Texto de Bento Domingues no "Público" de hoje.
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16 comentários:
Belo artigo de Frei Bento, como é costume. Fala com muito desassombro do não-acesso dos casados e das mulheres ao ministério ordenado, da exclusão eucarística dos recasados, etc. Mas nunca menciona os homossexuais. Será que tem medo da palavra ? Faz-me tanta pena...
O principal problema desta corrente dentro da Igreja Católica, que advoga uma (sempre a mesma) mão cheia de causas fracturantes, é que, como explica Bento XVI numa entrevista com Peter Seewald que deu livro, tudo isto já foi tentado. Tudo isto. "Recasamento" de divorciados, ordenação feminina, fim do celibato, mentalidade contraceptiva, relativismo doutrinal, ética sexual "tolerante"... E onde? No protestantismo.
Resultados?
Onde estão eles?
Onde está o futuro feliz e risonho dos ramos do protestantismo que seguiram as ideias deste flautista de Hamelin?
O anglicanismo tentou isto tudo. E onde está ele? Está pior que o catolicismo, muito pior... Hoje em dia, qual é a razão do sucesso da nova geração de apologetas evangélicos? O que é que explica o imenso sucesso, por exemplo, de um William Lane Craig junto dos estudantes universitários? É que o seu protestantismo evangélico é "ortodoxo", ou seja, rejeita todas as causas que o Frei Bento defende. É bizarro, mas a realidade, hoje em dia, é esta: há católicos mais protestantes que muitos protestantes!
Em que Parnaso, em que Éden é que se encontram as comunidades protestantes que seguiram esse "Maio de 68" do cristianismo, proposto pelo Frei Bento?
Estão melhores do que nós?
Acaso têm mais vocações?
De um ponto de vista estritamente estatístico, o Frei Bento Domingues esquece-se de que a história recente do Protestantismo oferece inúmeros exemplos que jogam contra a solução por ele proposta. E exemplos recentes, no mesmo Protestantismo, de que uma maior coerência no cristianismo está a atrair muita gente desiludida com o pós-modernismo e com o relativismo que se instalou na sociedade contemporânea.
As pessoas precisam de um cristianismo robusto, e não de uma versão empastelada e "morna" do cristianismo. Precisam de um Espírito vivo, e não de bafio "soixante-huitard". O Maio de 68 já lá vai! O tempo não volta para trás...
O Frei Bento insinua que acha mal que o Papa permaneça em funções depois dos 75 anos, e no entanto, não é fácil fazer as contas e ver que a média de idades de uma qualquer célula do "Nós Somos Igreja" tem uma média de idades perto ou acima disso... Movimentos como esse tiveram o seu tempo, e só sobrevivem nos grupos de "soixante-huitards" que se agarram a essas velhas utopias porque fizeram delas a sua identidade.
Frei Bento Domingues faz destas causas a sua identidade. É uma decisão sua. Eu interrogo-me é acerca da relevância dessa sua decisão para o futuro da Igreja... quando Frei Bento está tão agarrado ao passado.
Bernardo Motta
Como se esse cristianismo "robusto" não esteja a levar a uma sangria na América latina...
Completamente em desacordo consigo, Bernardo Motta. Frei Bento, apesar da tibieza em relação aos homossexuais, é a Igreja do Futuro. O cristianismo "robusto" de que você fala é que não passa de uma moda cultural como a moda das tranças pretas... Tire os "raminhos com violeta" da letra da canção e ponha as faixas fúcsias nas batinas pretas e tem esse cristianismo da moda, irrelevante para além do Chiado...
Desse Cristianismo "robusto" ....
que cheira a mofo,veste de negro,fobico nas "lavagens cerebrais" e vive obecado com o Demo ?
Presente em alguns micro grupos ultraconservadores sem expressão e que definham...?
Futuro?
Falam do que não sabem, vivem num mundo já há muito perdido.É o problema de viverem em redomas de vidro e nada conhecerem na realidade eclesial da diocese...
bernardo com a falta de vocações,de facto porque não vai para o seminario?????????????
nem da realidade eclesial nem do Evangelho, tão pouco.
porque a realidade do Evangelho não são os números - é cada pessoa em particular. Nem o Frei Bento está para contar cabeças...
Penso que as ideias do Bernardo Motta, se não concordam com elas, devem ser combatidas com argumentos e factos.
Porque é que os que se consideram "progressistas" e "modernos" são às vezes tão intolerantes, sempre prontos a mofar dos que não pensam como eles e colocar-lhes labéus de "reacionários", com "cheiro a mofo", e coisas do género?
Gostei do que referiu o Mota. Basta ir ver o que se passa na Holanda...
bernardo com a falta de vocações,de facto porque não vai para o seminario?????????????
perder tempo a colocar epitetos nos que estão no batente?
os Bernardos desta vida em vez de treinadores de bancada,devem dar exemplo com o passo em frente e oferecer a sua vida no sacerdocio.
falam,falam mas quem os conhece na vida real que os compre....
