Referi como “clássico” o livro “O Caminho da Esperança”, de Nguyen Van Thuan. E é-o, pela afirmação da Presença contra a solidão mais atroz. Pela escrita longamente meditada. Pela mensagem perene.
Na encíclica “Spe Salvi”, Bento XVI invoca o cardeal vietnamita: “O orante jamais está totalmente só. Dos seus 13 anos de prisão, 9 dos quais em isolamento, o inesquecível Cardeal Nguyen Van Thuan deixou-nos um livrinho precioso: Orações de esperança. Durante 13 anos de prisão, numa situação de desespero aparentemente total, a escuta de Deus, o poder falar-Lhe, tornou-se para ele uma força crescente de esperança, que, depois da sua libertação, lhe permitiu ser para os homens em todo o mundo uma testemunha da esperança, daquela grande esperança que não declina, mesmo nas noites da solidão” (n.º 32).
Quero acrescentar um livro mais recente deste cardeal que chegou a presidir ao Conselho Pontifício «Justiça e Paz», “Cinco pães e dois peixes” (ed. Paulinas), o qual, aliás, já neste blogue foi citado (aqui e aqui). O título remete para a passagem evangélica proclamada no domingo passado. Neste livrinho de 92 páginas sobressai uma fé simples e profunda que ilumina mais do que um bom ensaio de Teologia (mas os bons ensaios de Teologia são tão necessários). O título refere-se a estes pães e peixes:
1. Pão da esperança que o libertou da angústia da expectativa da libertação
2. Pão da fé, que operou nele uma verdadeira conversão
3. Pão da oração, que no meio da “noite escura” assegura a Presença
4. Pão eucarístico, “capaz de renovar a humanidade”
5. Pão do amor, linguagem que a todos “contaminou” na prisão
6. Peixe do amor filial a Maria
7. Peixe do seguimento de Jesus.
Há no livro uma história do “velho Jim” que mostra bem a essência do cristianismo. Espero transcrevê-la aqui muito proximamente.