Veio no DN de hoje
(para ler isto, porque o Blogger voltou a alterar o modo de visualização, o melhor é fazer um "save as" ou "guardar imagem como...").
(para ler isto, porque o Blogger voltou a alterar o modo de visualização, o melhor é fazer um "save as" ou "guardar imagem como...").
O único livro de José Rodrigues dos Santos que li não era exclusivamente
dele. Era dele e também da dúzia de escritores que entrevistava, de Saramago a
Ian McEwan (referi o livro aqui). Li-o mais pelos escritores do que pelo
entrevistador, como se deve fazer sempre num livro de entrevistas, embora as boas
entrevistas dependam sempre do bom entrevistador.
Mas tenho de José Rodrigues dos Santos uma boa imagem,
apesar de tudo o que dele se diz na RTP – e ele sabe o que se diz, porque até
já disso falou numa entrevista à “Pública”. Trabalhei uns anos em frente à
antiga sede da RTP e um dia, querendo fazer uma surpresa a uma amiga, deixei na
recepção dois dos livros da autoria do jornalista com o pedido de uma
dedicatória. Ele deixou uma bela dedicatória nos volumes (não me lembro do que
dizia, mas lembro-me da expressão da destinatária dos livros). Foi muito simpático.
Agora vem com as fraudes da Bíblia. Vou ler este livro com
muito interesse, não por causa da trama, mas por causa de Bíblia e da influência
de uma obra destas (o romance do jornalista) na cultura popular. Assim, à partida, a ter em conta as
notícias do livro, diz-se que Antigo Testamento não anuncia Jesus, que o centro
da mensagem de Jesus não é o amor, que a Bíblia tem erros, enganos, fraudes,
que a Igreja não segue Jesus (ou Jesus não se reveria nesta Igreja). E
apresenta-se tudo isto como se fosse novidade, como se estivesse contra a
Igreja, vá lá, dominante. Deve haver muito mais afirmações do género. E todas
elas inócuas para os cristãos minimamente informados. São lugares comuns nas
faculdades de teologia e mesmo em grupos bíblicos paroquiais. Assim de relance:
Claro que o AT não fala de Jesus, fala de um messias e em poucas passagens; Jesus anunciava o
Reino de Deus ou Reino dos Céus, ou, como alguns preferem, Reinado dos Céus; a Igreja segue Jesus mediado pela tradição, que quer dizer
transmissão – não tem outra maneira de o fazer.
A história da Bíblia é uma história maravilhosa de enganos,
erros, más interpretações e tudo o contrário com muitos estudos e debates,
crentes e não-crentes à mistura, muitos interpretações, muito sentidos. Desde a
maçã de Adão que nunca aparece em lado nenhum, aos cornos de Moisés (veja-se a
estátua de Miguel Ângelo, mas também a pequena escultura na fachada dos
Jerónimos), que são raios de luz em hebraico, passando pelo "perdoai as nossas dívidas" e não "os nossos pecados". pelos acrescentos sobre
a ressurreição em Marcos e João. Mas também isso é Bíblia. Mas não se admire que isso cause perplexidades em alguns. Uma vez disse que os apóstolos nunca na vida fizeram o sinal da cruz e o grupo que me ouvia ficou de olhos esbugalhados.
Já aqui foi comentado que o padre e professor Anselmo Borges
não se devia associar ao lançamento do livro. Pelo contrário. Nada do que até
agora ouvi dizer do livro a lançar é heresia. E se fosse? No recentes colóquios
de Valadares sobre Jesus, organizados por Anselmo Borges, muito mais – mais profundo,
mais polémico, mais temeroso para uma fé de ideias-feitas e que não se queira esclarecer – foi dito sobre
Jesus do que o que José Rodrigues dos Santos dirá no livro. Mas eu vou lê-lo e
hei-de voltar ao assunto. Talvez este livro venha a ser uma boa oportunidade para conhecer mais a Bíblia.
3 comentários:
Pois é... nada de novo sob o Sol, mas ao ir parar às mãos de pessoas desconhecedoras de tal facto apenas irá servir para espicaçar dúvidas, descrenças, incompreensões... mas quem passar por esse fogo purificador ficará, estou convicto, mais forte... mas será que a Igreja, toda a Igreja, estará preparada para dar uma resposta à altura às interpretações abusivas dos factos? uma coisa é dizer que "quando se escreveram os Evangelhos não havia uma fixação das palavras de Jesus" e outra dizer que "a escrita dos Evangelhos é feita sobre suposições aproximativas"...
sei que o meu pobre -- as ocupações não me permitem animá-lo mais -- blog ("Oração & Partilha") talvez não dê eco a este livro, mas quem sabe?
aquele abraço,
Fernando
Meter-se na apresentação de um livro assim e tentar discutir esses problemas, questões e inquietações de católicos que honestamente procuram a verdade, será o mesmo que se sentar numa mesa de café e discutir as razões da crise económica de 2008 com o jornal "A Bola", umas cervejas e amendoins. Pelo que li, em Valadares encontraram-se pessoas que dedicam uma vida a problemas inquietantes para um católico e procuram respostas através de processos demorados e precisos. O José Rodrigues dos Santos não o fez para escrever o livro, senão não seria um romance, seria um livro teológico ou filosófico (penso eu). Será que a maioria da audiência deste livro o vai ler com o olhar educado do autor deste blog? Ou será que o vão ler á procura de legitimar a sua raiva contra a Igreja e o Vaticano, e legitimar as suas ideias pela presença do Padre Anselmo Borges? Por mim, acho que por um principio de prudência se deveria de afastar da mensagem do livro. Há espaços e lugares para se colocar estas questões. Vejam os resultados dos livros do Dan Brown, os deste não serão diferentes, nem de tantos outros que o JRdS já escreveu sobre mistérios esotéricos em Roma e nos corredores escuros do temido Vaticano. A não ser que seja uma forma de Anselmo Borges tentar minar a autoridade da Igreja e o seu Magistério e assim de uma forma muito subversiva tentar fazer avançar uma agenda Católica liberal e progressiva... mas isso já sou eu a delirar com teorias da conspiração, acho que vou escrever um romance.
Repito:conta bancária do vai estar mais recheada...
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