Estive a folhear e a ler aqui e a li a bíblia humanista de
A. C. Grayling, “O Livro dos Livros”. Não encontrei os 10 mandamentos que há
pouco referi. Copiei-os daqui sem referir a fonte – o que não será lá muito
ético.
Esta curiosa bíblia, de capas cartonadas, é composta de 14
livros, do Génesis a O Bem. São eles: Génesis, Sabedoria, Parábolas, Concórdia,
Lamentações, Consolações, Sábios, Canções, Histórias, Provérbios, O Legislador,
Actos, Epístolas, O Bem.
Gostei especialmente das Parábolas, que são histórias e
mitos, e dos Actos, que são episódios mais ou menos históricos. Cenas instrutivas.
Só é pena não indicar as fontes. Seriam excelentes livros de cultura geral. Os Provérbios
são como os bíblicos (que também nunca referem Deus): curiosos, iluminadores.
Por vezes fazem sorrir. Cito de cor, porque decorei para outras ocasiões: “Quem morre junta-se à maioria”. “Quem procura falhas não
encontra outra coisa”.
O livro dos Actos segue-se a O Legislador. Não verifiquei se o
Legislador é o redentor, correspondendo, nesse caso, aos Evangelhos. Mas tudo indica que sim.
No fundo, este livro quer uma salvação, intramundana,
histórica, para viver nos nossos 80 ou 90 anos, sem Deus. O objectivo tem algo de gnóstico. A
sabedoria redime, pensa Grayling. E cabe num livro, numa série de livros, vá lá, numa enciclopédia ou numa biblioteca. Não. A sabedoria não redime, dizem os cristãos, nem cabe em nada deste mundo. Só o amor
redime e esse é pessoa, sendo também sabedoria.
Como é possível ter uma ideia da Bíblia cristã lendo o
primeiro e o último versículos (não digo o que dizem; se não sabe, abra a
Bíblia e leia), revelo o que dizem o primeiro e último versículos desta bíblia:
Génesis 1,1: No jardim ergue-se uma árvore. Na Primavera,
floresce; no Outono, frutifica. 1,2: O seu fruto é a sabedoria, ensinando o bom
jardineiro a compreender o mundo.
O Bem 9,10: Ajudemo-nos, então, mutuamente; construamos a
cidade juntos, 9,11: Onde possa existir um futuro melhor, e onde a verdadeira
promessa da humanidade possa, por fim, ser cumprida.
Resta dizer que gostei de ler o livro no sofá da livraria e agora estou na habitual fase de quarentena (duas a três semanas) a ver se resisto ou cedo ao investimento de mais de 20 euros.
4 comentários:
«Desfolhar»??? Não será que queria dizer «folhear»???
Sim, é folhear. Obrigado pela emenda. Percebeu o que quis dizer, porque não rasgam livros numa livraria, mas vou emendar.
Caro Jorge,
A sua pesquisa é muito interessante! Obrigado por ter partilhado!
Espero que aguente a quarentena!
Caso contrário, levará para casa um bom livro.
Saudações,
Paulo C.
Obrigado pelas palavras simpáticas, Paulo C.
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