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terça-feira, 22 de maio de 2012

Melancolia



As águas subterrâneas da melancolia elevavam-se tanto em mim que julguei afogar-me e cheguei e pensar se não seria melhor dar fim à minha vida.

Romano Guardini (1885- 1968)

sábado, 24 de julho de 2010

A tristeza é a boca do leão que devora quem se entristece

Né Ladeiras diz no DN Gente de hoje que pratica a “melancolia, que era pecado segundo Evágrio do Ponto”.

Evágrio do Ponto, ou Evágrio Pôntico, nascido na Capadócia (na Turquia), viveu nos desertos do Egipto, no séc. IV. Foi um dos Padres do Deserto.

Ao ler a resposta de Né Ladeiras, lembrei-me de procurar o texto de Evágrio. A versão que aqui deixo fala de tristeza. No original devia estar mesmo μελαγχολία.


A tristeza abate a alma e forma-se a partir dos pensamentos da ira.

O desejo de vingança, com efeito, é próprio da ira; o fracasso da vingança gera a tristeza; a tristeza é a boca do leão e facilmente devora aquele que se entristece.

A tristeza é um glutão do coração e alimenta-se da mãe que o gerou.

Sofre a mãe quando dá à luz um filho; porém, esta, tendo dado à luz, vê-se livre da dor. A tristeza, ao contrário, enquanto é gerada, provoca fortes dores e, sobrevivendo, após o esforço, não traz sofrimentos menores.

O cristão triste não conhece a alegria espiritual, como aquele que acometido por forte febre não reconhece o sabor do mel.

O cristão triste não saberá como contemplar, nem brota nele uma oração pura: a tristeza impede todo o bem.

Ter os pés amarrados impede a corrida; assim é a tristeza: um obstáculo para a contemplação.

O prisioneiro dos bárbaros está preso com correntes; a tristeza amarra aquele que é prisioneiro das paixões.

A tristeza não tem força, assim como não tem força uma corda se lhe faltar quem amarre.

Aquele que está atado pela tristeza é vencido pelas paixões e, como prova da sua derrota, aumenta a atadura.

O moderado não se entristece pela falta de alimentos, nem o sábio quando é atacado por um lapso de memória, nem o manso que renuncia à vingança, nem o humilde que se vê privado da honra dos homens, nem o generoso que sofre uma perda financeira. Com efeito, eles evitam, com força, o desejo destas coisas, como efectivamente aquele que corajosamente rejeita os golpes. Assim, o homem que confia no Senhor não é ferido pela tristeza.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Melancolia e criação artística

"Melancolia" (clique para ver melhor), do polaco Jacek Malczewski (1854 - 1929)

Porque será que todos os que alcançaram a eminência na filosofia ou na política ou na poesia ou nas artes são claramente melancólicos?

Aristóteles citado na página 76 de "Contra a felicidade. Em defesa da melancolia" (ed. Estrela Polar), de Eric G. Wilson.

A melancolia é o fundamento profano do sagrado

"Melancolia", de Albrecht Durer
(para o significado da imagem, ler aqui)

A melancolia é o fundamento profano a partir do qual desponta o sagrado. A nossa esperança na validade desta alegação é o que mantém a maioria de nós ternamente predispostos para com a tristeza dos outros, por mais indulgentes que eles sejam, e para as sombras do nosso coração, por maior que seja a dor. Temos fé de que o desânimo conduza à afirmação. Se continuarmos a viver sem acolhermos a escuridão, então só nos resta a mais horrenda das situações: o sofrimento não tem significado. Se isto for verdade, é provável que não consigamos persistir. Precisamos de acreditar que a nossa sombra gera a luz. Temos de manter esta posição. Aceitar o que nos é dado, agarrar graciosamente a gravidade das coisas, dizer sim ao ameaçador não.

In "Contra a felicidade. Em defesa da melancolia" (ed. Estrela Polar), de Eric G. Wilson. Pág. 106.

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...