segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
depois dos quais não se teme mais nenhum príncipe deste mundo
No primeiro texto de "Alfabetos", depois de apontar alguns livros que o influenciaram, Claudio Magris escreve que
"(...) acima de todos, estavam o Antigo e o Novo Testamento, depois dos quais não se teme mais nenhum príncipe deste mundo e se compreende que a pedra mais vil, aquela desprezada pelos construtores, é a verdadeira pedra angular".
Estamos em comunhão.
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4 comentários:
Eu cá não. Isto da Biblia devia ser só para profissionais altamente treinados. Não é para fazer em casa por pessoas impreparadas.
Fartam-se de pôr estes avisos nos anúncios com umas tropelias físicamente arriscadas, mas se o risco for intelectual, está tudo bem?
Não viram o que fez até a tipos que deviam ter arcaboiço para aguentar, como o Lutero e o Calvino?
Nas mãos de recém-alfabetizados é pior do que meta-anfetaminas, vão ver o que os pregadores protestantes armaram ao longo da história.
Ainda há quem tenha muito medo da Palavra libertadora. Eles adoram as fugas e para isso nada como complicar o caminho com as suas intelectualidades e manhas doutrinais como se a Palavra fosse propriedade de uma casta intelectual.
(até onde nos levam as intelectualidades e os intelectualoides)
O cardeal Clemente
por BAPTISTA-BASTOS (in DN)
Li, há dias, no Público, uma entrevista a D. Januário Torgal Ferreira, antigo bispo das Forças Armadas. Um refrigério, se a compararmos com a dicção monótona, precaucionista, desagradável e espalmada de, por exemplo, D. Manuel Clemente.
O patriarca de Lisboa é uma sombra melancólica do que foi. E foi um homem desenvolto quando reitor do Seminário dos Olivais.
Conheci-o num debate promovido pela SIC e moderado por Margarida Marante. Um regalo para os olhos e para o espírito. Dois homens cultos, que se respeitavam e desejavam expor, sem gritaria, as suas visões de mundo e as características das respectivas singularidades.
Carteámo-nos por e-mail e, mais tarde, com ele participei, no Porto, em uma controvérsia sobre exclusão social, sob o patrocínio do Montepio Geral.
Ouço-lhe as homilias, os comentários, leio-lhe as entrevistas e as enunciações. Tentava descobrir, no homem de hoje, o padre aberto, dialogante e claro de outrora. Nem sequer a mais ligeira recomendação sobre o Papa Francisco.
A homilia há dias proferida na Capela de Santa Maria constituiu um fluxo de banalidades, mais comuns a pároco de aldeia e não ao fino intelectual interventivo e solidário que foi e deixou de ser.
Parece, inclusive, nas evasivas, nas sinédoques e metáforas com que ornamenta a oração, não estar disposto, como devia e seria imperioso, a arguir, a denunciar, a verberar a situação portuguesa, em todas as vertentes da sua desgraçada miséria.
O mutismo do patriarca Clemente chega ser inquietante, e nada tem a ver com o vendaval moral e cultural que varre o Vaticano. Aliás, ele não está só nesta incongruência desacreditante.
O Episcopado rege-se pela mesma pauta e pratica o silêncio como forma de passar ao lado. O Papa quer punir os padres pedófilos, através das leis civis. Quanto a esse assunto, oclusão absoluta, de que é paradigma o caso de D. Carlos Azevedo.
A Igreja regressou ao breviário mais reaccionário e mais infame. Nos momentos em que mais precisamos da sua voz e do exemplo dos seus melhores homens, desvia-se e entoa outros cantares.
Exactamente! Só quem não sabe o que Clemente (não) fez no Porto se admirará com a sua vacuidade e incompetência.
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