segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ninguém teme a justiça

Bráulio se Saragoça e Isidoro de Sevilha

Um texto com 14 séculos de actualidade:

A avareza passou a ser senhora, e a lei a ser apenas a da ganância e do lucro. Os direitos ficaram sem valor, os prémios e as “cunhas” foram aumentando até virem a substituir a própria lei e o próprio direito. Onde venceram o poder e o dinheiro, aí ficou corrompida a justiça. Ninguém teme a justiça, porque os vícios continuam sem castigo, ninguém censura os criminosos, e aos malvados nada de mau lhes acontece. Os maus arranjam-se bem e até sobem a postos de governo e são sacrificados os inocentes, a quem não se dá a oportunidade de falar ou de se defender. Os honestos vivem na pobreza e os maus na abundância, podendo os criminosos fazer tudo o que lhes apetece.

Os justos passam dificuldades e os maus têm todas as honras; os justos são desprezados e os maus passeiam contentes na vida. Os justos levam uma vida triste e os ímpios amesquinham os justos com o seu poder.

Os bons são prejudicados pelos maus, enquanto os malvados são elogiados. Tantas vezes, os inocentes morrem como culpados por sentenças injustas, julgados por testemunhas e juízes sem escrúpulos, enquanto se arquivam impunemente os processos forenses daqueles réus que são tidos como criminosos pela opinião pública.

Isidoro de Sevilha (560 - 636)

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