sexta-feira, 28 de março de 2014

Jesus Cristo, o milagreiro espectacular

Crítica de Luís Miguel Oliveira, no "Público", sobre o filme do Jesus de Digo Morgado, "Filho de Deus", que está agora nos cinemas portugueses:


As dez horas da série televisiva A Bíblia comprimidas em duas horas e picos. É difícil imaginar que isto alguma vez tenha sido bom, mas assim em versão digest (quem nem por isso deixa de parecer longuíssima) é uma penitência que só se aguenta em nome dos mais inconfessáveis pecados de cada um. Sem sentido de estrutura ou de dramaturgia, limita-se a atirar umas figuras para a paisagem e a ilustrar uma espécie de greatest hits da Bíblia, saltando de episódio célebre em episódio célebre, sempre sem contexto, sem olhar, sem construção. Sem crítica, também, no sentido em que não propõe nenhum pensamento sobre as personagens e as histórias, tal como remove cuidadosamente o pensamento de Jesus Cristo, reduzido ao estereotipo do milagreiro espectacular. O cinema filma esta história desde os primórdios, e de DeMille a Mel Gibson, de Oliveira a Zeffirelli, a vida de Cristo já serviu para muita obra-prima e para muito pastelão. O Filho de Deus é tão mau que põe tudo numa perspectiva nova: ao pé dele, até Gibson é parecido com DeMille, até Zeffirelli é parecido com Oliveira - pois ao menos tinham alguma ideia, minimamente pessoal, sobre o que estavam a filmar. Uma ideia estética, no limite. É finalmente o que mais impressiona neste Filho de Deus que não passa de um tristíssimo enteado dos deuses cinematográficos: a sua completa cegueira aos dois mil anos de trabalho que a arte ocidental leva sobre a representação destas figuras e destas histórias. Apenas uma inóspita fealdade, o nulo total, caso para dizer, com propriedade, que eles não sabem o que fazem.
Tirado daqui.

E a julgar por estar imagem, é mesmo de temer o pior.


13 comentários:

Anónimo disse...

A idolatria (aproveitando a boleia do post sobre “os museus que querem ser igrejas...") sempre esteve ao serviço daqueles que manipulam as mentes que não conseguem libertar-se do que é a materialização do ideal invisível desejado esse Deo Criador nesse absurdo repetido até à exaustão doentia de quem esquece que Ele é Espírito:

“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” João 4,24

Sinceramente não percebo o que significa aqui o que é ser “pior” nesses dois lados da mesma moeda que são todos os rabiscares desenhados das nossas ideias muito pessoais sobre a imagem de Deus! Escolher entre um Jesus que sangra a jorros com a marca católica integrista do Mel Gibson ou a passeata filosófica artística de um Jesus com tonalidades já a cheirar por todos os poros hollywoodescos a tinta fresca dessa colecção da Nova Era que se adivinhava como “ao menos tinham alguma ideia, minimamente pessoal, sobre o que estavam a filmar.” como escreve Luís Miguel Oliveira não pode mesmo estar a falar a sério ou então é isso mesmo “tudo muito pessoal” lol como se a marca pessoal de cada um imprimisse alguma credibilidade do que é “real” em Deus!
Resumindo só me recorda agora parafrasear aqui ao “avesso” Luís Miguel Oliveira:
“Apenas uma inóspita fealdade, o nulo total, caso para dizer, com propriedade, que eles não sabem o que fazem. “ /e o que escrevem! /
Bom alguma compreensão pelo menos porque os tais “museus” bem precisam de público e os “retocadores infindáveis do rosto de Jesus” lutam até aos jorros de sangue e tinta filosófica para lá irem cumprindo os objectivos dos donos da bilheteira!

Anónimo disse...

Recoloquei o comentário agora “corrigido” peço desculpas!

A idolatria (aproveitando a boleia do post sobre “os museus que querem ser igrejas...") sempre esteve ao serviço daqueles que manipulam as mentes que não conseguem libertar-se do que é a materialização do ideal invisível desejado esse Deo Criador nesse absurdo repetido até à exaustão doentia de quem esquece que Ele é Espírito:

“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” João 4,24.

Sinceramente não percebo o que significa aqui ser “pior” nesses dois lados da mesma moeda que são todos os rabiscares desenhados das nossas ideias muito pessoais sobre a imagem de Deus! Escolher entre um Jesus que sangra a jorros com a marca católica integrista do Mel Gibson ou a passeata filosófica artística de um Jesus com tonalidades já a cheirar por todos os poros hollywoodescos a tinta fresca dessa colecção da Nova Era que já se adivinhava!

Bom “ao menos tinham alguma ideia, minimamente pessoal, sobre o que estavam a filmar.” como escreve Luís Miguel Oliveira que não pode mesmo estar a falar a sério ou então é isso mesmo “tudo muito pessoal” senhor cronista lol como se a marca pessoal de cada um imprimisse alguma credibilidade do que é “real” em Deus! Resumindo só me recorda agora parafrasear aqui ao “avesso” Luís Miguel Oliveira:

“Apenas uma inóspita fealdade, o nulo total, caso para dizer, com propriedade, que eles não sabem o que fazem. “ /e o que escrevem! /

Haja alguma compreensão pelo menos porque os tais “museus” bem precisam de público e os “retocadores infindáveis do rosto de Jesus” lutam até aos jorros de sangue e tinta filosófica para lá irem cumprindo os objectivos dos donos da bilheteira!

