A
verdade há-de ser procurada, encontrada e expressa na «economia» da caridade,
mas esta por sua vez há-de ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da
verdade. Deste modo teremos não apenas prestado um serviço à caridade,
iluminada pela verdade, mas também contribuído para acreditar a verdade,
mostrando o seu poder de autenticação e persuasão na vida social concreta.
Facto este que se deve ter bem em conta hoje, num contexto social e cultural
que relativiza a verdade, aparecendo muitas vezes negligente se não mesmo
refractário à mesma.
Caritas in veritate, 2
Não digo que o Papa tenha posto no lixo aquela expressão "a verdade na caridade", que nas suas aplicações habituais transformava a verdade numa verdadezinha, logo menos verdade, e contaminava a caridade. Mas reforçou, sem dúvida, a necessidade de busca da verdade como condição de vida cristã (vida enquanto pensamento e ação).
Certamente que a verdade é um fim. Mas também é uma condição quando aliada ao amor. Mas pelo facto de o amor ser mais alto, não deve deturpar a verdade. Pelo contrário, exige que ela seja sempre cumprida. Espanto-me por isso que alguns ratzinguerianos, e o próprio papa, em algumas circunstâncias ajam como quem tem medo da verdade. Na investigação teológica por exemplo (penso em Ratzinger enquanto prefeito da CDF e enquanto autor dos livros sobre Jesus). A questão não foi, boa parte das vezes o "se é verdade", mas antes o "se está de acordo com o Magistério", quando ambos, teólogos e Magistério devem ser servidores da verdade.
Em resumo, a verdade como imperativo da vida cristã (lá haveremos de chegar à questão do relativismo) é um dos legados de Bento XVI. Assumir a verdade em todos os âmbitos da vida eclesial e na relação com o mundo, no mundo, provocará muita dor.
1 comentário:
Ai provocará, provocará. Prepare-se.
Enviar um comentário