A melancolia é o fundamento profano a partir do qual desponta o sagrado. A nossa esperança na validade desta alegação é o que mantém a maioria de nós ternamente predispostos para com a tristeza dos outros, por mais indulgentes que eles sejam, e para as sombras do nosso coração, por maior que seja a dor. Temos fé de que o desânimo conduza à afirmação. Se continuarmos a viver sem acolhermos a escuridão, então só nos resta a mais horrenda das situações: o sofrimento não tem significado. Se isto for verdade, é provável que não consigamos persistir. Precisamos de acreditar que a nossa sombra gera a luz. Temos de manter esta posição. Aceitar o que nos é dado, agarrar graciosamente a gravidade das coisas, dizer sim ao ameaçador não.
In "Contra a felicidade. Em defesa da melancolia" (ed. Estrela Polar), de Eric G. Wilson. Pág. 106.
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