terça-feira, 8 de março de 2011

15 livros que estão a estragar o mundo



Quem gosta de livros dificilmente resiste a um título como este: “Dez livros que estragaram o mundo”. Subtítulo: “E mais cinco que também não ajudaram nada” (ed. Alêtheia). Pensamos logo: Quais são? Quais deles já li? Quais deles estão na minha estante? Quais deles repudiei? Quais deles me influenciaram? A resposta a esta última pergunta é simples: quase todos. O mundo todo está influenciado por muitos deles. Todos nós incluídos. Não há redomas que nos livrem da sua influência – alerta o autor, Benjamin Wiker, um “eticista” (formado em ética teológica) católico norte-americano.

Os cinco que “não ajudaram nada" são:
“O Príncipe”, de Maquiavel
“O Discurso do Método”, de Descartes
“Leviatã”, de Hobbes
“Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, de Jean-Jacques Rousseau
 “A mística feminina”, de Betty Friedan

Os dez que estragaram o mundo (no interior do livro, no topo de cada página, diz-se antes que “destruíram o mundo”) são:
“Manifesto do Partido Comunista”, de Marx e Engels
“Utilitarismo”, de John Stuart Mill
“A Ascendência do Homem”, de Charles Darwin
“Para além do bem e do mal”, de Nietzsche
“O Estado e a Revolução”, de Lenine
“O Eixo da Civilização”, de Margaret Sanger
“Mein Kampf”, de Hitler
“O futuro de uma ilusão”, de Freud
“Crescer em Samoa”, de Margaret Mead
“O Comportamento Sexual dos Homens”, de Alfred Kinsey.

Cada título mereceria várias linhas de resumo, se bem que as ideias básicas de cada um fazem parte da cultura geral. Eu não conhecia o livro “O Eixo da Civilização”, de Margaret Sanger, mas rapidamente verifiquei que, além de defender o controlo da natalidade (está na origem da Associação Americana do Planeamento Familiar), o que por si pode não ser negativo, a autora era uma defensora do eugenismo, ainda antes de Hitler, e da esterilização dos “débeis mentais”.

Mesmo antes da leitura do livro sobre os livros e dos livros em si, fica a pergunta: o que fazer com estes 15 livros? Queimá-los? O autor responde: “Nem pensar nisso! Trata-se de uma proposta indefensável, quanto mais não seja por razões ambientais. Há muito tempo que cheguei à conclusão de que a melhor solução – a única solução possível (…) – é lê-los, conhecê-los de trás para a frente e da frente para trás, extirpar o seu coração maligno e dá-lo a conhecer ao mundo”. É isso o que faz neste livro informado, crítico e saudavelmente demolidor.


5 comentários:

Vítor Mácula disse...

Caro Jorge

Percebe-se a ideia de estragar o magnifico mundo anterior à “modernidade”, para fins publicitários, o que, das duas uma, só pode advir de:

- publicidade para venda do livro, em grito de contenda e desastre, o que atrai sempre a turba em nós, como os big brothers e os acidentes de viação, e que não tenha relação consistente com o sentido geral da obra;

- sentido geral da própria obra, e então publicidade a um “mundo” não estragado, supostamente anterior; talvez se trate da magnifica “cristandade” ocidental pré-moderna, que contendo na sua complexa diversidade, coisas magnificas mescladas com coisas hediondas, não pode ser apresentada simplesmente como “mundo maravilhoso” que a modernidade veio estragar, a não ser a cobro de falsidades históricas e filosóficas que servem ideologias disfarçadas no seu simplismo propagandístico.

É uma das técnicas do “príncipe” (falsificar para reinar), analisada por Machiavellli, e já agora, isto exige aqui um pequeno excurso mesmo a propósito: para ter-se ideia adequada do pensamento de Machiavelli, deve-se ler também as Histórias Florentinas e o Discurso Sobre a Primeira Década de Tito Lívio, o que o mostra como totalmente avesso a poderes totalitários e defensor de um equilíbrio entre as três instâncias básicas de constituição social: o povo, a “inteligentsia” e o Estado (ou o Príncipe); claro que como objecto desta aversão pelo poder totalitário, faz parte a pretensão de catolicidade política e civil da Igreja Romana, motivo para que a redução da sua obra a uma espécie de defesa política de “os fins justificam os meios” seja apanágio desta mesma adversidade: é que tem de se denegrir e apoucar a obra e vida dos “adversários”, de Epicuro a Deleuze, passando por esta famigerada lista de livros que “destruíram” o “mundo”; o facto de Machiavelli ter analisado com lucidez gritante o que o poder central de Estado tem por costume histórico fazer, como aliás se pode continuar a verificar hoje em dia nos Estados contemporâneos, é uma nota de rodapé que não vinga na “cultura geral”, o que é natural: esta, juntamente com o senso comum, não passam de epifenómenos de ideologias passadas ou vigentes.

Nada disto significa que a modernidade seja um mundo magnífico que veio destronar o pavoroso mundo anterior; bem pelo contrário: são estes simplismos ideológicos que devem ser rechaçados eticamente, venham de onde vierem, com as suas interpretações dicotómicas da História dos factos, actos e ideias.

Eis um livro que lerei com todo o interesse, nem que seja para ver até que ponto é que estou ou não ideologicamente equivocado nesta súbita e primeira impressão ;)

saudações

Anónimo disse...

E' bom que tu leias o livro, porque desconstroi exatamente esse dogmatismo illuminista que defendes,a pretexto de defender a liberdade contra "pretensoes catolicas". A volta que o livro prega nao e' a uma era crista idilica, mas aos principios, que a filosofia desses autores desconstruiu junto com um mundo que eles queriam modificar. Foi exatamente o que parte do jogo iluminista fez, ao designar a idade media de "idade media" e apelar para uma volta ao paganismo.

Joaquim Dias disse...

"Malleus Maleficarum" foi uma obra educativa... perdoe a ironia!

Jorge Pires Ferreira disse...

Mas tenha em contra que o "Martelo das Bruxas", embora escrito por dois dominicanos e sendo uma obra muito popular também entre protestantes, nunca foi aprovado pela Igreja católica. Reprovou numa prova na Universidade de Colónia, foi colocado no Index e perseguido pela Inquisição.

Anónimo disse...

ai que mentira horrorosa a opção pela mentira é o coração sangrento que deve ser extirpado do meio de nós humanos insanos e será ou não há futuro que nos aguarde a nós. a fé profissional é um cancer da alma e en breve atingirá estado terminalmatando a alma iremos amargamente nos arr´pender de não evitar eticamente como disse a voz do bom censo essas criaturas medonhas que de toda maneira tentam que convivamos em paz com os terriveis erros que até hj cometem como se tivessem tal dieito essa gente que nos condena quem são para condenar o paganismo ou qualquer outro preceito pq não coaduna com seus desígnios de tomar o mundo todo de volta. ainda bem que essa obra torpe não tem im´portancia nem terá felizmente ainda bem se esse novo martelo ganha força seria as trevas de novo o deus e a deusa não hão de permitir tal infamia já a lista que elencou...

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