Fornece-se
uma parafernália de refugo paranormal a cada passo, cartomantes adivinham o
passado e o futuro dos pacóvios com fórmulas vazias que querem dizer tudo e
nada, os horóscopos são consultados como laboratório e milagres repetidos como
os televisivos; o ocultismo faz-se acompanhar de profecias sempre desmentidas e
sempre readaptadas como pastilha elástica. Poucos acreditam em Cristo mas muitos
nas nossas senhoras de gesso que choram e nas nuvens que assume o perfil do
Padre Pio; quase todos têm vergonha de rezar, mas não de perguntar ao primeiro
que aparecer de que signo astrológico é. Patetices como o satanismo e missas
negras recebem uma atenção que conviria dedicar à leitura de Kant ou dos
Evangelhos, ou mesmo de agradáveis romances policiais.
Claudio
Magris na página 139 de “A história não acabou” (ed. Quetzal)
1 comentário:
Uma excelente passagem.
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