Texto do "Público" de 7 de Junho de 2011. Ler o esclarecimento na íntegra aqui. Entrevista que esteve na origem da polémica aqui, em pdf (pág. 35-41).
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16 comentários:
Mete a "pata" na poça e depois anda com estas figuras tristes. A Ordenação das mulheres não vai acontecer, Jesus não o fez.
Esclarece? Esclarecido tinha sido na entrevista. Terá sofrido pressões superiores?
Para o primeiro anónimo: Compreendo que a ordenação das mulheres possa nunca acontecer, o que, para mim, de um ponto de vista que considero cristão, será de lamentar.
Mas dizer que não vai acontecer porque "Jesus não o fez" é não perceber a origem e o significado dos sacramentos e ainda menos, compreender o significado das acções de Jesus. Jesus não baptizou ninguém. Não casou ninguém. Não crismou ninguém. Se Jesus escolheu judeus para apóstolos, tal quer dizer que só os judeus podem ser bispos? Nesse caso, deveriam ser casados, como eram os apóstolos. Pelo menos Pedro, que tinha sogra. Quer dizer que o papa tem de ser casado? Jesus não escolheu mulheres para apóstolos porquê? Poderia escolher? Essa é a questão que se deve pôr. Mas escolheu para discípulas. E os apóstolos decidiram que podiam ser baptizadas. E diaconizas. Mais um tempo, menos platonismo, menos dualismo, e sem dúvida que teriam ser ordenadas. Chegou mesmo a haver proibição de ordenação de mulheres - sinal de que era algo desejado pelos menos por alguns. A tradição constante não só não é completa como não é constante. Voltaremos ao assunto. Não há como não voltar.
Óptima abordagem. Parabéns pela lucidez. É pena que algums irmãos só vivam para a letra esquecendo o espírito.
O que custa é ler: Os apóstolos deixaram "tudo" e seguiram Jesus. Umas vezes a letra serve - eram casados - mas para este caso já não serve...
Não baptizou ninguém??? Ele próprio foi baptizado por João. "Ide e baptizai-os em nome do Pai... Não casou ninguém??? Claro que não. Os noivos é que se casam. Ele só abençoa.
Pode voltar à vontade mas não vão ver a hierarquia a dizer que as mulheres serão ordenadas. Quem afirmar isso não tá bom da cabeça.
Caro amigo de "os apóstolos deixaram «tudo» e seguiram Jesus",
de facto, isto vai muito por interpretações. Daí que, sem dúvida que "umas vezes a letra serve" e outras não. O caso que apresente até é um bom exemplo. Se se diz que eram casados, não vejo como não levar à letra. Quer dizer que tinham esposas. Provavelmente filhos. Talvez até netos. Aos 30-35 anos já podiam ser avôs. Convém conhecer um pouco da mentalidade mediterrânica antiga para saber que os costumes eram diferentes.
Mas quanto ao deixaram tudo, não vejo como ser literal. Tudo como? Entendo o tudo como a decisão existencial. Entendo o tudo como a aposta em Jesus. Mas não seja ingénuo a pensar que deixaram mulher e filhos e até mesmo profissões. Ou que só terão voltado a elas após a desilusão que foi a morte. Mas voltaram mesmo logo, se Jesus ressuscitando já os encontrou à pesca? Nem luto fizeram? A interpretação literal aqui não serve. Como não serve para os três dias entre a morte e a ressurreição. Nem serve para quando Jesus diz que se o braço é ocasião de pecado, arranquemo-lo. Andaríamos todos estropiados. E quando diz para não tratar a ninguém por pai e doutor? E acha que Jesus disse mesmo "Ide e baptizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo?"
Se usamos como argumento que "Jesus disse", "Jesus não disse" temos que saber jogar com os diversos níveis dos evangelhos. Eu não quero com isto desvalorizar os Evangelhos porque julgo que são a Palavra que salva. Mas também não posso usá-los para fundamentar um ponto de vista qualquer sem eu próprio me sentir questionado por eles. E na questão das mulheres, a questão que me sobre é: porque é que não são ordenadas, quando não vejo nada contra e muito a favor?
O muito a favor que vejo resume-se no espiritual de igualdade, de fraternidade entre homem e mulher, entre servos e livres, entre gregos e judeus, como diria mais tarde São Paulo.
Dir-me-á: Mas porque é que Jesus não escolheu mulheres para apóstolos?
Digo-lhe o seguinte: Jesus, como bom judeu, provavelmente rezava como os outros homens do seu tempo: "Obrigado, Senhor, porque não me criaste nem escravo, nem estrangeiro, nem mulher". A mulheres do seu tempo rezavam: "Obrigado, Senhor, porque me criaste segundo a tua vontade". Ora Jesus falava para as mulheres quando os profetas habitualmente não o faziam (era considerado perder tempo)e tinha discípulas, coisas que um mestre de bom nome nunca aceitaria. Por outras palavra, a mudança começou em Jesus. Penso, na esteira de outros, se Jesus tivesse escolhido mulheres para apóstolos subverteria completamente o sinal dos 12 para o novo Israel, quando as mulheres nem contavam como número. Um grupo de 12, constituído por seis homens e seis mulheres pareceria à mentalidade do tempo, um grupo de seis e mais nada.
