sábado, 7 de dezembro de 2013

Anselmo Borges: "Francisco: a alegria do Evangelho (1)"

Texto de Anselmo Borges no DN de hoje:


Precisamente com este título - "A alegria do Evangelho" -, Francisco acaba de publicar o seu primeiro grande texto, na forma de exortação, que foi objecto de referência e análise por parte dos media em todo o mundo e nomeadamente dos principais diários mundiais, como o The New York Times, o Wall Street JournalThe GuardianLe MondeEl País. Viram nele, e com razão, o programa do pontificado de Francisco, com duas partes: uma que diz respeito à renovação no interior da Igreja, outra referente à missão da Igreja perante a situação económico-financeira e social do mundo. Centro-me hoje na primeira, ficando a segunda para o próximo sábado.

"A alegria do Evangelho" não é uma redundância? De facto, a própria palavra Evangelho (do grego, "eu angélion") significa notícia boa, felicitante. Mas Francisco quer sublinhar isso mesmo e, por outro lado, sabe que, como denunciou Nietzsche, o que, de facto, muitas vezes, a Igreja transmitiu, por palavras e obras, foi um Disangelho, uma notícia má e causadora de infelicidade.

Os anunciadores do Evangelho terão, antes de mais, de perguntar a si próprios o que significa o Evangelho para eles mesmos. Estão verdadeiramente interessados nele porque lhes traz alegria, sentido para a existência e salvação? Só a partir daí poderão avançar para a sua entrega aos outros. Precisamente porque é uma notícia boa, feliz e felicitante.

Aí está então a urgência da renovação na Igreja. Para a pedofilia, tolerância zero. Transparência total no Banco do Vaticano: acaba de nomear o seu secretário pessoal como supervisor do IOR e da comissão económico-administrativa, com o objectivo de estar directamente informado. Francisco não quer bispos "príncipes" nem "de aeroporto" a viajar em vez de estar ao serviço das pessoas. E sabe que a missão da Igreja não é ganhar prosélitos, mas contribuir para a felicidade e alegria de todos. Tudo parte desta constatação, que inaugura a exortação: "A alegria do Evangelho enche o coração e a vida toda dos que se encontram com Jesus. Aqueles que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, da solidão. Com Jesus Cristo, nasce constantemente e renasce a alegria. Nesta exortação quero dirigir-me aos cristãos para os convidar para uma nova etapa evangelizadora marcada por essa alegria e indicar caminhos para a marcha da Igreja nos próximos anos." Ficam aí alguns desses caminhos.

A palavra mais repetida no documento é a palavra alegria. A Igreja tem, pois, de ser uma casa onde reina a alegria, o que não significa ausência de esforço, de trabalho e sacrifício. A Igreja tem de ser a "Casa do Pai", o Deus que ama e perdoa sempre, e onde, por isso, as pessoas se sentem bem: os sacramentos (baptismo, eucaristia...) não são só para "os perfeitos". "A Igreja não é uma alfândega", controladora das pessoas e fiscalizadora das suas ideias, mas uma casa aberta, onde há transparência e fraternidade. Nela, o predomínio não pertence à doutrina mas ao Evangelho e, portanto, à confiança e à esperança, aonde todos se podem acolher. A Igreja tem de ser missionária, sair de si mesma, arriscar e ir ao encontro das pessoas, sobretudo das que vivem nas "periferias" geográficas e existenciais. Uma Igreja livre, capaz de denunciar profeticamente as injustiças do mundo. Uma Igreja atenta aos "sinais dos tempos", como mandou o Concílio Vaticano II, e assim capaz de comunicar a sua mensagem com linguagem viva e actual - atenção às homilias!

Impõe-se a reforma das estruturas eclesiásticas, portanto, mais colegialidade e sinodalidade, isto é, mais democracia. "Uma excessiva centralização, mais do que ajudar, complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária." Assim, "não se deve esperar do Papa uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões". "Não é conveniente que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que se colocam nos seus territórios." "Igreja somos todos" e por isso é necessário desclericalizá-la e activar a corresponsabilidade dos leigos, reconhecendo à mulher os seus direitos nos lugares de decisão.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Francisco cumpre a profecia de von Balthasar?

Francisco e Ganswein

Há dias o perfeito da Casa Pontifícia, mons. Georg Ganswein, disse que no início ficou irritado por o Papa Francisco ter ficado a residir em Santa Marta. Agora já passou e os dois riem disso.

Questionei-me então se na opção de ficar em Santa Marta, para lá das "questões psiquiátricas" invocadas por Francisco, não estaria igualmente a sugestão de Hans Urs von Balthasar, que escreveu que para acabar com "escândalo inútil" seria bom que o Papa "transformasse o Vaticano num museu e se transferisse para a entrada de Roma".

