sexta-feira, 8 de março de 2013
Ana Vicente: Mais um 8 de Março...
Texto de Ana Vicente no "Público" de ontem. Interessa-me especialmente do último parágrafo da segunda coluna para a frente.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Religionline lança inquérito sobre Nova Evangelização
As transformações sociais têm uma influência indiscutível na experiência religiosa. Há pouco tempo, Gianni Vattimo chamava, por exemplo, a nossa atenção para o facto de os desafios europeus perante os quais se encontra a Igreja Católica serem diferentes dos que ocorrem na América do Sul ou em África - apesar das complementaridades. Há virtualidades que devem ser consideradas, como o diálogo, cada vez mais fecundo, entre a religião e a ciência ou entre a fé e a razão, não devendo esquecer-se a comunicação entre as diferentes culturas, num momento em que a cultura da paz exige um esforço acrescido de diálogo entre as religiões.
Não é possível com uma estrutura altamente hierarquizada, exclusivamente masculina e celibatária, ao nível da tomada de decisão, ou seja ao nível do poder real, crer que os povos, crentes nesta ou naquela expressão religiosa ou agnósticos ou ateus, possam dar ouvidos a um discurso advindo de uma instituição que está tão em contradição com a mensagem de Jesus – inclusiva, universal, de amor, de paz, de respeito pela consciência individual, de misericórdia, de compaixão. Estrutura essa que viveu e continua a viver a tragédia da prática do abuso sexual, físico e psíquico, por parte de sacerdotes (e algumas freiras) e que ainda muito pouco fez para que esses abusos nunca mais possam ocorrer. Estrutura essa que continua a perseguir teólogos e teólogas que “eles” consideram perigosos porque procuram caminhos diferentes. Que continua a desejar que as leis penais civis condenem criminalmente as mulheres que fazem um aborto mas pouco parecem agitar-se com o facto de que, em cada seis segundos, morre uma criança, já nascida, de fome.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Religião no feminino - a parte católica
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Ana Vicente. O cristianismo na vertente católica
Excerto sobre a "parte católica" do texto de Ana Catarina Pereira, na “Notícias Magazine” de 4 de Abril de 2010
«Muita gente diz que, se não concordamos com os princípios, devíamos ir para outra religião. (...) Eu gostava que a Igreja a que pertenço, e na qual fui baptizada, fosse mais perfeita».
«A Igreja Católica é uma igreja de amor. É isso que ela deve professar.» As palavras são de Ana Vicente, crente em Deus e católica apostólica romana desde os primeiros anos de vida. Os princípios em que acredita parecem, no entanto, não condizer com o actual estado da Igreja, o que a torna uma das vozes mais críticas da religião que pratica.
No início da sua carreira profissional começou por ser professora e tradutora. Mais tarde presidiu à Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres – CIDM, foi secretária executiva do Programa Nacional de Combate à Droga e consultora do Fundo das Nações Unidas para a População. Juntamente com Maria João Sande Lemos, foi uma das responsáveis pela chegada do movimento Nós Somos Igreja a Portugal, dois anos depois de ter sido fundado em Roma, em 1996. Tem 67 anos e é casada há quarenta.
Para Ana Vicente, a Igreja Católica deveria ter uma estrutura menos hierarquizada, que permitisse um maior envolvimento de todo «o povo de Deus» nas questões essenciais. Na sua opinião, o imenso fosso que separa clero e leigos é totalmente despropositado. Relembrando alguns casos de pedofilia dentro da estrutura eclesiástica, sublinha que o sacerdócio não deveria ser exclusivamente masculino: «Esta ideia de que os padres têm de ser homens, celibatários e uma espécie de seres fora deste mundo tem dado tristes resultados. Excluir as mulheres da Igreja é tão obviamente contra a mensagem de Jesus!» Para o provar cita a Carta de São Paulo aos Gálatas, que considera um importante passo na universalização dos direitos humanos: «Não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo.» Ficava assim provado, sublinha, que todos os seres humanos detinham o mesmo valor, independentemente da sua condição social, género, idade ou orientação sexual.
Sendo esta última uma questão polémica, a representante católica discorda totalmente da posição da Igreja relativamente ao casamento entre homossexuais: «Algumas pessoas têm uma orientação homossexual que não escolheram. São uma minoria, mas essas pessoas existem, e certamente que Deus as ama da mesma forma que aos heterossexuais. Como cristã, acho que não faz sentido discriminar uma pessoa por ela ser homossexual.» Mas, no entender de Ana Vicente, as incongruências da Igreja Católica não se ficam por aqui. Na sua opinião, a postura irredutível face à interrupção voluntária da gravidez e ao uso de métodos anticoncepcionais está totalmente ultrapassada: «Como é que pode condenar-se uma mulher por ter praticado um aborto e, ao mesmo tempo, dizer que o preservativo é pecado? Isto não faz sentido! É evidente que todos somos contra o aborto, que é a interrupção de uma vida, mas eu não me sinto com capacidade, nem ninguém deveria sentir, para julgar uma mulher que faz um aborto, muito menos de dizer que ela tem de ir para a prisão.»
Num futuro próximo, Ana Vicente gostaria que a Igreja abandonasse a sua fixação negativa sobre a sexualidade: «É uma coisa boa, criada por Deus, e que faz parte intrínseca do ser humano!» Sublinhando que estes são desejos partilhados por inúmeros católicos, considera que a falta de novos padres não está relacionada com uma crise de vocações, mas antes com uma vontade de mudança: «Há ordens religiosas, tanto de homens como de mulheres, que estão a desaparecer porque, efectivamente, não souberam adaptar-se. A ideia de que ‘sempre fomos assim e sempre assim seremos’ é um erro».
Ao eterno argumento de que as mulheres não podem abraçar o sacerdócio porque os apóstolos eram homens Ana Vicente responde com pragmatismo. Tratando-se a Última Ceia de uma festa judaica, considera estranho que não se encontrem presentes mulheres e crianças: «Ainda assim, se aceitarmos que Jesus escolheu 12 homens, também podemos deduzir que todos os padres deveriam ser judeus. Para levar as coisas ao extremo, se Jesus, de facto, só queria homens, as mulheres não podem sequer ser baptizadas. Sejamos coerentes! Não existem dez mandamentos para os homens e dez mandamentos para as mulheres. Jesus pede às mulheres a mesma santidade que pede aos homens».
Apesar de lutar activamente pela ordenação das mulheres, Ana Vicente não deseja esta possibilidade para si própria. Por outro lado, também não pondera a hipótese de abandonar o catolicismo: «Muita gente diz que, se não concordamos com os princípios, devíamos ir para outra religião. Mas nós somos um movimento reformador dentro da Igreja, que quer continuar a ser católico. Eu gostava que a Igreja a que pertenço, e na qual fui baptizada, fosse mais perfeita».
segunda-feira, 22 de março de 2010
Ana Vicente: A instituição Igreja tem um problema estrutural e cultural
Sinodalidade e sinonulidade
Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...