Wim Eijk, arcebispo de Utreque, e Cees van Dam, presidente da Conferência Religiosa Holandesa, numa conferência de imprensa sobre o "relatório Deetman"
Na Holanda, de 1945 até aos dias de hoje, o número de crianças vítimas
de abuso sexual por parte de 800 membros da Igreja, padres e leigos, em
instituições da Igreja, pode chegar aos 20 mil (notícia da Ecclesia aqui).
O Padre Manuel Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, diz
no DN de hoje que “as tristes e reprováveis excepções não podem ser
consideradas regra geral”. Não responde sobre os abusadores, mas antes à
pergunta: “A Igreja tem sido criticada por «fechar» os olhos à pedofilia entre
padres. Considera a crítica justa?”
Mas cada vez que sai uma notícia deste género, fica sempre a pergunta:
É isto mais uma excepção? Estados Unidos, Irlanda, Reino Unido, Bélgica,
Áustria, Alemanha, Holanda… Tantos países dilacerados por tantas excepções. Salvam-se os países latinos desta tragédia? Nos
países latinos não houve abusos ou há outro entendimento do poder clerical, da
denúncia, da sexualidade e da própria justiça?
Agora a igreja parece unida no escrutinar e reprimir os pedófilos. O
bispo, que é pai para os seus padres, deve ser espião e polícia. Por isso, lamentam agora o que não conseguiram ver durante anos e anos. Se viam, a obrigação de então era ocultar, proteger, como o bom pai deve fazer.
O relatório holandês “aponta o dedo ao celibato obrigatório” (DN). Se o
Papa, os bispos, alguns padres continuam a dizer que não está em causa o
celibato obrigatório (não existe o facultativo no catolicismo ocidental), o que
está em causa? A instituição a pertencem os abusadores? A alternativa é, se formos mais radicais, questionar a própria concepção
do sacerdócio ministerial e da missão dos padres.
2 comentários:
Atenção 1%, os 99% estão a acordar!
Hala Tribo!
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