O papa Bento XVI apelou hoje [13 de fevereiro de 2013] ao fim da "hipocrisia religiosa" e "rivalidades" dentro da Igreja Católica, na sua última missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
É o que diz o DN. Levar a sério este apelo provocaria
(uso condicional porque não tenho ilusões sobre a sua concretização de hoje
para a amanhã) um novo Pentecostes. Nasceria outra Igreja. E teríamos de
arranjar-lhe outro nome. Como me dizem uns amigos, não os imaginava tão perto
de Bento XVI, “Igreja é sinónimo de hipocrisia católica”.
Nota às 10h48: Vale a pena ler os comentários que se seguem, especialmente o primeiro.
Nota às 10h48: Vale a pena ler os comentários que se seguem, especialmente o primeiro.
3 comentários:
Surgem-me dois apontamentos sobre a homilia do Papa e a (des)informação a seu respeito (baseados na leitura da homilia no original, que pode ser lida aqui: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2013/documents/hf_ben-xvi_hom_20130213_ceneri_it.html):
1. O apelo à conversão é o tema «natural» da liturgia das cinzas. E ninguém deveria esperar que esse apelo fosse feito «aos outros». É um apelo aos cristãos, antes de mais, à Igreja que se quer una, como Cristo e o Pai são um. Isto para dizer que nada vi de novidade ou de provocação na homilia do Papa. Nada que não fosse a provocação com que somos constantemente pro-vocados e con-vocados pela Palavra.
2. É óbvio que a Imprensa estará atenta a qualquer palavra de Bento XVI que soe a polémica. É sempre mais mediático ter um Papa que renuncia por uma qualquer polémica que involva uma intriga secreta nos corredores vaticanos, do que um homem debilitado que tem simplesmente a coragem de se confessar vulnerável.
Mas, penso que a leitura da homilia deverá confirmar isto mesmo que digo. Sobretudo este parágrafo:
«Il profeta, infine, si sofferma sulla preghiera dei sacerdoti, i quali, con le lacrime agli occhi, si rivolgono a Dio dicendo: «Non esporre la tua eredità al ludibrio e alla derisione delle genti. Perché si dovrebbe dire fra i popoli: “Dov’è il loro Dio?”» (v.17). Questa preghiera ci fa riflettere sull’importanza della testimonianza di fede e di vita cristiana di ciascuno di noi e delle nostre comunità per manifestare il volto della Chiesa e come questo volto venga, a volte, deturpato. Penso in particolare alle colpe contro l’unità della Chiesa, alle divisioni nel corpo ecclesiale. Vivere la Quaresima in una più intensa ed evidente comunione ecclesiale, superando individualismi e rivalità, è un segno umile e prezioso per coloro che sono lontani dalla fede o indifferenti.»
Os golpes contra a unidade da Igreja não são apenas (mesmo se alguns sejam) os que se dão nos corredores mais escuros do Vaticano. Não nos falte a humildade para percebermos que esses golpes são dados por cada um de nós!
Pedro
Palavras muito fortes as de este homem que não teve medo de mostrar a sua humanidade total… para muitos isso é escândalo e insuportável, eles sabem mesmo negando-o que neste gesto muita coisa mudou para sempre, e nem vale a pena nomear as consequências deste gesto, todos sabemos muito bem quais são…! Caro Jorge, a liberdade que Deus ofertou ainda provoca muitos medos em muita gente… mas este Papa, apesar da idade, num momento de grande lucidez espiritual, assumiu e teve coragem e abraçou essa liberdade despindo-se dessa infalibilidade e poder absurdo que nada tem a ver com Jesus que se fez um como nós, e que são o verdadeiro leitmotiv daqueles que se digladiam nos bastidores da Igreja e que vão reduzindo a cinzas o pouco que ainda resta do rosto do Jesus dos Evangelhos nela… ele percebeu bem quem o rodeava e onde estava, estas suas palavras agora não são “inocentes”…e por isso “mandou tudo às favas” e foi desfrutar e saborear os últimos anos da sua vida dessa liberdade… abençoado homem… o ES vai pregando destas partidas…!
Pedro, obrigado pelo esclarecimento.
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