quinta-feira, 14 de julho de 2011

"O Vaticano não perdou Eva", diz Jorge Fiel

Quem está dentro pode sempre argumentar que não é discriminação a não ordenação das mulheres. Se o que está em causa é um direito e dever da Igreja (dever de perpetuar a memória de Jesus Cristo através da Eucaristia; direito das comunidades cristãs à Eucaristia; direito e dever de a Igreja ter os seus ministros), não se pode falar de um direito à ordenação enquanto direito individual. Neste sentido, nenhum homem tem direito à ordenação.


Mas para quem está mais ou menos fora da Igreja em termos de pertença efectiva, ainda que não de cultura, não há como não pensar em descriminação. É o caso de Jorge Fiel neste texto do JN de hoje.


4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Jorge,
Perdoe-me, mas mais uma vez, tenho de escrever alguma coisa.
Diz-nos: «mas para quem está mais ou menos fora da Igreja em termos de pertença efectiva, ainda que não de cultura, não há como não pensar em descriminação. É o caso de Jorge Fiel neste texto do JN de hoje.»
Por favor... Não conhecia o Sr. Jorge Fiel, mas para mim, nem me parece que ele está: "mais ou menos fora", mas completamente fora. E não está dentro nem em presença efectiva, nem em cultura - ou então, temos que nos perguntar o que entendemos por cultura?
Por acaso, este autor começa por mencionar o tal "no meu tempo é que era"... Mas depois ele próprio cai nesse mesmo erro, assumindo premissas que - vá lá, podem não ter 50 anos - mas têm mais de 25... Palavras antigas como "quarto bafiento" ou "retrógrada"; noções medievais como "Eva", "maça" ou "Adão"; substantivos colectivos de início do século como "pertencer a este tempo" e "novas gerações"...
Enfim, acho que da parte da tal cultura-aceite-pela-opinião-pública-urbana-aportugueso-burguesada já é tempo de deixar de ser discriminante para as comunidades cristãs católicas (e portuguesas)... ou Igreja Católica, se preferirem... O problema para muitos pensadores de café, afinal, é que cada feudo cultural tem as suas manias... os góticos têm as suas e ninguém os chateia, os rappers as suas e ninguém os chateia, os intelectuais as suas e ninguém os chateia, e até a "Igreja" tem as suas.. Mas agora, não as pode ter? É porque muitos lhe dão ouvidos, respondem. Está bem, mas infelizmente, são poucos os que ouvem...
Volto a afirmar: se se quer transformar algo na Igreja, há que usar argumentos (e não vejo problema nesta palavra), e não esbaforir palavreados balofos e repetir clichés de adolescentes...
Ouvi uma vez um americano que dizia: "What you don't know, may hurt you"... E o Jorge Fiel, infelizmente, doesn't know and doesn't want to know... e assim não se vai a lado nenhum.
Preto no branco, é mais um texto que reflecte a mediocridade cultural da nossa bela sociedade portuguesa. Jorge Fiel, assim de repente, nem a Bíblia conhece, nem a quer conhecer...
Se a catequese que se pratica na Igreja Católica fosse como o sistema de ensino português, este escritor, nem com cábulas passaria do... vá lá, 5º ano...

Perdoem-me se são palavras muito ofensivas... mas há com cada um...

Saudações,
Paulo Campos

PS - As freiras não podem escolher o noivo porque estão casadas com Deus!?... epá, por favor...

Anónimo disse...

Pois é... Estes crónicos estão-se todos nas tintas para o que o Patriarca afirma diariamente em muitos actos de culto e sociais.
Muito bem sr. Paulo Campos

Jorge Pires Ferreira disse...

Paulo Campos,

de maneira nenhuma concordo com Jorge Fiel. Compreendo é o seu ponto de vista. E penso que, como Igreja, é útil pensar em que imagem transmitimos à opinião pública e publicada. E foi para isso que puxei pelo texto do JN.

De qualquer forma, não duvide que continua a existir a ideia e a afirmação pública de que as feiras são casadas com Deus (ou, por vezes, com Jesus). Tal como ainda há pouco ouvi dizer que tal padre está casado com a Igreja. Este tipo de afirmações é muito comum.

Já para não falar da interpretação que Drewermann faz da devoção mariana de muitos padres... Se divulgássemos hoje alguns dos textos devocionais de há décadas, além do riso que provocariam, seriam interpretados como patologia, obsessão ou trauma com origem na infância.

Anónimo disse...

Caro Jorge,

Obviamente compreendo o seu interesse em difundir o que se vai dizendo por aí - seja aquilo que concorda seja aquilo que não concorda. E sou da opinião que o Jorge faz este trabalho muito bem, e só desejo que continue pois o seu contributo é imprescindível para o diálogo, e como diz, para dar voz "à opinião pública e publicada".

Neste caso concreto do Jorge Fiel, temos a opinião publicada. E sim, não discordo que a imagem que se dá à Igreja, ou ainda melhor, da imagem que Jorge Fiel tem dos crentes da Igreja seja assim como ele a descreve, até porque creio que ele nunca a conheceu...

Ou seja, o que me dá a entender é que Jorge Fiel não conhece os crentes, mas age como se conhecesse - e isso é que é de bradar aos céus.
E que ele conheça uma ou outras (até muitas) histórias engraçadas, caricaturantes e as envolva em sátira, tudo bem. Aliás, foi com esse mesmo instrumento que tentei revirar os argumentos, inclusive não respondendo directamente aos erros das suas afirmações.

Mas o ponto que tento salientar é o da suposição - raramente assumida pela opinião pública e publicada como sendo uma "suposição". Supõe-se (e muito) que os crentes dos nossos dias são, desculpe a expressão, ignorantes e
subservientes de uma cultura do medo e da dominação dos poderes hierarquicos da Igreja.

Ora, isto revela, antes de mais, a fraca frequência dos influenciadores da opinião pública (e podemos dizer, dos cidadãos urbanos em geral) da Igreja, aliás, um dado actual bastante claro.
Mas por outro lado e como consequência do primeiro ponto, esta "suposição" revela um desconhecimento e um corte completo com a vivência das comunidades cristãs (católicas) actuais, ou seja, há desconhecimento de causa.

Claro que há sempre a história de um ou outro meio ter menor preparação catequética (sobretudo em regiões rurais). Porém, atrevo-me a dizer que essa realidade é cada vez menor (ainda que não haja um estudo profundo em relação a isto).

E mais, tendo em conta que para a maioria dos opinadores "que estão fora", os crentes são, não raras vezes, colocados todos no mesmo saco (desde o papa até ao que vai à missa por acaso) - a "suposição" atinge o seu ponto máximo.

Concluindo, de uma "suposição" passamos para uma discriminação pelo pré-conceito, isto é, por um conceito construído antes do conhecimento de causa, e neste caso, desconhecimento de uma realidade, diriamos aqui, social - a Igreja, os crentes.

Se nos recordarmos dos escritos da nossa geração de ouro - Guerra Junqueiro, Antero de Quental, Eça de Queiroz, vemos que os argumentos hoje não diferem dos destes...
Mas já passaram mais de 70 anos e um concílio...

Saudações,
Paulo Campos

PS - Em relação às freiras, não critico a expressão "casadas com Deus" (que, em linguagem de crente, tem a sua simbologia) - o que critico - e foi a minha interpretação imediata - é que Jorge Fiel afirma que elas são (sublinhe-se a seguinte palavra) obrigadas a ser celibatárias por causa disso... o que é ridículo...

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