segunda-feira, 6 de junho de 2011

A ingenuidade perigosa da abertura ao mundo



Vai ser leitura nos próximos dias, um artigo por dia. O tema do último número em português desta revista fundada por Urs von Balthasar, J. Ratzinger e H. de Lubac é "Novos olhares sobre a Igreja". Vou lê-lo todo, provavelmente ao ritmo de um artigo por dia, e aqui darei conta do que de mais interpelante encontrar. Na minha perspectiva, claro.
Para já, li o artigo de D. Claude Dagens, bispo de Angoulême (já aqui apareceu), "Breve meditação sobre a visibilidade da Igreja. Ver a Igreja com os olhos da fé". Tenho de o ler outra vez, porque à primeira leitura não encontrei nada de muito interessante na prosa deste bispo que é muito apreciado pela intelectualidade francesa. Pelo menos é membro da Academia. Talvez esta afirmação:
"A Igreja só pode, portanto, ser aberta, não exactamente ao mundo, como por vezes se afirmou com uma ingenuidade perigosa, mas, num único movimento, ao mistério de Deus que vem Ele próprio enmtrergar-ser aos homens, em Cristo, e àquilo a que se pode chamar o «mistério do homem», que só se esclarece verdadeiramente no mistério do Verbo incarnado (GS 22)".
Registo a expressão "ingenuidade perigosa" referida à abertura da Igreja ao mundo. Alguns leitores deste blogue, a julgar pelos comentários, apontam-me com frequência ingenuidades perigosas nos pontos de vista aqui expressos. Mas gostava de saber o que ele entende por "mistério do homem" e como se abre a Igreja a ele sem se abrir ao mundo. D. Dagens não explica. Se a Igreja se casa com o mundo, depressa dá divórcio, bem sei. Isso nunca. Mas não sei como é que a Igreja há-de ser sinal, farol (não é a luz), ser significativa para os homens e mulheres sem falar com eles. E sem abertura, como pode falar e ouvir? Só falar?

5 comentários:

Anónimo disse...

Por vezes é mesmo preciso arriscar a ingenuidade... Que eu saiba nenhum sistema fechado tem vida.

Anónimo disse...

Infelizmente, a Communio deixou de ser o que era. A Teologia, que devia ser um espaço de liberdade crítica, tornou-se maçadora, repetiva, como pouco sabor a Espírito libertador. A Teologia acaba por ser um reflexo da vida eclesial.

Lucy disse...

Só tenho a agradecer a sua "ingenuidade perigosa" e desejar que continue.

maria disse...

"A Teologia acaba por ser um reflexo da vida eclesial."

É inevitável que o seja. Mas se se fica só por aí...

Anónimo disse...

O problema é mesmo esse: aceitar ficar só por aí. Estamos já no fim da Primavera, mas a Teologia ainda respira a invernia que se sente na Igreja. Até quando?

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