Anónimo disse...

Depois de tudo o já dito fica também o encandeamento dessas mil e uma imagens que vão construindo e dando vida ao(s) filme(s) que acabam por ser sempre reflectir a “ideia” do autor que interpreta a vida de Jesus através da sua visão e cunho cultural!

Já agora repescando um exemplo marginal ao assunto eu até entendo que aquele crucificado da Basílica da Santíssima Trindade provoque alguma “repulsa” a algumas almas mais sensíveis à arte “culturalmente” acolhida pelas mentes que coram rapidamente quando algum escultor ou cineasta se atreve a dar um tom mais “desviante” do teologicamente aceite como certo mas depois não conseguem rir-se de vergonha com as lágrimas derramadas pelo sangue jorrado a rodos que o fanático do Mel fabricou desvirtuando totalmente o sentido e a mensagem da Cruz! Afinal o que é “pior”!

Anónimo disse...

Pior do que a barbárie deste filme são as barbáries do petulante Tolentino. Até mete nojo.

Anónimo disse...

4:22 da tarde se o Mel Gibson o tivesse conhecido naqueles dias das filmagens da “Paixão de Cristo” estou seguro que o teria escolhido para fazer o papel do centurião que agride Jesus com aqueles ferros! Acredite meu caro era um papel que lhe assentaria esplendidamente!

Euro2cent disse...

> Uma ideia estética, no limite

Os labregos mijaram no caviar de sua excelência o crítico ... Hmmf. Que desplante, como se atrevem a contar uma história simples de uma maneira directa.

Exigiam-se pelo menos umas trezentas e cinquenta referências subtis, para os entendidos sofisticados se deleitarem a decifrar. Das quais no mínimo três a bandas desenhadas eslovacas passadas pelo Vasco Granja em 1978.

(Não há algures na Biblia uns episódios onde acontecem coisas desagradáveis a este tipo de fariseus?)

Anónimo disse...

Nem o gato da Mafalda se atreve a cheirar o "caviar" que ali ficou abandonado nos solos do coliseu dos “labregos”! Nada de fiar com os donos dos banhos romanos público(s) da augusta impressa intelectualóide mais virada lá para os lados das pró/critica das cinematografias a preto e branco sem enredos coloridos bíblicos! Corta corta já gritava o cura lá da aldeia do saudoso “Cinema paraíso”! Aquilo sim nem dava tempo para uma mijainha!

Anónimo disse...

Aquilo sim nem dava tempo para uma mijadinha!

Foi só para repor o odor d que faltava! Que me perdoem os narizes mais sensíveis!

Anónimo disse...

O filme é mt mau - basta ver aquela imagem da mãozinha - mas entre os centuriões e os vascos granjas e o chatissimo cronista dos 2 primeiros comentários é caso para dizer: estão todos ao nível do filme
Jacome

Anónimo disse...

Jacome já havia entendido anteriormente quais são os seus gostos não vale a pena inquietar tanto a sua alma! O “chatissimo cronista” para se penitenciar por lhe ter provocado alguma azia à sua alma oferece-lhe uma pérola para as suas matinas piedosas estou seguro que os seus olhos vão extasiar-te ao contemplar tal tesouro literário! Aqui vai:

Moda e Modéstia: S.S. Pio XII - Alocução às meninas da Ação Católica:

A prateleira onde o pode encontrar está com algum caruncho mental talvez quem sabe deve ter sido do excesso dos abanadores dos turíbulos tal foi a dose de incenso que aquela pobre alma até delirava com os perigos que já se faziam prever perante a perspectiva de um terramoto moral que significavam as mini-saias!

http://rosamulher.wordpress.com/2011/01/31/moda-e-modestia/

Anónimo disse...

não sei se você sibila mas se assim fôr as suas perolas ganham outro sumo. haja alguém para alegrar as minhas 'matinas piedosas' nos turibulos do excesso de abanadores q alumiam a vinda do terremoto moral perante a perspectiva das mini saias das grilhetas q suspendem o infinito sob os cadafalsos da alma (que perspectiva prefere ?).
Jacome

Anónimo disse...

Jorge esqueci de pedir desculpa por este momento (mas estava anestesiado - a mistura de hálito a alho com naftalina e sibilo é mortal!) vou-me penitenciar e vou ver o filme
Jacome

Anónimo disse...

Não tinha eu dado conta que a dose era assim tão excessiva e o Jacome ficasse também anestesiado com as andanças das minissaias das meninas da Acção Católica! Desculpe tentarei para a próxima ser mais cuidadoso com as ofertas não vá a sua meditação matinal ficar perturbada e depois não há quem lhe aguente os retornos do hálito! Só um conselho se for ver o filme não esqueça a reserva de água benta porque pelo que andam aí a dizer as más-línguas sacristianas as meninas da Acção católica moderna não faltarão ali naquela sala a puxar os cabelos e a gritar pelo seu galan Digo Morgado! Entende agora o porquê de tanta negatividade em direcção ao filme!

Mas vamos lá a “botar” os pés na terra e a falar com quantas letras se escreve a palavra paciência! Mas será que estas almas não conseguem abrir os molares salmodiadores para a alegria e o riso da vida! Haja um terramoto santo nesta Igreja que finalmente nos liberte desses icebergues de gelo que cobrem estas almas hirtas e encerradas em sacristias existenciais vagueando feitos leigos com espírito de batina como dizia o Bispo Pedro Casaldaliga!

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No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...