Um dia convidaram Carlos González Vallés para fazer uma
série de conferências num país da América Latina sobre “Espiritualidade
Oriental”. Quando já tudo estava tratado, incluindo as passagens aéreas,
telefonam-lhe a dizer que tudo fora cancelado em certa diocese, porque o bispo
não autorizava tais palestras. Certamente, o bispo não conhecia o jesuíta
espanhol com longos anos dedicados à Índia.
Carlos González Vallés manteve a viagem. Se não podia falar
em público, dedicar-se-ia ao turismo, “que é mais divertido”. Mas quando chegou
ao aeroporto, receberam-no e disseram-lhe que estava tudo pronto e que no dia
seguinte iniciariam as conferências. O que acontecera?
Conta o jesuíta:
Todo o «oriental» era perigoso, e isso bastava para proibir-me de falar. Mas tampouco meus anfitriões eram tolos. Voltaram à presença do bispo, disseram-lhe que acatavam obedientemente a suas decisão e que eu, como consequência, falaria em minhas palestras de um tema diferente: «Espiritualidade inaciana». Algum problema? Nenhum, plena bênção episcopal. Ela me foi transmitida no aeroporto por meus amigos, que acrescentaram: «Agora você fala tranquilamente o que preparou». Solução «jesuítica». Atrapalharam o meu turismo.
Adaptado das páginas 71-72 de “Querida Igreja” (Paulus -
Brasil)
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