segunda-feira, 13 de julho de 2009

Editoral do "Público" destaca encíclica de Bento XVI

No “Público” de hoje, José Manuel Fernandes (JMF) escreve no “Editorial” sobre “aquilo que interessa no mundo”. Refere dois acontecimentos: a publicação da encíclica social de Bento XVI e o discurso de Obama, sem os complexos de colonização, no Gana. O destaque vai para a “Caritas in Veritate” (JMF promete continuar amanhã). O texto é reservado a assinantes no “Público” online. Mas deixo aqui uns excertos:

“Do muito que se deverá escrever e debater sobre o conteúdo deste documento, dois aspectos merecem especial destaque. O primeiro é a clarificação de que a doutrina social da Igreja não se opõe à economia de mercado, nem impõe uma economia comandada, isto é, não é anticapitalista, como por vezes é interpretada. O segundo é a clareza com que aborda a falência das instituições multilaterais, das Nações Unidas às diferentes organizações de cooperação económica”.

“No centro desta encíclica está o conceito de «responsabilidade», infelizmente muito em desuso: «O desenvolvimento humano integral supõe a liberdade responsável da pessoa e dos povos: nenhuma estrutura pode garantir tal desenvolvimento, prescindindo e sobrepondo-se à responsabilidade humana», escreve Bento XVI”.

“[Bento XVI] considera que, «perante o crescimento incessante da interdependência mundial, sente-se imenso – mesno no meio de uma recessão igualmente mundial – a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas, quer da arquitectura económica e financeira internacional». No fundo «um grau superior de ordenamento internacional de tipo subsidiário para o governo da globalização»”.

E JMF remata: “Algo que não é o G8, mas talvez possa ter como embrião o G20. Não está escrito, mas está nas entrelinhas”.


Dois comentários. Não me parece que a não oposição à economia de mercado seja uma novidade (já estava claramente dito na “Centesimus Annus”, de 1991, e quase nunca a doutrina social teve simpatias pelas economias dirigidas, embora não descure a intervenção do Estado na distribuição da riqueza e nas questões graves como a do emprego/desemprego; ver a “Laborem Exercens”, de 1981). Já quanto à falência das instituições, tendo em conta que a DSI foi sempre internacionalista, ou seja, olha positivamente para as instituições que sentem à mesma mesa várias nações, será aspecto a analisar com atenção.

Mas é significativo que um jornal nacional de referência chame para o editorial este assunto. Da imprensa que tenho lido, o "Público" foi o único órgão nacional que deu espaço relevante ao documento papal.


500 anos de Calvino

Ainda no “Público”, mas no P2 de 11 de Julho, dois textos de António Marujo a ler com atenção, a propósito dos 500 anos do nascimento de João Calvino (10 de Julho de 1509): a entrevista a Dimas de Almeida e o esboço biográfico do reformador. Aqui.

Há um sínodo?

O sínodo que está a decorrer em Roma é de uma probreza que nem franciscana é. Ou há lá coisas muito interessantes que não saem para fora ou ...