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quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Francisco José Viegas: Inteligência, razoabilidade e risco de irrelevância do que diz o Papa
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Jornada de um homem desde a manjedoura
Ao contar a jornada de um homem desde a manjedoura, o cristianismo conta uma história quase universal acerca do destino da inocência e da docilidade num mundo turbulento. A maior parte das pessoas são cordeiros que necessitam de bons pastores e de um rebanho misericordioso.
Alain de Botton na pág. 223 do seu "Religião para ateus"
Alain de Botton na pág. 223 do seu "Religião para ateus"
domingo, 12 de maio de 2013
Bento Domingues: "Ainda há muito que fazer"
Bento Domingues no "Público" de hoje:
Na celebração deste domingo, Jesus ressuscitado, antes de se
despedir, deixa-nos algumas recomendações: abandonar a inveterada vontade de
poder e mantermo-nos disponíveis para as aventuras do Espírito de Deus. Há
muito que fazer e não basta estar sempre a olhar para o céu (Lc 24, 46-53; Act
1, 6-11). A história da Igreja no mundo está aberta, é nosso encargo. Não nos
deixou um manual de instruções do tudo previsto. Os que depois nos arranjaram,
não satisfazem.
Texto na íntegra, aqui, amanhã.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Quem escreveu que "Ele é a meta antecipada"?
Quem escreveu isto?
Não podemos mais contentar em analisar o mundo a partir da criação in illo tempore, mas devemos compreendê-lo a partir da escatologia, do futuro presente em Jesus ressuscitado. Nele realizou-se no tempo o que para nós só se dará no fim do tempo. Ele é a meta antecipada. A partir do fim, devemos entender o começo.
a) W. Kasper
b) J. Ratzinger
c) L. Boff
d) J. Bergoglio
Resposta: Leonard Boff, na página 225 de "Jesus Cristo Libertador" (ed.Vozes). Na realidade, penso que qualquer um dos outros três subscreveria estas palavras.
Não podemos mais contentar em analisar o mundo a partir da criação in illo tempore, mas devemos compreendê-lo a partir da escatologia, do futuro presente em Jesus ressuscitado. Nele realizou-se no tempo o que para nós só se dará no fim do tempo. Ele é a meta antecipada. A partir do fim, devemos entender o começo.
a) W. Kasper
b) J. Ratzinger
c) L. Boff
d) J. Bergoglio
Resposta: Leonard Boff, na página 225 de "Jesus Cristo Libertador" (ed.Vozes). Na realidade, penso que qualquer um dos outros três subscreveria estas palavras.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
O mundo pós-ressurreição
A fé cristã vive desta presença ["Eu estarei convosco todos os dias até à consumação do mundo", Mt 28,20] e desenvolveu uma ótica que lhe permite ver toda a realidade penetrada pelos revérberos da ressurreição. O mundo tornou-se, devido à ressurreição de Cristo, diáfano e transparente.
Leonardo Boff
Leonardo Boff
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Jesus, o ecuménico
Jesus tem consciência de ser enviado, com a sua pregação da soberania de Deus [Reino dos céus / de Deus], a todo o povo de Israel. Ao contrário dos vários grupos existentes da altura, Jesus recusa qualquer intenção separatista.
Joachim Gnilka
Joachim Gnilka
sábado, 12 de janeiro de 2013
Anselmo Borges: "Que futuro para Deus?"
Texto de Anselmo Borges no DN de hoje.
É sobre o tema em epígrafe que Marie Drucker publicou uma entrevista com Frédéric Lenoir, da École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. Faz parte do livro Dieu (Deus).
Alguns indicadores estatísticos. Actualmente, dois terços da população mundial confessam acreditar em Deus. O outro terço reparte-se entre as religiões sem Deus (religiões chinesas, budismo, animismo, xamanismo...) e uma pequena parte que se declara sem pertença religiosa (menos de 10% da população mundial, principalmente na China e nos países europeus descristianizados).
Mesmo se a fé está a diminuir progressivamente desde há várias décadas, cerca de 90% dos americanos e dois terços dos europeus acreditam em Deus. A França e a República Checa constituem excepção, pois são os países que contam hoje com a taxa mais elevada de ateus na Europa. De qualquer modo, mesmo na França, a fé em Deus resiste melhor do que a pertença religiosa e permanece estável: 52%.
