Maxilar inferior de Santo António, em Pádua
No cada vez mais útil “Religião para ateus”, leio pelas
páginas 125 e seguintes uma espécie de elogio às pregações cristãs. Aos sermões.
Se só tivesse lido estas páginas, seria tentado a descobrir uma fina ironia nas
palavras de de Botton. Mas não creio que seja o caso, ainda que ele esteja
errado se presumir que os católicos, mesmos os convictos, por exemplo, rezem sete
vezes por dia e às 10 da noite entoem o “Nunc dimittis”.
Mas está errado, na realidade, quanto a um facto da vida de
António de Lisboa. Diz o filósofo que raramente acontece aos professores
universitários o que aconteceu a Santo António (na aulas universitárias,
adormece-se): ser “amarrado a uma mesa depois de falecer para lhe ser cortada a
garganta e removidos o maxilar inferior, a laringe, a língua, subsequentemente
montados numa caixa de ouro com pedras preciosas incrustadas a expor no centro
de um santuário dedicado à memória dos seus dons oratórios”. Até aqui, tudo
bem, ainda que entre o falecimento e o corte tenha passado mais de 30 anos. Mas depois escreve: “Foi precisamente este o destino de Santo António de
Pádua, o frade franciscano do séc. XIII que acedeu à santidade devido ao seu
talento e energia excecionais para falar em público, e cujo aparelho vocal, em
exposição da basílica da sua cidade natal, ainda atrai peregrinos admiradores
de todos os cantos do mundo cristão”.
Refere-se, claro, à Basílica de Santo António de Pádua. Mas
a cidade natal de António é Lisboa.
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