Dei com este livro por acaso, quando andava à procura de um
outro, coisa que não é nada incomum. Já conhecia o autor de “A Mecânica da
Ficção”, que julgava já ter citado neste blogue. Não citei, apenas o usei sem
citar, esperando que um leitor culto que me criticou chegasse ao autor. Todas as informações deste texto tinham sido tiradas de “A Mecânica da Ficção”. Daí
que eu afirmasse no final do texto: “O meu caríssimo leitor que se queixa da
descida de nível decerto saberá encontrá-las no agradável bosque de Jacob”.
“Bosque de Jacob” é uma referência a James Wood. Demasiado
rebuscado. E irrelevante, admito.
Incomum foi só ler o título completo ao chegar a casa. James
Wood garante ensaios rigorosos, apetecíveis e informativos sobre literatura.
Lendo o índice, vi que os ensaios tinham todos uma temática religiosa e
para-religiosa, razão por que o comprei à primeira vista. Como trabalho ao pé
de várias livrarias, só compro determinado livro depois da segunda ou terceira
sessão de namoro.
No índice deste volume dei com títulos como: “Sir Thomas
More: Um Homem para a Efemeridade”, “O todo e o Se: Deus e Metáfora em
Melville”, “As Perversões Cristãs de Knut Hamsun”, “O Misticismo de Virginia
Woolf”, “O Antissemitismo Cristão de T. S. Eliot”, “A Herança Perdida: O Legado
de Ernst Renan”. São 21 ensaios, todos eles, sei-o agora, com temática de fundo
religioso, mesmo “O Shakespeare de Bloom”. Mas só quando cheguei a casa reparei
que o título, completo, é “A Herança Perdida. Ensaios sobre Literatura e
Crença”.
Na pág. 23, e foi o primeiro anticlímax do livro, vem que
"como Lorde Conselheiro, [Thomas More] prendera e interrogara luteranos,
por vezes na sua própria casa, e enviou seis defensores da Reforma para a
fogueira (...)".
Com certeza que voltarei a este livro, mais que não seja
para falar da tese da herança perdida, que diz que, mais do que a ascensão da
ciência, foi a ascensão do romance que arrumou com a divindade de Jesus.
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