As projecções para 2050 dizem que os cristãos passarão de dois mil milhões para três mil milhões; os muçulmanos, de mil e duzentos milhões para dois mil e duzentos milhões; os hindus, de oitocentos milhões para mil e duzentos milhões; os budistas, de trezentos e cinquenta milhões para quatrocentos e trinta milhões; os judeus, de catorze milhões para dezassete milhões.
Estes números não consideram, evidentemente, "evoluções internas profundas" que as mentalidades podem vir a conhecer nem catástrofes ou agitações excepcionais. Segundo a evolução das mentalidades, é a Europa que indica a tendência: "uma secularização crescente, sem que a fé em Deus se afunde. Assim, as religiões terão cada vez menos domínio sobre as sociedades e serão cada vez mais numerosos os indivíduos a declarar-se sem religião, sem que isso signifique o fim da fé em Deus." Acentua-se, portanto, aquele movimento que os sociólogos caracterizam como "crer sem pertencer", emancipação progressiva dos indivíduos em relação às instituições religiosas, mas continuando a ter fé em Deus ou uma espiritualidade pessoal.
Este fenómeno está na linha dos "três grandes vectores da modernidade": "individualização, espírito crítico, mundialização". Assim, no quadro do que Marcel Gauchet chamou uma "revolução da consciência religiosa", é expectável que já não seja "o grupo a transmitir e impor a religião ao indivíduo, mas que seja este a exercer a sua livre escolha em função do seu desejo de realização pessoal". "Salvo se houver uma enorme catástrofe, nenhuma ditadura poderá manter-se na Terra e nenhuma religião conseguirá impor a sua lei aos indivíduos. Os principais vectores da modernidade vão progressivamente, com recuos pontuais, conquistar o mundo todo. Neste contexto, a religião tem razões para preocupar-se, mas não necessariamente Deus e ainda menos a espiritualidade, isto é, a procura do sentido da vida." De facto, as pessoas continuarão a interrogar-se sobre o enigma da existência e as suas questões essenciais: qual o sentido último?, como fazer face ao sofrimento e à morte?, como ser feliz?, quais são os valores que alicerçam a vida?
Por isso, ao mesmo tempo que assistimos à crise da prática religiosa constatamos que a fé em Deus "regressa docemente, mas de modo seguro". Significativamente, os dois elementos que se mantêm estáveis na Europa ao longo dos últimos trinta anos são as cerimónias funerárias religiosas e a fé em Deus, o que mostra que, apesar do distanciamento em relação às Igrejas, ainda se considera que a religião traz respostas à questão do enigma da vida e face à morte. Por isso, "enquanto a existência permanecer um enigma, enquanto a experiência do amor e da beleza nos fizer tocar no sagrado, enquanto a morte nos interpelar", há fortes chances de Deus, seja qual for o nome que se lhe dê, permanecer para muitos "uma resposta credível, um absoluto, uma força transformadora."
Mas há "metamorfoses" do rosto de Deus na modernidade que se acentuam: "Passa-se de um Deus pessoal a um divino impessoal; de um Deus masculino a um divino de qualidades femininas de amor e protecção; de um Deus exterior a um divino que se encontra no interior, no mais íntimo."
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Desejo de paz
O desejo de paz corresponde a um princípio moral fundamental, ou seja, ao dever-direito de um desenvolvimento integral, social, comunitário, e isto faz parte dos desígnios que Deus tem para o homem.
Bento XVI, no início deste ano. Li aqui.
Bento XVI, no início deste ano. Li aqui.
domingo, 25 de novembro de 2012
Cruz da Fortuna
No quiosque, ao comprar o jornal, vejo que uma revista oferece (por mais 1,99 euros, pareceu-me) a "Cruz da Fortuna". É claro que não pensam, quem promove a venda, que Cruz (de Cristo) e Fortuna (do mundo), se não são contraditórios, são improváveis ao mesmo tempo e na mesma pessoa. Não costumam andar juntos. A não ser que os promotores pensem, à maneira de São Paulo, que a verdadeira fortuna está na Cruz de Cristo.