O teólogo suíço, tão da preferência de Bento XVI, escreveu aquele desejo no livro "Punti fermi" (Rusconi), pág. 326, publicado em Milão no ano de 1972.

Dom e tarefa

Uma boa cabeça e um bom coração são sempre uma combinação formidável.

Nelson Mandela

Bênção

As jóias perdidas da antiga Palmira,
Os metais desconhecidos, as pérolas do mar,
...
São tão-só espelhos escurecidos e plangentes.

Baudelaire

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Meio século de liturgia que podemos entender

Completaram-se ontem 50 anos sobre a promulgação da constituição "Sacrosanctum Concilium". O documento mais fraquinho do Concílio, o primeiro a ser aprovado, é bem capaz de ter sido o que, na prática, mais mudanças trouxe à vida dos católicos, a começar pela possibilidade da liturgia em vernáculo.

Visão: "Revolução Francisco"

Na "Visão" de hoje. Sete páginas sobre a revolução franciscana. Por António Marujo

domingo, 1 de dezembro de 2013

Bento Domingues: "O advento inesperado"

Bento Domingues no "Público" de hoje (aqui).

1. Hoje, é o primeiro Domingo do Advento, um tempo dedicado a preparar a celebração do nascimento de Jesus. A selecção de leituras bíblicas está feita, os cânticos escolhidos. É previsível o que será dito nas homilias. Se alguma surpresa surgir só poderá vir do Papa Francisco.

Tinha acabado de escrever este parágrafo, quando me telefonaram do Diário de Notícias a pedir um primeiro comentário à Exortação papal Evangelii Gaudium. Acabava de chegar de Ponta Delgada, onde tinha ido participar na XIX Semana Bíblica Diocesana. Cheguei sem saber absolutamente nada acerca dos últimos atrevimentos do Bispo de Roma que, como li depois, se confessa aberto a novas sugestões, pois não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo (16). 

A crónica que tinha preparado era provocada pelo crescimento dos nossos multimilionários e pelos da ilha Hainan (China), nas suas faustosas e ridículas exibições. Um deles, Xing Libin, gastou no casamento da filha, 8.455 milhões de euros, e além desta miséria só lhe ofereceu seis Ferraris. Esta humilhação, esta ofensa directa ao mundo da pobreza e da miséria enojou-me. A indignação do Papa brota da mesma fonte donde vem a sua alegria: a intimação do Evangelho a mudar as comunidades católicas e o mundo.

Esta tentativa de mobilização de toda a Igreja para uma evangelização nova é também o enterro do estilo rançoso que, vindo de muito antes, lançou e acompanhou, durante anos, a chamada “nova evangelização”.

Não resisto a transcrever algumas passagens deste longo documento - nunca enfadonho - sobre o tema que eu tinha destinado para esta crónica. Tentarei, em breve, partilhar outra leitura deste conjunto de notas franciscanas unidas pela alma que em todas palpita e dá ritmo ao conjunto.

A necessidade de resolver as causas estruturais da pobreza não pode esperar (202).

2. Assim como o mandamento "não matar" põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer "não a uma economia da exclusão e da desigualdade social". Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. (…) Os excluídos não são "explorados", mas resíduos, “sobras” (53).

Neste contexto, alguns defendem ainda as teorias da "recaída favorável" que pressupõem que todo o crescimento económico, favorecido pelo livre mercado, consegue, por si mesmo, produzir maior equidade e inclusão social, no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos factos, exprime uma confiança vaga e ingénua na bondade daqueles que detêm o poder económico e nos mecanismos sacralizados do sistema económico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar. Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos darmos conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espectáculo que não nos incomoda nada (54).

3. As mulheres não vão gostar de ler, neste belo documento, que o sacerdócio está reservado aos homens e que esta é uma questão que não se põe em discussão. Quem a retirou da discussão foi João Paulo II, em 1994, mas continua a ser cada vez mais discutida. O Papa Francisco considera, por outro lado, que aí está um grande desafio para os Pastores e para os teólogos, que poderiam ajudar a reconhecer melhor o que isto implica, no que se refere ao possível lugar das mulheres onde se tomam decisões importantes, nos diferentes âmbitos da Igreja (104).

As mulheres não se vão esquecer de lhe lembrar que já existem muitas teólogas e que a Comissão Pontifícia Bíblica, em 1993, reconheceu a abordagem feminista da Bíblia. Em Portugal, existe a Associação de Teologias Feministas. Esta, como outras organizações, não deixarão de apresentar sugestões ao Papa Francisco para novos documentos, como aliás, ele não cessa de lembrar (16).


Sem a participação activa das mulheres não há Igreja de Jesus Cristo.

