domingo, 27 de novembro de 2011

O que é que Deus nos dirá se chegarmos ao Paraíso sem os outros?

Dizia Charles Péguy, no tempo em que ainda se falava de salvação:


É necessário salvar-se conjuntamente, precisamos de chegar juntos ao Paraíso, precisamos apresentarmo-nos juntos no Paraíso. É necessário doar-se aos outros. O que é que Deus nos dirá se chegarmos ao Paraíso sem os outros?

5 comentários:

Anónimo disse...

Hoje já não se fala de "Salvação"?

Jorge Pires Ferreira disse...

Na minha opinião, fala-se pouco de salvação. É isso que eu quero dizer, sim. A pouca salvação que há é diferente da que fala a citação. É toda intra-terrena, do bem-estar, da solidariedade e da comunhão, quer seja profana (a dos políticos e assistentes sociais), quer seja religiosa.
Ouve alguém falar de inferno e céu? E, se sim, faz algum sentido o que dizem? O assunto desapareceu da comunicação cristã. E também não é lá muito trabalhado pelos teólogos católicos. É a crise da escatologia.

Anónimo disse...

Caro Jorge Ferreira, fala-se muito mais de salvação do que pensa. Poderão é fazê-lo as pessoas que não está à espera que façam. E olhe que não me refiro só ao nosso país. "Há mais coisas entre o céu e a terra..."

Anónimo disse...

A Salvação é me sempre oferecida do outro lado do meu ultimo suspiro, nos momentos de Mateus 25 em que serei julgado. A Salvação entendo-a como os momentos em que no meu dia, existencialmente, me "julgo" a mim próprio decidindo a minha sentença sobre quem sou: se aquela virgem paciente e prudente, se aquele talentoso que hoje faz o que pode com o que lhe foi dado, se aquele que olhando para Jesus se esquece dos mais pequeninos. Depois do meu ultimo adeus, empacotado num casaco de madeira, chegará o momento de O ver, e então saberei quem sou e quem fui de verdade, sem as desculpas rasteiras que me permitem não ser e viver como Deus me quer. Mas tambem diariamente chega a noite e o momento do encontro, o julgamento e a Salvação. Hoje o noivo vai chegar, o senhor vai voltar e o Filho do Homem comigo se encontrar, na hora de parar e rever o meu dia. O Céu é um momento de Paz depois de um dia de trabalho honesto em que numa oração agradeço a saude para poder fazer o que me realiza. O Inferno é o contrário de cada uma das partes do que escrevi: ...É falta de Paz interior, na familia, com os vizinhos, no trabalho; ...É a falta de trabalho, o desemprego, a insegurança, a falta de oportunidades para me realizar; ...É a desonestidade, o crime, o roubo, a morte; ...É a falta de oração, relação com Deus, um momento de silêncio, não ser livre de praticar a minha religião; ...É o sofrimento de doença, a dor da morte de quem se ama, a impotência de não poder curar; ...É não poder ser criador da obra de arte que sou eu, limitado pelos outros, limitado pelo "economia", limitado pelas ideologias redutoras de quem sou, pelas religiões minimizantes de quem posso ser.

Jorge Pires Ferreira disse...

Ao último anónimo: obrigado pelo seu comentário, embora parte esteja repetida noutra entrada.

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