(Em dia de Cristo-Rei)
(Em dia de Cristo-Rei)
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Fé como interpretação
Para mim, a fé é uma maneira bem determinada de ver e
entender a minha vida. Quando alguém me diz que não consegue crer, que está
muito distante da fé, que ela não lhe diz nada, eu não tento transmitir-lhe nem
explicar-lhe as verdades da fé. Em vez disso, pergunto: Como vê a sua
vida? Como vê o mundo? E mostro, então, que ele tem uma determinada
interpretação da vida e do mundo como tal. A questão é: onde foi ele buscar o
direito para essa interpretação? Pois não está a falar simplesmente da
realidade, mas sim da sua interpretação da realidade. Queiramos ou não, nós interpretamos
sempre as vivências pelas quais passamos. A fé é para mim uma maneira bem
determinada de interpretar o mundo e tudo o que eu vivo e experimento no mundo.
Anselm Grun, Dimensões da Fé (ed. Vozes), pág. 33
sábado, 31 de março de 2012
Anselmo Borges: "O Apocalipse, São Malaquias e o fim do mundo"
Texto de Anselmo Borges no DN de hoje (tirado daqui)
O anúncio delirante do fim do mundo no próximo dia 21 de Dezembro, traz consigo, sempre de novo, o Apocalipse, o último livro da Bíblia.
Quem nunca viu um filme referente ao Apocalipse? Quem nunca ouviu falar da besta, do dragão, da mulher do Apocalipse, do número 666? Quando se quer aludir a catástrofes, horrores, guerras, fim do mundo, lá vem o adjectivo tenebroso "apocalíptico".
Quem quiser uma informação rápida, científica e séria, consulte as páginas que lhe dedica o padre Carreira das Neves, o nosso melhor exegeta, na obra que escreveu a meu pedido sobre a Bíblia: O que é a Bíblia. A título de exemplo, lá encontrará a explicação para os números: 3 é um número perfeito e o número de Deus; 3+4=7 ou 3x4=12, para simbolizar a plenitude (os dias da criação ou a aliança de Deus, respectivamente), os 144000 assinalados são o múltiplo de 3x4x12x1000 - 1000 é o símbolo da universalidade - e simbolizam o novo povo de Deus. Em sentido contrário, a metade destes números só pode significar o não--tempo de Deus e a sua não-aliança, como é o caso de três e meio e de seis. Assim, 666 é o número da besta, um símbolo numérico do nome e título de Domiciano como imperador. A mulher pode designar a Igreja perseguida, a prostituta ou a noiva do cordeiro.
O decisivo é compreender que o livro do Apocalipse tem o sentido exactamente contrário do vulgarizado. Trata do combate entre o Império romano e a Igreja de Deus, para animar os cristãos perseguidos, dando-lhes esperança: Deus e o seu Cristo triunfarão. Aliás, hoje os estudiosos pensam que a verdadeira estrutura do Apocalipse reside numa grande liturgia terrestre e celeste ao cordeiro, que representa Cristo.
Num contexto esotérico, lá vem também a profecia de São Malaquias, segundo a qual Bento XVI seria o penúltimo papa. O texto da profecia aparece pela primeira vez em 1595 num volume - Lignum vitae, ornamentum et decus ecclesiae - publicado pelo beneditino veneziano Arnold de Wyon, onde são recolhidas 111 divisas em latim, correspondentes cada uma a um papa desde Celestino II (1143-1144), e que, segundo Wyon, seriam obra de São Malaquias, do século XII. No documento, cuja autenticidade e paternidade são postas em causa pelos especialistas, ao actual papa é consagrada a 111.ª divisa: "a glória da oliveira". Depois, segundo a última divisa, vem a perseguição da Igreja e "passadas as tribulações, a cidade das sete colinas será destruída e o Juiz terrível julgará o seu povo".
A divisa atribuída a Bento XVI está na quinta linha da terceira coluna
Superando agora o esotérico da coisa, encontramos, claro, o fim do mundo enquanto fim de um mundo, sempre que um homem ou uma mulher morrem. De facto, a morte de um ser humano é sempre o fim de um mundo. Ali, acaba um mundo. Nas mudanças radicais da História, assistimos igualmente ao fim de um mundo. Constatando hoje o desaparecimento acelerado de línguas, podemos e devemos dizer que, sendo cada língua um mundo, vários fins de mundo estão infelizmente a acontecer.