O mais grave é que, ainda hoje, para muitos responsáveis da Igreja parece acontecer o mesmo. Já é mais do que tempo de pensarmos mais como Jesus e menos como a mentalidade comum do seu tempo.
É pena, de facto, que se estreitem os horizontes que Jesus alargou.
A bem dizer, é problemático, desde logo, falar de ordenação sacerdotal. Jesus, no judaísmo que professava, era um leigo. Pertencia à tribo de Judá e não à de Levi, esta sim a tribo a que pertenciam os sacerdotes.
Ao designar Apóstolos, Jesus quis assegurar a perenidade da mensagem. Não consta que pretendesse modelar uma estrutura rígida.
O Espírito fala nas escrituras, mas não deixa de falar no tempo.
E mesmo nas escrituras, a sadia pluralidade é manifesta.
Os apóstolos, depois de espalharem a mensagem e constituírem comunidades, deixaram pessoas à sua frente. Ser homem ou mulher não era relevante (Príscila e Áquila formavam um casal). Relevante era a fé.
Concentremo-nos na fé. A fé não é um freio que inibe. É uma janela que abre, um sopro que se respira.
Na paz, tudo há-de seguir o seu caminho.
Ser mulher não é impedimento para nada.
Atribuir o contrário a Jesus é uma pretensão desmedida e indevida.
Parabéns pelo blog. Muitos parabéns pelo seu espírito jesuânicamente aberto.
Muito obrigado pelo comentário "É pena, de facto, que se estreitem os horizontes que Jesus alargou...", com o qual concordo completamente.
Vou puxá-lo para o corpo principal do blogue.
Repito: ordenação de mulheres nunca na Igreja católica. Podem estar descansados que não vai acontecer
Se não vai acontecer, eu não fico descansado. Fico triste. E a pensar se somos verdadeiramente católicos. Católicos também no sexo masculino e feminino. Para mais, o/a senhor/a não me deu uma verdadeira razão para a não ordenação das mulheres. Não deu nem dá. Porque não há.
Dois milénios de história. Chega-lhe??? Todos os documentos da Igreja Católica até agora vão em sentido contrário. A Revelação tem três dimensões: Cristo, Palavra e Tradição. Olhe que quem disse isso foi o Ranher...
A Revelação tem duas fontes maiores, sim, Escritura e Tradição. Mas a tradição inclui diaconisas nos primeiros séculos. Isso quer dizer que o/a Sr/a aceita, pelo menos, que as mulheres possam receber o primeiro grau da ordem? Responda só a isto. E se quiser trocar ideias mais em concreto, escreva antes para jorgepiresf@gmail.com.
Isso dos dois milénios, além de não ser correcto (houve diaconisas e há indícios de mulheres poderem ter presidido à fracção do pão), não colhe. A escravidão está a Bíblia e existiu durante 1,9 milénios cristãos (na realidade, o último país a aboli-la fê-lo em... 1980). Se no ano 5000 tivermos dois milénios contra a ordenação e três a favor, já poderão ser ordenadas?
Dá vontade de rir quando afirma: "os dois milénios não colhe".
Parabéns pela sua lucidez. É pena que ainda haja quem pense que a história é mera continuação, sem lugar para a transformação. Sucede que a história não é um freio, mas sim uma ponte para o aberto. De resto, a tradição, no tema em apreço, não é uniforme nem unívoca. Pelo menos, nas origens há indicações seguras de senhoras a presidir ao culto às comunidades. Na própria Escritura, há uma evolução em muitas matérias. A história é um conceito fundamental na Bíblia e na Teologia. E a história não é o domínio da estagnação. É, antes, o âmbito da mudança. Dizer que a ordenação de mulheres nunca vai acontecer presume um conhecimento do futuro que ninguém está em condições de assegurar. Acresce que o cristianismo não defende o determinismo. Deixemos o Espírito fazer o seu trabalho. E não tenhamos medo em acolhê-lo.
Parabéns pela sua lucidez. É pena que ainda haja quem pense que a história é mera continuação, sem lugar para a transformação. Sucede que a história não é um freio, mas sim uma ponte para o aberto. De resto, a tradição, no tema em apreço, não é uniforme nem unívoca. Pelo menos, nas origens há indicações seguras de senhoras a presidir ao culto e às comunidades. Na própria Escritura, há uma evolução em muitas matérias. A história é um conceito fundamental na Bíblia e na Teologia. E a história não é o domínio da estagnação. É, antes, o âmbito da mudança. Dizer que a ordenação de mulheres nunca vai acontecer presume um conhecimento do futuro que ninguém está em condições de assegurar. Acresce que o cristianismo não defende o determinismo. Deixemos o Espírito fazer o seu trabalho. E não tenhamos medo em acolhê-lo.
Eu Afirmo como católico e homem: ordenação de mulheres VAI HAVER na Igreja católica! Podem estar descansados que o Espirito Santo trata de fazer acontecer ! Só quem é cego ou enfiou a cabeça na areia, não verifica que só vai ter futuro a Igreja, quando também as mulheres se ordenarem. Os sinais dos tempos demonstram-no ! E isso não é Dogma de Fé nem altera absolutamente nada o Cristianismo.
Já agora, conheço muitas freiras que seriam óptimas "sacerdotes" e conheço homens que nunca o deviam ter feito....
Deus providencia!
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