"Quando empunhamos um jornal de pernas para o ar, vemos as formas estranhas dos caracteres impressos. Quando o pomos direito, não vemos mais os caracteres, vemos palavras. O passageiro de um barco apanhado por uma tempestade sente cada balanço como um estremecimento das suas entranhas. Só o capitão percebe a combinação complexa do vento, das correntes, do tamanho das vagas, com a disposição do barco, a sua forma, o seu velame, a orientação do seu leme.
Como se aprende a ler, como se aprende um ofício, da mesma forma se aprende a sentir em cada coisa, antes de tudo e quase unicamente, a obediência do universo a Deus".
Simone Weil, in “Espera de Deus” (Ed. Assírio & Alvim), pág. 119