que não concordam com a liberdade religiosa) não é a óptica correcta para falar do que aconteceu há cem anos, porque a questão da liberdade religiosa é apenas um aspecto da Lei da Separação. O menos polémico, aliás. E não foi, na realidade o mais doloroso. As pessoas continuaram a ser maioritariamente católicas. A brutalidade vem de outros lados. Mas os seus e os meus olhos não são os melhores para revelar se aquilo na altura foi uma brutalidade. Não estivemos lá. Os que viveram os acontecimentos é que podem falar disso. E o que dizem é que foi mesmo uma brutalidade. Os historiadores de hoje dizem que as pessoas de então sentiram a Lei da Separação como uma brutalidade. Nenhum historiador sério disso duvida. Fernanda Câncio, hoje, diz que não foi assim e a seguir invoca uma Lei ainda anterior - o que mais ajuda à manipulação.

Como não é historiadora (eu também não, mas tenho escrúpulos), pode dar-se ao luxo de manipular os factos e as mentalidades. Pelo texto perpassam pelo menos dois disparates. Um é o da sinédoque, o de tomar a parte pelo todo (liberdade religiosa pela Lei da Separação). Outro é o do anacronismo, avaliar os acontecimentos de ontem pelas categorias de hoje. Estas duas formas de analisar as coisas são boas para fazer humor. Mas quando se trata de opinião que se pretende séria, sai disparate. E "é altura de parar com o disparate". Cá está.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Deus e os imbecis

"Que Deus prefere os imbecis é um boato que os imbecis fazem correr há dezanove séculos".

François Mauriac (1885-1970)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Cristianismo e estupidez

"Fico irritadíssimo quando vejo que o cristianismo é confundido com estupidez, com uma espécie de devoção idiota e covarde..., como se o destino do cristianismo não fosse mais do que deixar a humanidade ludibriada pelas forças do mal, e o cristianismo facilitasse a maldade, enquanto, por definição, está condenado à cegueira e à paralisia".

Nicu Steinhardt, "notável figura do cristianismo romano", baptizado na prisão, citado por Andrea Riccardi, na pág. 166 de "Deus não teme" (Ed. Paulus).

sábado, 5 de setembro de 2009

Jesus não era judeu

Outro exemplo de idiotia no livro citado no post anterior:

“Todo aquele que defende que Jesus Cristo era judeu, é ignorante ou desonesto”.
Stewart Chamberlain

Teologia dos caminhos-de-ferro

Em “A Obsessão do Fogo” (de Eco e Carrière, na Difel), Umberto Eco aponta entre muitos exemplos de loucuras literárias “um certo Madrolle que trata da teologia dos caminhos-de-ferro”.
Não sei quem terá sido o sr. Madrolle (mas talvez a grande teia nos diga algo. E diz. Antoine Madrolle viveu no séc. XIX e ficou impressionado com um acidente ferroviário de que não houve sobreviventes. Era um profeta da desgraça. Aqui), no entanto, não me parece totalmente descabido que se faça uma teologia dos caminhos-de-ferro, como poderia – poderá – haver uma teologia do desporto, do trabalho, dos tempos livres, da cultura, das férias, dos transportes, de um determinado autor… as chamadas teologias do genitivo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A loucura de Jesus

A obra “A Loucura de Jesus”, de Charles Binet-Sanglé, existe em português. Foi publicada em 1909, logo após a edição original (1908), numa tradução de Manoel Ribeiro. Edição da Guimarães & C.ª (Lisboa). A segunda edição saiu em 1910. Um sucesso.

“A Loucura de Jesus”. Conteúdo: Hereditariedade, Constituição e Physiologia - A exegese evangelica. Os documentos relativos a Ieschou. 1.ª parte. A hereditariedade de Ieschou bar-Iossef. 2.ª parte. A constituição e a physiologia de Ieschou bar-Iossef.

As doenças de Jesus

Lendo o espantoso “A Obsessão do Fogo", de Umberto Eco e Jean-Claude Carrière (para quem gosta de uma conversa estimulante sobre história, literatura, livros, cinema, cultura, tecnologia e ideias), da Difel, dou com dois capítulos sobre idiotia (“Nada impedirá a vaidade” e “Elogio da Idiotia”).

Jean-Claude Carrière recorda-se de uma obra extraordinária em três tomos, “La Folie de Jésus” (“A Loucura de Jesus”), de Binet-Sanglé, “um professor de medicina reputado”, que publicou o seu estudo em 1908. Binet-Sanglé afirma que Jesus foi na realidade “um degenerado físico e mental”.

Jean-Claude Carrière cita o professor francês (pág. 179-180): “Apresentando uma anorexia de longa data e uma crise de hematidrose, morto prematuramente na cruz de uma síncope de deglutição facilitada pela existência de um derrame pleurítico, provavelmente de natureza tuberculosa e localizado do lado esquerdo…” E diz que Binet-Sanglé considera que a humanidade está enganada, pois vive há mil e novecentos anos num “erro de diagnóstico”. Jesus era de pequena estatura e de fraco peso, era originário de uma família de vinhateiros…

Remata Carièrre (que noutros pontos se afirma agnóstico): “É um livro de um alucinado, mas composto com tal seriedade que obriga ao respeito”.

Há muito que não ouvia falar deste Binet-Sanglé. Aliás, é a segunda vez que leio algo sobre ele. A primeira foi nas “Hipóteses sobre Jesus”, de Vittorio Messori (Salesianas). E cito (pág. 127-128): “(…) Binet-Sanglé, professor de psicologia na Sorbonne, (…) escreveu quatro volumes com mais de duas mil páginas «para classificar cientificamente o carácter de Jesus». Jesus que, para o professor francês, foi teómano (maníaco religioso, pela degeneração do afecto pelos pais), sitófobo (detestava alimento, como é testemunhado pelo jejum de 40 dias), dromómano (não podia estar parado, como se vê nas contínuas deslocações), impotente (pelas exortações ao celibato), homossexual (pela predilecção por João), insone (pelas noites de oração)…”

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...