Da entrevista de António Marujo a José Antonio Pagola (autor de
“Jesus, uma abordagem histórica", ed. Gráfica de Coimbra 2)
Um dos temas divergentes entre exegetas é o das narrativas
de infância. Em que ficamos? São narrativas simbólicas ou devemos lê-las como
relatos verdadeiros?
Um estudo crítico e rigoroso dos chamados «evangelhos de
infância» mostra que, mais do que relatos de carácter biográfico, são
composições cristãs elaboradas à luz da fé em Cristo ressuscitado. Aproximam-se
muito de um género literário chamado «midrash hagádico», que descreve o
nascimento e a infância de Jesus à luz de factos, personagens ou textos do
Antigo testamento.
Não foram redigidos para informar sobre os factos ocorridos
(provavelmente sabia-se pouco), mas para proclamar a boa notícia de que Jesus é
o Messias esperado em Israel e o filho de Deus nascido para salvar a humanidade.
Esta é a posição dos melhores especialistas.
António Marujo, “Deus vem a Público. Entrevistas sobre a
transcendência. I volume” (ed. Pedra Angular), pág. 41
Sem comentários:
Enviar um comentário