Parece que a Igreja portuguesa detesta Francisco

Mário Soares escreveu isto no "Público" de ontem:



(...) A Igreja portuguesa tem mantido um silêncio inaceitável, tal como o atual patriarca, em relação ao Papa. Parece que não gosta dele ou mesmo que o detesta.

Anselmo Borges: "As perguntas do Papa Francisco. 2"

Texto de Anselmo Borges no DN ontem.

Embora sensível ao raciocínio de Vasco Pulido Valente, que, reflectindo, no "Público", sobre os caminhos que ficam para o Papa Francisco, concluía: "Apesar da sua imensa popularidade, e mesmo por causa dela, Francisco acabou numa velha armadilha, em que esbraceja em vão. O inquérito não o ajudará.", não creio que, desde que superemos a análise sociopolítica e nos coloquemos na perspectiva cristã, que é a sua, Francisco tenha caído numa armadilha.

Então, qual é o maior problema de Francisco? Ele é um cristão convicto. O que o move é o Evangelho enquanto notícia felicitante da parte de Deus para todos. Assim, o seu problema é que todos se convertam realmente ao Evangelho, começando pelos cardeais, continuando nos bispos e nos padres e acabando nos católicos, que devem converter-se a cristãos.

Neste sentido, não se trata de mudar o essencial da doutrina, mas de ir ao decisivo do Evangelho. Ora, o núcleo do Evangelho são as pessoas, dignas de respeito e atenção. É, pois, preciso continuar a anunciar o ideal do matrimónio cristão, mas, depois, atender às pessoas, às suas necessidades e feridas. Para isso, Francisco conta com a mediação da sensibilidade pastoral dos bispos e dos padres e dos cristãos em geral, que asseguram no concreto a aplicação do ideal.

Por outro lado, não se deve esquecer que Francisco tem uma dupla origem. Ele é ao mesmo tempo "franciscano", e, assim, humilde e próximo das pessoas, e jesuíta, portanto, com toda uma formação de procura da eficácia. Ele crê na "Igreja Povo de Deus", que é também a "santa Igreja hierárquica". Por isso, sabe consultar, no quadro de uma adelfocracia (governo de irmãos), mas também sabe que, em última instância, é a ele que compete decidir, com os outros bispos e em Igreja. Neste quadro, deixei aqui na semana passada o que me parece expectável como resultado deste inquérito, passando agora a algumas perspectivas de teor mais pessoal.

É claro que a família é uma instituição essencial, indispensável, enquanto espaço de comunhão, partilha de afectos, valorização e realização pessoal e educação das crianças. A família é a célula de base da sociedade. Mas também é claro que a pastoral familiar não pode continuar a centrar-se num catálogo de proibições e pecados, na proibição dos anticonceptivos e das relações sexuais pré-matrimoniais. O próprio Francisco já preveniu que não se pode viver obcecado com o rigorismo e o legalismo; de outro modo, "mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas". É evidente que não vale tudo, mas a Igreja tem de reconhecer que tem tido enorme dificuldade em falar pela positiva das questões ligadas à família e ao sexo. O seu discurso nestas matérias tem de centrar-se na dignidade, liberdade, respeito e responsabilidade. Isto também significa que a valorização que se faz da família cristã não tem de ser acompanhada de ataques a outros tipos de realização e vivência de família.

Se o Papa reconhece que há também a tendência homossexual, pergunta-se se não se deve caminhar no sentido do reconhecimento do direito de actividade sexual no mesmo quadro de exigências dos heterossexuais. A adopção é diferente, pois o debate continua, mesmo entre especialistas. Embora Francisco, quando arcebispo de Buenos Aires, tenha aprovado que um casal gay adoptasse uma criança, o que significa, mais uma vez, a dialéctica entre os princípios e as pessoas na sua situação concreta.

Quanto à paternidade e maternidade responsáveis, é urgente perceber que a moral é autónoma, pertencendo, portanto, as decisões neste domínio às pessoas e aos casais, dentro da liberdade na responsabilidade.

No caso dos divorciados que voltam a casar, é claro que se exige celeridade nos processos de declaração de nulidade no casamento. Mas pergunta-se se não será necessário ir mais longe e, atendendo à fragilidade humana, invocar, como a Igreja cristã ortodoxa, o princípio da misericórdia, dando a possibilidade de outra oportunidade. Seja como for, não se pode pedir aos divorciados recasados que continuem no seu empenhamento na Igreja, mas impedindo-os da comunhão.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pacheco Pereira: "O Papa bolchevista"

José Pacheco Pereira na "Sábado" de ontem. Vou ter mesmo de analisar as afirmações do Papa, uma a uma. Há que responder a isto: Ele está contra o capitalismo ou contra os exageros do capitalismo? Não é possível capitalismo sem exageros? O capitalismo é intrinsecamente mau ou só os capitalistas? Há um ou vários capitalismos? O capitalismo é sempre tirania ou há capitalismos sem tirania? E a tirania só surge no capitalismo? O mal é o capitalismo financeiro ou o capitalismo tout court? E se não quisermos capitalismo, o que temos? Ou resta o capitalismo com ética, com lei, democrático?