Quando nos apercebemos das crises e catástrofes em curso, económicas, ecológicas, sociais em curso e do armamento nuclear existente no mundo, tomamos consciência de que podemos pôr termo à Humanidade e pôr fim à vida sobre a Terra.
E os cientistas? Há hoje dois modelos principais entre os cosmólogos. O primeiro - o modelo oscilante - afirma que a expansão do universo um dia se deterá, seguindo-se uma contracção, que poderá dar lugar a uma nova grande explosão. Na segunda hipótese, a expansão avançará, sem contracção, desembocando o processo na morte, no silêncio e na noite total. Mas isso daqui a muitos milhares de milhões de anos.
E as religiões? Já os maias, ao falar do fim do mundo, pensavam num dualismo de fim e novo começo, no quadro do eterno retorno. Também as religiões indianas se situam dentro de uma visão cíclica: o fim do mundo inclui a emergência de outro novo mundo. Na perspectiva bíblica e das religiões monoteístas, espera-se um "céu novo e uma terra nova". O Deus Criador do princípio é também o Deus do fim, o Consumador da perfeição: o Alfa e o Ómega.
sábado, 24 de março de 2012
Anselmo Borges: Fim do, de/um mundo
John Eric Thomson
Texto de Anselmo Borges no DN de hoje:
A final, já "se sabe" quando é o fim do mundo: no dia 21 de Dezembro deste 2012! Como se chegou a esta data fatal, cuja notícia invade muitos sítios da Rede?
O arqueólogo britânico Sir John Eric Thomson, um eminente mesoamericanista do século XX, mostrou as correlações entre um dos calendários maias e o nosso calendário. Segundo certos cálculos, a partir de um texto breve, descoberto nos anos 50 do século passado em Torturego, no México - quem quiser aprofundar a questão de modo breve e sério consulte o dossiê dedicado ao tema por "Le Monde des Religions", Nov.-Dez. de 2011 -, a contagem longa dos maias teria começado no dia 11 de Agosto de 3114 antes da nossa era e acabaria no solstício do Inverno do ano em curso, 21 de Dezembro de 2012.
Tanto bastou para que se desse, nos anos 80 do século passado, o começo de um movimento apocalíptico planetário, iniciado por José Argüelles, "maianista" americano convicto, isto é, partidário do maianismo, termo que designa as crenças New Age, apoiadas na mitologia maia. Em Le Facteur maya, publicado em 1987, afirmava que o dia 21 de Dezembro determinará uma transformação na consciência mundial bem como o início de uma nova era. Rapidamente percebeu que a aldeia global era um alvo ideal e o que é facto é que os sítios esotéricos e apocalípticos consagrados à "profecia maia" invadiram a Internet, e o cinema e a televisão associaram-se na difusão do rumor planetário desta catástrofe "profetizada" pelos maias e pretensamente confirmada por astrólogos e cientistas.
No entanto, se alguns incidem na angústia colectiva do fim do mundo, explorando uma certa depressão planetária, outros são menos alarmistas, informando que o que os maias sabiam é que o 21 de Dezembro será um "renascimento" e o "início de uma nova era mundial". "O fenómeno 2012 é totalmente indissociável da Web. É essencialmente por esse meio que se desenvolveu desse modo", explica Laure Gratias, jornalista e autora de La Grande Peur de 2012. "Em todos os sítios da Internet e em todas as obras consagradas a 2012, encontra-se esta afirmação categórica: as ideologias, as religiões e as filosofias mais diversas convergem no sentido de designarem 2012 como data do apocalipse".
É inevitável perguntar como é que se instala tanta crendice na mente das pessoas que aceitam como indubitável o fim do mundo no dia 21 de Dezembro próximo. Como diz Éric Taladoire, especialista das civilizações pré-colombianas, tentarmos repor a verdade sobre um falso fim do mundo é uma tarefa árdua, pois, por definição, "os que crêem nisso consideram-nos precisamente como mentirosos ou dissimuladores, participantes num vasto complô."