Impressiona-me ver a quantidade de pessoas que, ainda por cima sob a covarde capa do anonimato, vêm investir o seu tempo em ataques pessoais.
Este último anónimo conhece o Bernardo para estar a proferir essas ofensas? Tem alguma ideia sobre a coerência entre as suas palavras e o seu testemunho? Tem alguma ideia sobre o tempo e dedicação que ele tem para a atividade apologética?
Comece, por exemplo, por ir ler o seu curso "Ciência e Fé" que ele ministrou e cujos conteúdos disponibiliza de forma gratuita. Será um bom começo e creio que ficará muito surpreendido/a pela positiva. Talvez venha a concluir o quão mais construtivo é discutir com ele com argumentos RACIONAIS e FUNDAMENTADOS em vez de estar a regorgitar ataques pessoais ignóbeis sobre uma pessoa que provavelmente nem conhece.
Eu conheço-o pessoalmente e posso assegurar-lhe que é uma excelente pessoa cujo testemunho não pode estar mais longe da sua descrição.
Muito obrigado, Nuno, pelo teu apoio e pela tua amizade!
Um abraço,
Bernardo
Perante os argumentos aqui expostos, pelos detratores do Frei Bento, só fica demonstrado que não o conhecem, nem sabem de que realidade da Igreja, ele fala.
Só falta afirmar,que também tem um descapotável...
O preconceito, cega e mata.
HDias
Na realidade, algo disto foi experimentado na Igreja católica. Padres casados, sim, os de rito oriental e agora os ex-anglicanos. Porque não para todos os que quiserem? Que a isso se sentem chamados?
Mulheres presbíteras celibatárias, por exemplo, não foi tentado em tempos recentes. Talvez na antiguidade (ou talvez fossem casadas, como era a generalidade dos padres), mas ao que dizem, proibidas depois que o neoplatonismo deu cabo da antropologia bíblica.
Para haver padres casados, basta seguir o preceito bíblico que aconselha que sejam escolhidos "homens de uma só mulher". Até parece que já houve mais de 30 papas casados, legitimamente casados. Não me refiro aos outros.
"Aprofundamento da ética moral e sexual"? Porque não? A não ser que
se deturpe para "mentalidade contraceptiva". Mas nem toda a contracepção é repudiada pela Igreja.
O Bernardo nem está totalmente desprovido de razão em muito do que diz e desconheço totalmente, Jorge, casos de mulheres ordenadas como o eram os varões chamados ao sacerdócio. Mas falta um pouco ao Bernardo a constatação de que aquilo que foi tentado, e levado a cabo nas igrejas não-católicas, é muito mais do que o Vaticano II, na sua leitura integral (mas não integrista -- isto é: a que a lê a partir de contextos eclesiais que já na década de 60 estavam ultrapassados), alguma vez permitiria. O problema não é, de facto, o Vaticano II, mas quem se agarrou para não mais as largar, as expectativas com que se auto-alimentou durante o mesmo e passou, depois, a viver amargurado e a denunciar uma suposta não-aplicação do Vaticano II na linha dos autores da revista Concilium que escreveram, a certa altura, a dizer que os teólogos deviam ter um papel eclesial intermédio entre o Papa e os bispos.
Fernando d'Costa
Fernando,
Sobre a ordenação de mulheres, tenho encontrado algumas referências que apontam para que sim, que já presidiram à Eucaristia e a comunidade em tempos antigos, isto sem contar com as diaconisas ou as “colaboradoras em Cristo” do apóstolo Paulo (Rom 16,1: “Irmã Febe, que também é diaconisa na igreja de Cêncreas”).
Houve legislação proibindo a ordenação, aí pelos séculos IV-V, dizendo uns que isso significava que havia ou tinha havido mulheres ordenadas e outros que se tratava somente de um desejo de algumas.
Há por outro lado documentos como a carta do Papa Gelásio (final de V), dirigida aos bispos do sul da Itália, que diz:
“We have heard to our distress that contempt of divine things has reached such a state that women are encouraged (firmentur) to serve at the sacred altars (ministrare sacris altaribus) and to perform all the other taskas (cunctaque) that are assigned only to the service of men (non visi virorum famulatui sexum), and for which they [women] are not appropriate (cui non competunt)” .
Há mais cartas, todas de bispos, do mesmo teor que esta.
O principal artigo que li surgiu numa “Concillium” do final dos anos 80. Infelizmente não tenho a referência (nem acesso à biblioteca, neste momento).
Entretanto, saiu há anos um livro que se dedica ao assunto:
http://www.amazon.com/When-Women-Were-Priests-Subordination/dp/0060686618
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