Ai, tempos tão bons estes, em que só os infelizes passam tédio.

Gay cineforum


Há dias, em Itália, fizeram isto ao Papa emérito. E não morreu ninguém. Por isso é que gosto da sociedade liberal em que vivemos. A estupidez também se tolera.

Depressão

Que a tristeza de viver, muitas vezes em desacordo com a tua vontade, não nos submerja, mas antes que a tua misericórdia se estenda a toda a nossa vida e a fertilize.

Martinho Lutero

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Viriato Soromenho-Marques: "Um cristão em Roma"


Viriato Soromenho-Marques no DN de hoje. Anda meio mundo encantado com as tiradas economicossociais do Papa Francisco. Gostava de ter ideias mais claras sobre o que o Papa pensa da economia (e de outros assuntos, mas esses outros dois não são para aqui chamados) para lá dos apelos à ética. Tenho impressão que a Doutrina Social da Igreja é bem mais equililibrada. Digo mesmo: não tão panfletária. Havemos da falar disso.

Papa Francisco: "Como disse Mário Soares, a nova tirania económica gera violência"


No "Público" de hoje. Consta que o Papa há dias disse: "Como disse o Papa Soares, a nova tirania económica gera violência".

Mais a sério, considero que há um aproveitamento soarista das palavras do Papa. Um venezuelano, no meio do madurismo, por razões completamente diferentes, poderá invocar as mesmas palavras do Papa... Considero, por outro lado, que é preciso estudar - coisa que ainda não fiz, nem prevejo fazer tão cedo, infelizmente - o que o Papa tem realmente dito sobre a economia. Sem dúvida que tem criticado o capitalismo, mas daí até ser anticapitalista como alguns dizem vai uma grande distância. O capitalismo sem ética humanista e mesmo cristã, como qualquer atividade sem ética, é detestável. No caso de Portugal, na situação que Mário Soares tem em vista, o culpado é o capitalismo sem limites ou não será antes e primeiro a indisciplina e má gestão do próprio país? (Claro que há vida para lá do défice. É péssima.)

Nove números da exortação, do 52 ao 60, são sobre a questão económica. O primeiro é este:
A humanidade vive, neste momento, uma viragem histórica, que podemos constatar nos progressos que se verificam em vários campos. São louváveis os sucessos que contribuem para o bem-estar das pessoas, por exemplo, no âmbito da saúde, da educação e da comunicação. Todavia não podemos esquecer que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas consequências. Aumentam algumas doenças. O medo e o desespero apoderam-se do coração de inúmeras pessoas, mesmo nos chamados países ricos. A alegria de viver frequentemente se desvanece; crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver, e muitas vezes viver com pouca dignidade. Esta mudança de época foi causada pelos enormes saltos qualitativos, quantitativos, velozes e acumulados que se verificam no progresso científico, nas inovações tecnológicas e nas suas rápidas aplicações em diversos âmbitos da natureza e da vida. Estamos na era do conhecimento e da informação, fonte de novas formas dum poder muitas vezes anónimo.
Realço esta afirmação:
Todavia não podemos esquecer que a maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo vive o seu dia a dia precariamente, com funestas consequências.
Quem dera à maior parte da humanidade poder queixar-se do capitalismo (numa democracia liberal). A maior parte da humanidade, a que vive pior, na realidade vive numa era pré democrática e pré-capitalista.

Sim, é (parte da) Bíblia, o livro impresso mais caro


Um pequeno livro de salmos publicado em 1640, e que se crê ter sido o primeiro livro impresso no território do que vieram a ser os Estados Unidos, foi arrematado esta terça-feira por 14 milhões e 165 mil dólares (um pouco mais de 10,3 milhões de euros) num leilão promovido pela Sotheby’s em Nova Iorque.

O livro, conhecido como Bay Psalm Book, foi impresso pela comunidade puritana da colónia britânica da baía de Massachusetts, mais precisamente na então recém-fundada povoação de Cambridge, apenas vinte anos após o desembarque em Plymouth dos pioneiros do Mayflower, a quem os americanos chamam “pilgrims” (peregrinos).

Sinodalidade e sinonulidade

Tenho andado a ler o que saiu no sínodo e suas consequências nacionais, diocesanas e paroquiais. Ia para escrever que tudo se resume à imple...