Ambrose Bierce nasceu no dia 24 de Junho de 1842 e morreu no dia 26 de Dezembro de 1913. Jornalista e escritor, é autor do “Dicionário do Diabo” (1911), um conjunto de definições sobre o ser humano cheias de ironia, cinismo, sarcasmo e sardonismo. Algumas dizem respeito a temas religiosos, como estas que aqui recolho (mesmo que não se concorde nada com elas, fazem pensar):
Um santo é um pecador morto, revisto e corrigido.
Nada é mais lógico do que a perseguição. A tolerância religiosa é uma espécie de falta de fé.
Orar. Pedir que as leis do universo sejam anuladas em favor de um único postulante, que se confessa indigno.
Cristão. Alguém que acredita que o Novo Testamento seja um livro inspirado por Deus, admiravelmente adaptado às necessidades espirituais do seu próximo.
A morte não é o fim. Resta sempre a luta pelo espólio.
Pedir perdão é assentar o terreno para futuras ofensas.
Arrependimento: um sentimento que raramente incomoda as pessoas antes de começarem a sofrer.
Diabo: o autor de todos os nossos infortúnios e proprietário de todas as coisas boas deste mundo.
Esquecimento: um dom concedido por Deus aos devedores, para compensar o facto de serem destituídos de consciência.
Fé: crença, não baseada em provas, no que é contado por alguém que fala sem conhecimento de coisas sem paralelo.
Mortalidade: a parte da imortalidade que já conhecemos.
Ócio: uma quinta-modelo na qual o Diabo experimenta as sementes de novos pecados e cultiva os vícios de primeira necessidade.
Proibido: dotado de um novo e irresistível encanto.
Religião: uma filha da Esperança e do Medo, que explica à Ignorância a natureza do Desconhecido.
Religiosidade: reverência pelo Ser Supremo, baseada na Sua suposta semelhança com o Homem.
1 comentário:
Esta está boa. Se reflectirmos hoje, no mundo ocidental, grande parte da humanidade vive com estes princípios: agnosticismo, ateísmo. O Papa tem falado bastante desta matéria nos últimos tempos. Ontem o bispo de Fátima (de quem não são muito apreciador) referia isso mesmo: sem Deus vive-se na escravidão. Mas não podemos esconder os factos. Este post (excelente) é um retrato de muita da nossa sociedade e a realidade ninguém a pode esconder. Hoje muitos não acreditam em nada, excepto em si mesmos.
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