E, por fim, Deus regressa
carregado de intimidade e de imprevisto
já olhado de cima pelos séculos
humilde medida de um oral silêncio
que pensámos destinado a perder
carregado de intimidade e de imprevisto
já olhado de cima pelos séculos
humilde medida de um oral silêncio
que pensámos destinado a perder
Eis que Deus sobe a escada íngreme
mil vezes por nós repetida
e se detém à espera sem nenhuma impaciência
com a brandura de um cordeiro doente
mil vezes por nós repetida
e se detém à espera sem nenhuma impaciência
com a brandura de um cordeiro doente
Qual de nós dois é a sombra do outro?
Mesmo se piedade alguma conservar os mapas
desceremos quase a seguir
desmedidos e vazios
como o tronco de uma árvore
Mesmo se piedade alguma conservar os mapas
desceremos quase a seguir
desmedidos e vazios
como o tronco de uma árvore
O mistério está todo na infância:
é preciso que o homem siga
o que há de mais luminoso
à maneira da criança futura
é preciso que o homem siga
o que há de mais luminoso
à maneira da criança futura
José Tolentino Mendonça
Este poema é hoje apresentado ao Papa, no início da exposição “O esplendor da verdade, a beleza da caridade”, que vai estar patente até 4 de Setembro, na Cidade do Vaticano (átrio da sala Paulo VI). A iniciativa insere-se nas comemorações do 60.º aniversário da ordenação sacerdotal de Joseph Ratzinger (29 de Junho de 1951), incluindo trabalhos de pintura, escultura, fotografia, poesia, música, e outras artes de seis dezenas de artistas de vários países, entre os quais está o padre e poeta português. Li aqui.
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