No livro “Adapte-se. O sucesso começa sempre pelo fracasso”,
Tim Harford, que muitos conhecerão do livro “O economista disfarçado”, diz a
certa altura (pág. 23) que a “Bíblia de Gutenberg foi um projeto desastroso
que levou o seu autor à falência”. A indústria gráfica, no início, fez-se de
muitas falências, enquanto não encontrou o modelo de negócio lucrativo. “A dada
altura, diz Harford, lá acabou por encontrar um: a impressão de perdões de
castigo divino, pré-embalados sob a forma de indulgências religiosas”.
Fiquei assim a saber que as mal-afamadas indulgências foram
cruciais para o desenvolvimento da imprensa de caracteres móveis.
Anos mais tarde, Lutero (nasceu 15 anos depois da morte de
Gutenberg), ao escrever que…
A impressão é o último dom de Deus e o maior. Por seu intermédio, Deus quer dar a conhecer a verdadeira Religião a toda a terra e expandi-la em todas as línguas. É a chama que brilha antes da extinção do mundo
…estava, afinal, a elogiar uma indústria tornada viável
pelas indulgências.
2 comentários:
> A impressão é o último dom de Deus e o maior.
Talvez o primeiro de uma longa série de totós que pensaram que cada novo meio de comunicação ia ser finalmente a salvação da humanidade pela educação universal. Reeditado periódicamente com o rádio, a televisão, a internet ...
A humanidade felizmente é muito resistente à educação,mas lá que a Bíblia impressa fez grandes estragos entre os povos do Norte, menos habituados a bebidas e livros fortes, lá isso fez.
Parece que é específico do cristianismo, desde as origens, acolher bem os meios de comunicação, até porque se trata de uma religião missionária. Luthero não foi de modo nenhum o primeiro totó. Paulo, Agostinho, Bonifácio (o da terra de Gutenberg), Tomás, Francisco de Sales e muitos outros também foram totós. Como todos os papas mais recentes, por exemplo, sempre preocupados com os meios. Até o tímido Bento quis um twitter.
Em todo o caso é de louvar como o Euro3cent consegue pôr tanto veneno em tão pouco texto. Pena estar errado.
Rui Jardim
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