De facto, os maias não falavam tanto do fim do mundo como do fim de um mundo e da sua reciclagem, segundo um princípio de alternância e um movimento cíclico perpétuo: a vida acaba na morte e a morte dá lugar à vida, o termo de um ciclo é seguido de um renascimento. Os Livros de Chilam Balam não são a profecia delirante do fim do mundo, pois referem-se ao fim de um mundo, precisamente ao desabamento do seu mundo, no contexto da conquista feroz espanhola. Mas essa "catástrofe cultural e demográfica sem precedentes" não impediu um renascimento: os maias continuam vivos, mesmo se a sua cultura mudou.
É assim também no fim de um mundo que nos encontramos hoje. Vivemos num mundo aparentemente à deriva e sem controle e é como se caminhássemos inexoravelmente para o abismo. Como escreve É. Taladoire, "A nossa época atravessa uma crise de amplidão planetária. Ela manifesta-se em todos os domínios e é amplificada pela aceleração da informação: daí, a multiplicação dos rumores, das informações incontroláveis. A dúvida instala-se, dando lugar a teorias de maquinação. É neste terreno que prosperam os rumores apocalípticos, difundidos por gente sincera ou verdadeiros escroques. Os investigadores desenvolvem uma análise rigorosa, lógica, mas os 'crentes' refugiam-se no acto de fé. Os desmentidos científicos podem por vezes convencer os hesitantes, mas os partidários do complô só verão nisso a prova da amplidão das manipulações".
quarta-feira, 21 de março de 2012
Religião e verbo «ser», religião e criação
A religião poderia ser definida como uma resposta narrativa à interrogação: «Porque há alguma coisa em vez de nada?», como um esforço estruturado visando demonstrar que esta interrogação não poderá esquivar dentro dela a presença contraditória do verbo «ser».
George Steiner, Gramáticas da Criação, Relógio d'Água, pág. 28
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Uma maneira bem determinada de ver e entender a minha vida
Para mim, a fé é uma maneira bem determinada de ver e entender a minha vida. Quando alguém me diz que não consegue crer, que está muito distante da fé, que ela não lhe diz nada, eu não tento transmitir-lhe nem explicar-lhe as verdades da fé. Em vez disso pergunto: Como vê a sua vida? Como vê o mundo? E então eu mostro que ele tem uma bem determinada interpretação da vida e do mundo.
Anselm Grun, Dimensões da fé, Vozes, p. 33
Anselm Grun, Dimensões da fé, Vozes, p. 33
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Cardeal Martini: Quando olho para o mal no mundo...
Quando olho para o mal no mundo, prende-se-me a respiração. Compreendo as pessoas que chegam à conclusão de que Deus não existe. Só quando olhamos o mundo - tal como é - com os olhos da fé é que se pode transformar algo. A fé desperta o amor, ela leva a que nos comprometamos pelos outros. Da entrega surge a esperança - apesar do sofrimento.
Carlo Maria Martini, "Colóquios nocturnos em Jerusalém", pág. 17
Carlo Maria Martini, "Colóquios nocturnos em Jerusalém", pág. 17
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Como lidar com uma vaga cultural? - João César das Neves responde
Como lidar com uma vaga cultural? Esbracejar face à onda é tolice e fugir cobardia. Devem evitar-se a atitude apática e facilitista, que escamoteia a gravidade do tema em nome da paz podre, e o fanatismo intolerante, que transforma essa gravidade em agressão. Nestas discussões vitais existem três exigências básicas. Primeiro ter ideias claras e opiniões firmes, ao nível da importância do assunto, com argumentos sólidos e elaborados para as suportar. Depois respeitar sempre os opositores, por mais chocantes que sejam as suas posições, procurando um diálogo sereno e profundo. Acima de tudo, deve reinar a certeza que no fim a verdade triunfará.
João César das Neves no DN de ontem (aqui).
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Bento XVI governa a meio gás?
Marco Politi, que tem em português pelo menos um livro, “Adeus a Wojtyla” (Gráfica de Coimbra) escreveu uma obra crítica para Bento XVI (há tempos aqui referido). Diz que o Papa governa a meio gás porque está demasiado interessado nos seus livros.
