Georg, Joseph e Maria
Quando escrevi sobre o livro do irmão do Papa, “Meu irmão, o
Papa”, de Georg Ratzinger (aqui), disse que houve dois aspetos que não apreciei
lá muito. Um depende do próprio Georg e outro de Hesemann. Comecemos por este.
A ver se o assunto fica encerrado antes que o ano acabe.
Ao historiador que entrevistou o irmão do Papa só faltou
dizer que a ideia da realização do II Concílio do Vaticano se deveu ao próprio
Joseph Ratzinger. Não exagero. Michael Hesemann diz que o cardeal Frings, arcebispo
de Colónia, “a figura mais impressionante do episcopado alemão do pós-guerra”
ouviu “«o menino-prodígio da Teologia» Ratzinger a esboçar os seus pensamentos
sobre a «Teologia do Concílio»” e o convida para uma conversa. A seguir pede a
Ratzinger que escreva uma conferência que o próprio arcebispo haveria de
proferir em Génova sobre “o Concílio nos tempos atuais”. “O esboço que [Ratzinger]
entregou pouco depois era tão bom que Frings só precisou de fazer uma correção”
(p. 187). Com a conferência, “o cardeal parecia ter anunciado o programa
teológico de todo o Concílio” (p. 188). Pouco depois, Frings encontra-se com
João XXIII e este agradece-lhe o discurso de Génova. Em suma, tendo em conta que, segundo Hesemann, o cardeal de Colónia desejava um concílio mesmo antes da decisão do Papa, foi dos mais influentes na aula conciliar e teve como principal perito Jospeh Ratzinger, “ele [Frings] e o
seu grupo [ou seja, Ratzinger] conseguiram escrever a história do Concílio” (p.
189).
É claramente excessivo o que o co-autor do livro escreve
sobre Joseph Ratzinger e o Concílio. É pouco sobre o acontecimento em si e muito sobre
a influência de Ratzinger, que, na realidade, sem qualquer dúvida, foi menor do que a de Yves
Congar, Henri de Lubac, Jean Daniélou, Karl Rahner, ou mesmo John Courtney Murray
. Georg, sobre o seu irmão e o Concílio, é muito modesto. Diz só que o
irmão fez uma conferência em 1964 sobre a falta de unanimidade entre teólogos e
religiosos do concílio.
O segundo aspeto. Os irmãos Ratzinger são três: Maria (1921),
Georg (1924) e Joseph (1927). No livro fala-se regularmente do pai e da mãe
Ratzinger, mas quase nada da irmã Ratzinger, que morreu quase com 70
anos (nasceu a 7 de dezembro de 1921 e morreu a 2 de novembro de 1991). Maria Theogona Ratzinger
acompanhou toda a vida os irmãos, principalmente Joseph, que serviu até morrer.
Uma santa praticamente anónima, como muitas mulheres que no século passado se
dedicavam completamente aos seus irmãos padres. Maria merecia mais memória.
8 comentários:
O papel das mulheres na Igreja parece não reunir consenso e vai permanecendo na obscuridade e anonimato. Sobretudo, muitos padres e pessoas ligadas à hierarquia parecem ter repúdio pelas mulheres.
Até há quem afirme nos nossos tempos, em plena Europa, que a culpa da violência doméstica é das mulheres...
"Violência doméstica: padre culpa as mulheres
Pároco diz que as mulheres «provocam», desleixam os cuidados com a casa e usam roupa muito justa" - http://www.tvi24.iol.pt/acredite-se-quiser/acredite-mulheres-provocantes-padre-violencia-domestica-tvi24/1405161-4088.html
Não tenho visto a mesma indignação dos "cérebros europeus" com o facto de a justificação dada pelo islão, a partir dos seus textos fundacionais, para o uso do véu, do niqab e da burka ser precisamente a de que só assim os homens não pecaria em desejo e/ou em acto.
Exactamente!
Faz-me lembrar o caso de um pastor dos USA que está proibido, pela UE,m de entrar na UE por ter queimado o Corão, enquanto que essa mesma UE disponibilizou verbas e assistência jurídica a um músico que, na Polónia, rasgou a Bíblia.
Américo Mendes
"O Corão é um livro de paz e de diálogo". Notícias Magazine, 16 outubro 2011 (entrevista).
A evolução ocorre quando, em vez de justificar os nossos maus actos com os maus actos dos outros, os alteramos tornando-os bons.
"O Corão é um livro de paz e de diálogo", disse o palhaço do bispo de Bragança... está mesmo a merecer ter um post, ou mais, no
Inimigo eclesial
Já se foram Maria e Georg Ratzinger, só resta agora Bento XVI que está se apagando aos poucos como a chama de uma vela.
A chama de uma vela só "se apaga" quando apaga. Deus não nos mantém o Papa Bento xvi vivo por metro capricho.
Deus comanda, sábios agem.
Sobre as "vestimentas", as "explicações são declarações incontestáveis declarações da fragilidade de caráter dos "machos".
Se pra você não "cair em pecado" exige que o outro se anule, o problema É VOCÊ, simples assim.
Cristina do Brasil.
Enviar um comentário