Sabendo que não se pode ao mesmo tempo ser líder religioso-político e ficar concentrado em problemas teóricos tão importantes como o de explicar Jesus Cristo ao homem contemporâneo. Isso significa que a mente do papa, em algumas partes do dia, está concentrada em sua atividade de estudioso. Um jornalista também sabe que é difícil ser cronista e também escrever um livro. Imagine um papa.
O Papa está isolado:
Não só já não vê frequentemente os núncios – somente no início e no fim de suas missões: ele também não vê, um a um, os bispos em visita ad limina. Vê apenas as delegações, mas não fala com cada um. Falta-lhe muita informação sobre o que acontece no chão da Igreja. E isso o fecha em uma espécie de torre de marfim, em que predominam os problemas teóricos sobre a capacidade de enfrentar as questões concretas de modo inovador.
E a Igreja está numa tripla crise:
Vaticano e a Igreja estão atravessando uma crise tripla: de visão geopolítica – o Vaticano perdeu muito peso na cena internacional –, de relações ecumênicas. Há uma paralisia em todas as direções. Com os protestantes, o papa vai à Alemanha, faz um belo discurso sobre Lutero, mas depois não há novidades. Com os anglicanos, está tudo parado. O mesmo também acontece com os ortodoxos, que estão próximos e, no entanto, não houve progressos significativos. E há uma terceira crise interna: continua a grande falta de sacerdotes, razão pela qual muitas paróquias no primeiro mundo não têm pároco. E houve uma forte queda na presença das mulheres nas congregações femininas. Entre 2004 e 2009, perderam-se 40 mil freiras, o que significa um enfraquecimento da infantaria da Igreja.
Há então algum aspeto positivo neste pontificado? Politi
responde o seguinte:
Conta muito a imagem de sobriedade que esse pontífice dá e, sobretudo, a sua pregação de um cristianismo simples, que não deve ser considerado como um pacote de proibições, mas sim como uma verdadeira identificação com a mensagem de Cristo e, portanto, ter uma fé consciente, mas também fortemente caracterizada pela solidariedade com o próximo e com o gênero humano. Frequentemente, há estereótipos sobre Ratzinger como o cardeal panzer. Mas, visto de perto, ele é uma personalidade muito calorosa, muito sensível, também com senso de humor. Ele acredita verdadeiramente que no mundo moderno o importante é um cristianismo testemunhado com simplicidade e convicção. Essa é uma grande mensagem. Ainda desde a sua primeira encíclica, ele enviou a mensagem de que o cristianismo, em seu núcleo, é uma religião de amor, justamente em uma fase em que há muito fundamentalismo religioso.
Os negritos são meus. Parece-me que o diagnóstico faz sentido. Ler tudo aqui.
domingo, 25 de setembro de 2011
Religião em Dawkins
Diz Richard Dawkins: “Eu sou contra a religião porque ela nos ensina a nos
satisfazermos ao não entender o mundo”. E bem. Todos devemos ser contra a religião se e quando ela nos ensinar a nos satisfazermos ao não entender o mundo.
Mas é isso que faz a fé cristã? Claramente que não é. A fé cristã é principalmente um impulso ao encontro do outro, do próximo. E é muito mais exigente entender o próximo como um "alter christus" do que "entender o mundo".
Mas é isso que faz a fé cristã? Claramente que não é. A fé cristã é principalmente um impulso ao encontro do outro, do próximo. E é muito mais exigente entender o próximo como um "alter christus" do que "entender o mundo".
sábado, 27 de agosto de 2011
Estrangeiros
Pode descrever-se os cristãos como sendo estrangeiros não tanto porque pertencem a um outro lugar, mas porque a sua pátria é Aquele que transcende as exclusões de qualquer local particular.
Timothy Radcliffe na pág. 191 de "Ser cristão para quê?" (ed. Paulinas)
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Religião e mundo
Uma religião que se sinta perfeitamente à vontade no mundo não tem conselhos a dar sobre aquilo que o mundo não conseguir alcançar de um modo mais fácil.
Reinhold Niebuhr (1892-1971)
Reinhold Niebuhr (1892-1971)
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Sinodalidade e sinonulidade
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